" A DESCENDÊNCIA DE CAIM "

“A  DESCENDÊNCIA  DE  CAIM“

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Deus, após ter criado a Terra e tê-la preenchida com indescritível beleza e fartura, entregou-a ao Homem. Entretanto, uma simplória serpente fez o Homem perder os encantos paradisíacos do Éden, concebidos pelo Senhor Deus, para o seu uso e sustento eternos. Curiosamente foi um réptil a causa de todo o infortúnio dos seres humanos. Assim, todos nós passamos a conhecer o sofrimento, a dor, a violência e a finitude, com a morte.

Decadentes, perambulando em um mundo, agora inóspito para eles, Adão e Eva conceberam Caim e Abel. Caim, por motivo fútil, a inveja, assassinou o seu irmão Abel, com requinte de crueldade. Foragido de Deus, Caim saiu a produzir a nossa descendência, obviamente, de modo incestuoso.

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Nota-se, pois, que sob o prisma religioso a gênese dos humanos não é de  boa procedência!  Ao analisarmos o Velho e o Novo Testamento, veremos que a história dos homens está eivada de agressividade e violência que se estendem até aos nossos dias. Não foi só no início da Criação que Deus viu a maldade do homem. A frustração do Criador com a sua criatura não se limitou, apenas, ao início, com Adão e Eva, quando os expulsou do Paraíso,condenando-os às vicissitudes e à morte. A insatisfação divina com a sua obra repetiu-se muitas vezes com Caim, Lameque, Sodoma, em Gomorra, no dilúvio, na crucificação do seu Filho Amado; além de outras ocasiões. “Deus viu que a maldade do Homem era abundante na Terra e que toda inclinação dos pensamentos do seu coração era só má, todo o tempo”(Gênese,5:12). Imaginemos a grande mágoa do Todo Poderoso com os mais de 6.000.000.000  de filhos de Caim que, hoje, habitam o mundo !  Calculemos o desapontamento que deve sentir o Criador de todas as coisas, com o comportamento atual de suas criaturas. Os crimes escabrosos que acontecem, ininterruptamente, contra as crianças, os idosos, os inválidos, as mulheres e os humildes. A violência dos povos, materialmente ricos, contra os menos afortunados! Os atentados de toda ordem, contra as pessoas e o meio ambiente; a iniqüidade dos políticos, governantes e autoridades em geral! Enfim, a “desumanidade” dos homens, cronificada em todos os recantos do Globo. No nosso caso, o Brasil, ao contrário do que dizem os ociosos e imprecavidos, Deus não parece ser tão brasileiro assim! Além da descendência espúria de Caim, flagelou-nos mais ainda com os genes de degradados colonizadores que aportaram na Terra de Santa Cruz, confinados pela Corte Portuguesa, alguns  séculos atrás. A índole “ordeira” e “pacífica” do nosso povo, não passa de uma falácia estimulada e propagada por políticos e governantes espertalhões, interessados na exploração infindável de um povo cujo genoma tem todos os ingredientes para levá-lo a uma explosão desenfreada de violência. Os primeiros sintomas dessa hereditariedade nefasta, até então contida e disfarçada pela tal “índole ordeira”, começa a se fazer sentir na violência crescente em todas as cidades brasileiras, algumas até, se tornando inviáveis. A nossa índole genética  nos faz prever que, caso continuemos a receber estímulos negativos provindos da  fome,miséria,injustiça , insegurança e os péssimos exemplos dos nossos políticos, governantes,autoridades, da televisão,cinema,teatro,revistas,jornais e muitos outros modelos públicos de conduta nociva à mente (como há séculos estamos recebendo); o Brasil tornar-se-á um imenso barril de pólvora...com o pavio aceso! Sob o enfoque científico, a vida sobre a terra se originou da poeira estelar, há quase 4 bilhões de anos, quando átomos dispersos de carbono,oxigênio e nitrogênio se uniram,formando os hidrocarbonetos. Dos hidrocarbonetos resultaram os compostos orgânicos que originaram as proteínas, que são as moléculas básicas da Vida. As proteínas formaram as substâncias coloidais que nas águas férteis dos mares primitivos formaram os coacervados. Estes, por suas notáveis propriedades físico-químicas, deram o grande “salto” existencial entre a matéria inanimada e a vida (A.I.Oparine, URSS, 1965).

