A Cigarra e a Orquestra

Andersen Viana[1]

“A Cigarra e a Orquestra” apresenta os principais instrumentos musicais de uma orquestra de forma lĂșdica, como personagens de uma fĂĄbula, narrada por uma atriz-cantora.Os primeiros textos que geraram esta obra foram escritos em 1992. Houve uma preocupação e um cuidado em se fazer a obra com coerĂȘncia entre texto e mĂșsica. AlĂ©m disto, a estrutura lĂ­tero-musical foi pensada para que pudesse ser analisada didaticamente. Finalmente, em 2006, a obra foi concluĂ­da. A longa espera tambĂ©m foi devida ao fato de “A Cigarra e a Orquestra” ter como antecessoras: “Pedro e o Lobo” de S.Prokofiev, “Guia Orquestral para a Juventude” de B.Britten e “O Carnaval dos Animais” de C.Saint-SaĂ«ns.  O que por si jĂĄ era um grande desafio.

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Aula-concerto

A estrĂ©ia da obra aconteceu em 2006, no Centro Cultural ZĂ© Delfino Catarina, em Belo Horizonte, e nesse ano, foi apresentada em diversos espaços na cidade. Em maio e junho de 2008, foram realizadas apresentaçÔes e debates em escolas pĂșblicas e privadas do ensino fundamental em Belo Horizonte, Betim e Contagem, utilizando o registro em DVD com retorno positivo por parte da grande maioria dos alunos e professores, mesmo aqueles que tiveram acesso a uma orquestra pela primeira vez.

Apoio

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“A Cigarra e a Orquestra” tem recebido estĂ­mulo e apoio de organismos pĂșblicos e privados de fomento. A obra tem despertado interesse, inclusive, de profissionais e instituiçÔes internacionais. Afinal, trata-se de uma introdução aos variados gĂȘneros musicais – e neste aspecto sobressai-se a brasilidade inserida no contexto da mĂșsica internacional -, bem como aos instrumentos tradicionais de uma orquestra, que, apesar de todos os avanços tecnolĂłgicos contemporĂąneos, permanece inalterada desde o romantismo atĂ© nossos dias. Espera-se que no futuro – prĂłximo ou longĂ­nquo – o texto da obra esteja disponĂ­vel em espanhol, inglĂȘs, italiano, francĂȘs, alemĂŁo e outras lĂ­nguas.

Lei

O Senado Federal aprovou em 2007 o projeto de lei(2732/2008), que torna obrigatĂłrio o retorno do ensino de mĂșsica nas escolas brasileiras. Com raras exceçÔes, a maioria das instituiçÔes de ensino no Brasil nĂŁo estĂĄ devidamente preparada para cumprir a nova atribuição. Por outro lado as Escolas de MĂșsica no Brasil, em sua maioria, enfocam teorias e prĂĄticas que pouco tem a ver com a nova realidade e necessidade educacional-musical do paĂ­s. Com a nova legislação, haverĂĄ carĂȘncia de professores especializados para este grande desafio. Neste contexto, “A Cigarra e a Orquestra” insere-se como elemento didĂĄtico importante para a iniciação musical na ĂĄrea educacional, atendendo a legislação com criatividade e qualidade.

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Endorsement

Poderia finalizar com as palavras da Profa. Dra. Sandra Loureiro de Freitas Reis que escreveu o texto abaixo pouco antes de falecer neste ano de 2008: “A Cigarra e a Orquestra Ă© um trabalho de grande riqueza. O texto, o roteiro, a mĂșsica  e a produção, elaborados por Andersen Viana num trabalho didĂĄtico primoroso com uma pequena orquestra, retrata  as possibilidades  e dificuldades materiais de nossa realidade educacional. No entanto, demonstra que muito pode ser feito com poucos e modestos meios quando  se tem imaginação, conhecimento  e capacidade criadora.

Vislumbro um valor na obra nĂŁo apenas sob o ponto de vista  pedagĂłgico. Sob este Ăąngulo, mereceria constar, por indicação do MinistĂ©rio da Educação, do curriculum de todas as Escolas PĂșblicas – Ensino BĂĄsico, Fundamental e Superior – visto que as reflexĂ”es cabĂ­veis no campo da apreciação musical podem ser realizadas sob a perspectiva dos vĂĄrios nĂ­veis de consciĂȘncia, desde o mais elementar atĂ© a PĂłs-Graduação. A utilização mais ou menos eficaz da obra na Escola PĂșblica vai tambĂ©m depender da imaginação, conhecimento, percepção criadora e habilidades pedagĂłgicas do professor, visto que material rico, sutil e diversificado podemos encontrar na fĂĄbula musical “A Cigarra e a Orquestra”.

A exploração dos sĂ­mbolos pode nos levar desde a simplicidade com que apreciamos uma fĂĄbula atĂ© a reflexĂŁo metafĂ­sica baseada nos signos escolhidos, sem deixar de mencionar que a obra, alĂ©m de seu valor estĂ©tico,  é uma aula preciosa e bastante eficiente sobre os instrumentos da orquestra, timbres, formas e modos de estabelecer o discurso musical como narração descritiva de uma estĂłria inserida num contexto especĂ­fico bastante significativo sob o ponto de vista psicolĂłgico-sĂłcio-polĂ­tico-educacional. Sob o ponto de vista musical, senti que o compositor explorou, com a naturalidade de quem conhece o metier, vĂĄrios estilos e gĂȘneros, perpassando pela mĂșsica popular e pela mĂșsica erudita, criando uma atmosfera bem brasileira que pode ser dissecada profundamente, numa anĂĄlise musical comparativa, tambĂ©m Ă  luz da  intersemiose.  É mĂșsica sĂĄbia para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Para mĂșsicos profissionais e amadores.”

[1]

*Maestro-compositor, professor-doutor e produtor cultural brasileiro. Estudou em diversas instituiçÔes no Brasil, ItĂĄlia e SuĂ©cia: UFMG, UFBA, Accademia Filarmonica di Bologna, Arts Academy of Rome, Accademia Chigiana di Siena e Royal College of Music – Estocolmo. Especializou-se na ItĂĄlia em mĂșsica para cinema com Morricone e Polizzi. FreqĂŒentou tambĂ©m os seminĂĄrios sobre cinema e mĂșsica com Ettore Scola, Giuseppe Tornatore, Armando Trovaiolli e oficinas de roteiros cinematogrĂĄficos, textos e cinema com Paulo Halm, Claudio MacDowell, Ana Miranda. Por sua obra musical recebeu dezenove premiaçÔes nacionais e internacionais. Seu catĂĄlogo atual consta de 266 obras musicais. Tem desenvolvido projetos artĂ­sticos e culturais nos seguintes paĂ­ses: Brasil, SuĂ©cia, ItĂĄlia, EUA, RĂșssia, RepĂșblica Tcheca, Honduras, Reino Unido, Portugal, GrĂ©cia e BĂ©lgica.

Site: www.andersen.mus.br

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Outros links do mesmo autor:

www.youtube.com/user/TheAmadeusProd

http://acigarraeaorquestra.blogspot.com