Naquele princípio, os organismos vivos eram muito diferenciados e aqueles cujas células foram envolvidas com celulose tornaram-se rígidos e imóveis, constituindo-se nos primeiros vegetais. Os outros, que tiveram as suas células impregnadas de proteínas, lipídios e carboidratos, continuaram móveis e maleáveis, aptos à locomoção, como os animais. Os seres vegetais pouco evoluíram até aos nossos dias, devido a rigidez de sua constituição estrutural. Os animais, ao contrário, não pararam de se multiplicar, evoluindo e se aprimorando através de espécies cada vez mais complexas e inteligentes, até ao Homem, considerado o “topo” da evolução animal. Nos primórdios da vida, na Era Eozóica, os animais eram constituídos de uma única célula, semelhantes aos protozoários, como as amebas e as bactérias. Algumas cepas desses protozoários originais se organizaram em colônias simbióticas, resultando daí, há cerca de 1 bilhão de anos, na Era Paleozóica, os organismos pluricelulares. Muitos desses seres evoluíram, tomando as diferentes formas de animais que hoje conhecemos inclusive nós, os humanos. De acordo com os estudiosos dessa área, há uns 500 bilhões de anos, no Período Cambriano, apareceram os primeiros animais invertebrados, assim chamados por não possuírem uma estrutura óssea interna, como as minhocas, os vermes e os insetos. Há 400 milhões de ano, no Período Siluriano, surgiram os vertebrados, trazendo uma grande novidade: o seu arcabouço ósseo interno: o esqueleto. Esses vertebrados, em sua maioria, eram os peixes primitivos. Com os peixes, podemos dizer que o cérebro fez a sua triunfal aparição, pela primeira vez, na face da terra. Obviamente, não era um cérebro completo, como o dos primatas; ou mesmo razoável como o de um mamífero inferior. Mas, sem sombra de dúvida, já era um bom começo para o longo caminho da cerebralização que, naquele momento se iniciava rumo ao nível mental superior do animal humano.

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No Período Carbonífero, há 300 milhões de anos, surgiram os animais anfíbios; isto é, aqueles que podem viver na água e em terra. Evidentemente, não foram todos os peixes daquela longínqua Era que se tornaram anfíbios. Se isso tivesse acontecido, naturalmente não teríamos os peixes contemporâneos e nem pescadores. Somente um determinado tipo de peixes, denominado Crossopterígeos, conseguiu sair da água para o solo, explorando de forma tímida, o novo ambiente. Muitos deles retornaram ao habitat original. Entretanto, alguns mais competentes, conseguiram se adaptar à vida terrestre. Foi, assim, que os Crossopterígeos transformaram-se em primeiros seres anfíbios.

Após 50 milhões de anos do surgimento dos anfíbios, alguns destes se fixaram definitivamente no solo, não mais dependentes da água. Esses antigos anfíbios se transformaram nos  mais variados tipos de répteis primitivos e atuais. Os répteis apresentavam um maior desenvolvimento cerebral, possuindo uma camada delgada de neurônios que envolveu o seu cérebro, a qual se denominou de córtex cerebral . O córtex veio lhe conferir um pequeno status mental, tendo em vista que a área cortical é a sede da inteligência e da abstração. Por ter ganhado um pouco de compreensão, é que existem muitas lendas e mitos sobre cobras e dragões. No período seguinte, no Cretáceo, há uns 60 milhões de anos atrás, surgiram as aves, da transformação  de alguns tipos de répteis, como os dinossauros. Outros répteis evoluíram para uma nova espécie, que viria mais tarde, revolucionar e conquistar o mundo; dominando e se salientando entre os demais viventes: os Mamíferos. Estes predestinados surgiram no Período Terciário, cerca de 40 milhões de anos atrás. A notável e rápida expansão dos mamíferos e o seu completo domínio sobre as demais espécies deveram-se ao fantástico desenvolvimento do cérebro que, com eles, teve início. Os mamíferos ganharam na evolução, novas camadas de neurônios em seu córtex cerebral, formando, assim, um novo córtex: o Neocórtex. Este feliz acontecimento tornou-se a “pedra-angular” da revolução cerebral e da inteligência. Houve expansão das chamadas áreas de associação cerebral, propiciando aos mamíferos, mais inteligência que os seus antecessores répteis; inclusive, fornecendo-lhes os rudimentos do pensamento abstrato e da intuição. Deve-se salientar que esses aprimoramentos no cérebro, no decurso da evolução de uma espécie para a outra, não aconteceram em curto prazo. Cada sucessão evolutiva dos organismos e dos seus cérebros exigiu muitos milhões de anos. Continuando a evolução, os mamíferos foram se diferenciando a passos largos dos seus ancestrais. Alguns deles permaneceram estacionados em seus estágios iniciais, como os mamíferos inferiores atuais. Alguns, ainda, evoluíram para símios e primatas; sedo esta última a categoria que engloba os chimpanzés, orangotangos, gorilas e o homem. Mas, nem todos os macacos superiores continuaram evoluindo. Muitos primatas permaneceram como macacos até hoje.  Um grupo privilegiado de macacos superiores, por força de peculiaridades particulares, evoluiu para humanóides, constituindo-se no primeiro grupo social humano. Os indivíduos com características humanas surgiram no Período Quaternário, há alguns poucos milhões de anos. Os primatas humanóides continuaram evoluindo até o estágio atual do homem moderno que, deixando de lado a modéstia, se auto-intitulou de “Homo sapiens sapiens” (vaidosamente, o homem se achou sábio ao quadrado!). A evolução dos homens representa a história do aperfeiçoamento do seu cérebro. A capacidade intelectual dos humanos, desde o “Homo habilis”, o “Homo erectus”, o “Homo sapiens” e o “Homo sapiens sapiens” expandiu-se na proporção da expansão do seu córtex cerebral ou neocórtex. Os volumes cerebrais médios do “Homo habilis” e do “Homo erectus”, eram de 650 cm3 e 1.000 cm3; respectivamente. Enquanto que o nosso cérebro, hoje, possui um volume médio de 1.600cm3.

As  Raízes  da  Violência

Apesar dos relatos de agressividade e violência apresentados nos Livros Sagrados, quando da criação e nos primeiros tempos dos Homens; não podemos situar nesses episódios bíblicos as origens da violência e da discórdia entre os seres humanos. A Ciência vem tentando demonstrar que a origem do Homem ( e de todos viventes) é o resultado de uma cadeia evolutiva que se iniciou com a matéria inanimada, em sucessivos  aperfeiçoamentos físicos,químicos e biológicos, até aos nossos dias, como procuramos mostrar, de modo muito sucinto neste Trabalho. A Ciência desconhece (e, acredito que jamais venha a conhecer) os fatores ou forças que criaram os átomos ( e partículas sub-atômicas), dos quais é constituída toda matéria que compõe os seres vivos e não-vivos.

Que me perdoem os  homens da Ciência; mas, creio que a matéria-prima de tudo que existe no Universo, foi criada por um Ser Superior que ensejou todas as condições materiais para a geração de todos os componentes do Universo. O Homem teria sido formado nessas circunstâncias; mas, com a intervenção divina; se não, que sentido que teria a vida? Qual o propósito da nossa existência? Que me desculpem; mas Darwin, não tem a razão toda; só uma parte dela!  O Ser supremo garantiu as condições materiais e mentais para que o Homem as utilizasse em seu proveito. O resto seria por sua própria conta (e risco), tal como sucedeu no Jardim do Éden.  Os resultados positivos ou negativos da vida de cada pessoa devem ser creditados ou debitados a ela; sendo de sua única e exclusiva responsabilidade os acertos e falhas de sua conduta terrena. Ao final, cada um de nós, terá de prestar contas ao criador, sobre o que fez da sua existência. Deus não deve ter criado ou mantido nenhum laço de dependência com as suas criaturas, pois lhes dotou com o mais perfeito dos equipamentos logísticos: o Cérebro.

As origens da violência se encontram bem mais perto do homem; do que ele supõe. Na verdade, elas estão mesmo é dentro dele; nos seus dois cérebros inferiores, localizados no encéfalo. Os dois cérebros antigos que vieram dos peixes, anfíbios, répteis e dos mamíferos inferiores, geram a mente arcaica que continua influenciando o nosso comportamento atual. Os acontecimentos pessoais e socioculturais, transformados em impulsos nervosos atingem eletricamente, de forma positiva ou negativa os componentes cerebrais que determinam o comportamento humano. Os estímulos negativos ao atingirem o cérebro, ativam determinadas estruturas que regulam o comportamento agressivo de cada um de nós, provocando os atos violentos. Outros fatores, além dos externos (ambientais), podem suscitar a agressividade. Estes fatores internos capazes de estimular as estruturas cerebrais, são: microorganismos,drogas,álcool,traumatismos encefálicos e as diversas disfunções neuroquímicas. Nesta segunda parte deste trabalho, analisaremos a violência do homem, como corolário da ativação das estruturas cerebrais que regulam o comportamento agressivo e sexual das espécies animais que o precederam na evolução. É uma forma didática para melhor explicarmos e compararmos os atuais comportamentos agressivos e sexuais, com os impulsos mais primordiais que lhes deram origens.

Dos Répteis  ao  Homem

As verdadeiras raízes da violência estão contidas no interior do nosso cérebro, desde que os primeiros répteis surgiram na terra, cerca de 200 milhões de anos atrás, no final do Período Carbonífero. O cérebro dos répteis já apresentava um cérebro mais aprimorado e espesso que o dos seus antecessores peixes e anfíbios. É sabido que a estrutura responsável pela inteligência é o córtex cerebral (embora, sabemos que qualquer atividade cerebral envolve, de forma proporcional à relevância do acontecimento), formado por uma ou mais camadas de neurônios. Quanto mais espesso e denso é o córtex, mais neurônios ele contém; conseqüentemente, mais inteligente será o seu portador. Os répteis, naquela Era, já possuíam um pequeno grau de inteligência; daí a sua influência sobre os nossos cérebros atuais. Os répteis sempre foram os animais mais agressivos da face da terra; haja vista o exemplo dos dinossauros; principalmente do Tyrannossaurus rex, portador de um cérebro razoavelmente bem dotado, que é considerado o animal mais feroz e aterrador conhecido. Não é de se estranhar que os dinossauros tenham reinado de forma absoluta por quase 100 milhões de anos. É lamentável saber e dizer que a violência do homem atual, tem muito a ver com o comportamento agressivo desses nossos antecessores ferozes. Quem primeiro alertou sobre a conexão do homem com esses animais primitivos foi Ernst Haeckel, eminente biólogo e anatomista alemão, do século XIX. Haeckel formulou a hipótese que os animais em formação recapitulam os estágios embrionários que os seus predecessores percorreram ao longo da evolução. Este enunciado ficou conhecido como a Lei de Haeckel, sustentando ele, que a ontogênese recapitula a filogênese. Embora não tenha merecido o reconhecimento geral dos estudiosos da sua época; a formulação de Haeckel continua atraente e sedutora. De fato, o Ser Humano (e, qualquer animal) em seu desenvolvimento embrionário, apresenta grandes semelhanças com os embriões de seus antepassados, conforme se nota nos desenhos feitos por aquele cientista, no século passado. Evidentemente, o cérebro de um embrião humano também atravessa sucessivas fases de transformações semelhantes aos peixes, répteis e mamíferos; assim como aconteceu há milhões de anos, durante as suas transformações evolutivas.

Em 1970, o neurocientista Paul MacLean, chefe de pesquisas dos primatas do Instituto nacional de Saúde Mental, nos EUA, anunciou os resultados dos seus estudos sobre a evolução dos cérebros. MacLean e seus colaboradores, depois de demorados e acurados estudos sobre o comportamento de um grande número de animais diferentes; concluíram que o cérebro humano é constituído de três partes que, embora interligadas, cada uma delas tem a sua própria independência funcional. Verdadeiramente, temos três cérebros em um. São três mentalidades diferentes, com características nervosas, anatômicas e químicas peculiares. O cientista norte-americano acentuou que “olhamos o mundo através de três mentalidades muito diferentes”. Enxergamos o meio ambiente sob três diversas modalidades de vivências, porque o nosso cérebro é regido por mecanismos neurais que outrora, há muitos milhões de anos, comandaram os cérebros dos peixes, dos anfíbios, dos répteis, dos mamíferos inferiores, dos mamíferos superiores e, finalmente, dos homens antigos e atuais.

Por essa razão, acreditamos ser esta a causa de todos os problemas e dilemas dos seres humanos. Os conflitos deflagrados entre a mente animal e a mente humana, provocados pelos inúmeros estímulos negativos do meio ambiente; são as causa da deterioração do comportamento e da saúde dos homens e de toda a humanidade. MacLean dividiu o cérebro humano em três áreas, de acordo com a morfologia evolutiva dos componentes ancestrais de sua formação atual. São elas: o Complexo reptiliano (o cérebro dos répteis); o Complexo Límbico (o cérebro dos mamíferos inferiores) e o Neocórtex (o cérebro dos mamíferos superiores).

Os  Três  Cérebros

No decurso da evolução do cérebro, dos peixes ao homem moderno, os componentes cerebrais de cada nova espécie surgida, iam se acrescentando e sobrepondo-se aos componentes da espécie anterior. Como por exemplo, na construção de um edifício, quando se constrói primeiro o alicerce; em seguida, os primeiros andares; e, por último, os andares superiores ou, a cobertura. Da mesma forma ocorreu com a edificação do Encéfalo, por ocasião das sucessivas fases evolutivas, até o seu estágio contemporâneo. É importante frisar que, cada estrutura nova que foi sendo acrescida por cima da estrutura velha, não anulava ou neutralizava esta. A estrutura antiga continuava a funcionar, embora sob certo controle da nova estrutura, ou componentes.

O Complexo    Reptiliano

O complexo reptiliano compreende as estruturas mais antigas do cérebro. Ele remonta aos antepassados mais arcaicos do homem. Estes componentes estão presentes nos cérebros dos peixes, anfíbios e répteis. No cérebro humano eles são representados pela medula, bulbo, ponte, cerebelo e mesencéfalo. Cada uma destas estruturas ao ser envolvida por uma nova, na transição de uma espécie para outra; sofria alguma modificação funcional, por força da influência das partes novas acrescentadas. Todavia, como já comentamos antes, a velha estrutura continuava funcionando, afetando o comportamento do novo espécime animal. Quando um determinado tipo de peixes ( os Crossopterígeos) evoluiu para anfíbio, o cérebro representativo desses peixes, continuou presente e ativo, exercendo a sua função relativa aos peixes, no comportamento dos anfíbios, embora de forma atenuada. Da mesma maneira ocorreu quando, posteriormente, alguns espécimes de anfíbios se transformaram em répteis. O novo cérebro réptil manteve funcionalmente ativo os componentes cerebrais dos peixes e anfíbios.

As estruturas do complexo reptiliano, por serem muito antigas, funcionam sob o rígido controle dos genes; sendo, assim, pré-programadas. Esses componentes arcaicos geram os comportamentos automáticos, “cegos”,ritualistas e impulsivos. Naturalmente não se poderia esperar que cérebros de peixes, sapos e cobras sejam capazes de atuar de maneira inteligente, no mundo de hoje. Em verdade, tais cérebros se desenvolveram para coordenarem as funções biológicas mais simples desses organismos, como a alimentação, a procriação, a locomoção e os demais mecanismos inatos, responsáveis pela vida vegetativa de todos os seres vivos. O comportamento social capacitado pelo cérebro réptil é bem modesto; resumindo-se no comportamento agressivo (como função de ataque e defesa); na alimentação; na locomoção e no instinto sexual, com a finalidade exclusiva de procriação; o erotismo e a permissividade sexual, só vieram a ser criadas na modernidade, pelos humanos).

O Complexo  Límbico

Novas estruturas vieram a ser acrescentadas ao cérebro dos répteis no Período Terciário, há mais ou menos 40 milhões de anos, quando surgiram os primeiros mamíferos. O novo cérebro mamífero, já bem mais sofisticado que o dos seus genitores répteis possui um córtex (camada de neurônios que recobre o cérebro) mais volumoso, graças ao ganho de outras camadas neuronais que, adicionada ao córtex dos répteis antecessores, tornou-se mais espesso. Mais uma vez na natureza, a evolução encobriu um cérebro com outro cérebro; como acontecera antes com os peixes e anfíbios. O cérebro dos répteis, embora envolto pelo novo cérebro não deixou de funcionar e exercer alguma influência no comportamento dos mamíferos inferiores. Foi assim que os mamíferos primitivos incorporaram ao seu repertório comportamental muitos dos impulsos instintivos dos seus progenitores evolutivos. A partir da evolução dos mamíferos, as modificações estruturais e morfológicas de seu cérebro, adicionaram-lhes novas capacidades intelectuais, como: plasticidade no comportamento; maior aprendizagem e alguma clarividência. O que mais se destacou no cérebro do mamífero inferior foi o comportamento emocional.

Podemos até dizer que os mamíferos foram os “inventores” das emoções. As emoções dos mamíferos inferiores (cães, gatos, bois, cavalos, ratos, etc.) são ainda descontroladas, por não disporem eles de mecanismos elaborados para o controle das emoções, tal como os têm os mamíferos superiores, como os primatas. É perfeitamente natural que um tigre, um cachorro, um rinoceronte, um gato e qualquer outro mamífero inferior; assim como os peixes e anfíbios; não possuam condições de controlarem a sua raiva ou sexualidade. O complexo límbico ou sistema límbico, como é mais conhecido, compreende um conjunto de estruturas cerebrais de maior importância para os mamíferos e para o homem. Ele engloba a glândula hipófise (chamada de “rainha das glândulas”), o hipotálamo, o tálamo, o corpo amidalóide, o hipocampo e outros componentes importantes. Por esta razão, o sistema límbico é a fonte da alegria, do temor, da agressividade, da violência, do altruísmo, do sexo e, principalmente, do afeto familiar. Um dos motivos de os mamíferos terem proliferado muito e conquistado o domínio da terra; é o cuidado que eles têm com as suas crias. O amor maternal é típico dos animais mamíferos. Pelo contrário, os seus ascendentes répteis, com raríssimas exceções (como nas “mamães jacarés”), deglutiam gulosamente os seus tenros filhotes. O cérebro límbico, incorporado a nós, quando surgiu o primeiro homem, é responsável, também, pela manutenção das principais funções orgânicas, como a pressão sanguínea, os mecanismos da dor, o controle da temperatura, da saciedade e de muitas outras funções, indispensáveis à  vida vegetativa.

O Novo Cérebro dos Mamíferos

O cérebro neo-mamífero foi a última estrutura incorporada ao nosso cérebro pela evolução. Ele veio humanizar o cérebro das feras (pelo menos, esta foi a intenção do Criador; agora desvirtuada pelo homem desestruturado atual). Este cérebro, verdadeiramente humano é representado pelo Neocórtex; que é a cobertura cinzenta que envolve o cérebro (chamada de “massa cinzenta”). O Neocórtex é o mesmo córtex dos outros animais; porém, mais espesso, volumoso e aperfeiçoado; traduzindo um número muito superior de células nervosas. O neocórtex é constituído por bilhões de neurônios, intimamente ligados aos outros e aos dois cérebros inferiores, por meio de bilhões de ligações, chamadas: sinapses. Apesar de o neocórtex já se encontrar presente em todos os mamíferos superiores; ele é mais desenvolvido e elaborado nos primatas, notadamente, nos humanos. Um neocórtex mais aprimorado deve ter surgido há poucos milhões de ano, com os primeiros homens. De fato, foi somente no homem que o novo córtex atingiu o seu estágio de maior  desenvolvimento e perfeição. O tamanho maior do cérebro humano, na proporção do peso total do seu corpo, representa a maior conquista da evolução; e o neocórtex foi o coroamento desse êxito. Nos seres humanos, as áreas de associação ideativas, expandiram-se  enormemente, de forma exuberante. Estas áreas de inteligência localizam-se nos lobos pré-frontais e em algumas regiões dos lobos occipitais, temporais e parietais. Este “surto explosivo” de áreas cerebrais tão importantes para a inteligência, acontecido por ocasião do surgimento dos primeiros homens; aumentou, sobremaneira, a sua capacidade intelectual e cognitiva

O neocórtex humano adquiriu a capacidade de prever os acontecimentos futuros; de usar a lógica; de possuir uma razão; de ter bom-senso; e, principalmente, privilegiou-se com a condição de ter uma linguagem falada articulada. Os dois hemisférios cerebrais do homem são os responsáveis, direto, pela consciência ímpar que temos ou, pelo menos, todos deveríamos ter (daí a razão do nosso sofrer e penúria existencial). O Homem é o único animal que sabe que morre e especula sobre o seu próprio fim. Acreditamos que não há nenhum outro animal que alimente o sonho de viver após a morte. Também, é o único que conhece a sua própria agressividade e violência; com exceção dos casos de patologia mental.  A agressividade humana, vinda dos seus dois cérebros inferiores, é analisada pelo terceiro cérebro (neocórtex) que lhe dá a consciência de ser agressivo.  O homem é o animal raivoso consciente (quando ele não está consciente de sua agressividade; deve procurar, imediatamente, o seu Psicólogo).

Quando o terceiro cérebro apareceu, junto com o homem, no processo evolutivo, as novas estruturas deste cérebro envolveram, totalmente, as duas estruturas antecedentes, peculiares aos répteis e aos mamíferos inferiores. Quando se examina, macroscopicamente um cérebro humano, o que mais se vê é o neocórtex. Os dois cérebros “velhos” só poderão ser vistos se retirarmos o neocórtex. Algumas  experiências foram realizadas, removendo-se o neocórtex de mamíferos superiores, como os chimpanzés. Os resultados confirmam a estratificação evolutiva do cérebro. Os animais que tiveram o córtex removido, perderam as características de sua própria espécie, passando a se comportarem de forma semelhante à espécie anterior  que lhe deu origem. No homem, não é necessário retirar-se o neocórtex (nem seria humano e ético), para se verificar a sua regressão aos níveis inferiores de sua evolução. Basta que observemos a conduta animal de certos indivíduos quando embriagados, drogados, raivosos ou  nos imaturos, em  geral.

A  Mente  e  os  Três Cérebros

A Mente é a atividade mais nobre e complexa do cérebro. A atividade mental não é exclusiva do cérebro humano. Todo animal possuidor de um cérebro com córtex; tem, também, a capacidade e aptidão abstrativa, proporcional à expansão do seu córtex. Animais de córtex delgado como, os peixes, anfíbios e répteis; possuem pouca capacidade mental. Os mamíferos inferiores já são mentalmente mais afortunados que os seus antepassados rastejantes. Os mamíferos superiores conseguem fazer inveja aos seus genitores; pois o seu córtex é mais espesso, assemelhado ao do homem, que é a derradeira escala da emancipação mental. Nos primatas não-humanos, como os chimpanzés, a mente quase alcança a dos humanos. É muito sugestivo o fato de que um bebê chimpanzé se equivale, em inteligência a um bebê humano até a idade de 3 a 4 anos. As suas mentes guardam certa semelhança na capacidade de aprendizagem. Mas, os chimpanzés ficam só por aí mesmo. Após os 4 anos, a mente do chimpanzé deixará de evoluir e se estacionará. Enquanto que a capacidade mental do filho do homem, não cessará de se expandir e a sua mente enriquecer-se-á até o final de sua existência. No homem, o crescimento e amadurecimento notáveis das áreas intelectuais proporcionaram-lhe uma mente diferenciada que o levou à supremacia mental, dentre todos os animais portadores de cérebro. O seu novo córtex deu-lhe a capacidade e o privilégio de transcendê-lo à matéria da qual foi formado. Pela primeira vez o cérebro foi além de si mesmo, ultrapassando a barreira material, através da atividade mental dos neurônios associativos do seu córtex cerebral. Pela mente, adquiriu o homem o poder de “elevar-se aos Céus” ou, “descer aos Infernos”.

No início, há uns 4 bilhões de anos, a matéria inanimada realizou o “milagre” do salto existencial. Agora, com os humanos, o cérebro, que é material, produz  o que é mais perfeito e misterioso na Criação: a Mente; que não é Material ! Novamente, no Mundo, a matéria volta a ter vida, com a Mente. A mente é o “calcanhar de Aquiles” da Ciência e o “pomo-de-discórdia” da Biologia. Desde a Antigüidade que os filósofos e biólogos especulam sobre a origem e a qualidade da mente. Discutem, há séculos os estudiosos a respeito de um provável elo de ligação entre a mente e o seu cérebro. A maioria defende a sua materialidade; afirmando que ela não passa de um produto do metabolismo cerebral. Outros pensam que o cérebro, por si só, não explica a mente, por ser ela transubstancial, não se confundindo com nenhuma atividade neuronal. São os chamados materialistas e espiritualistas, respectivamente. O nosso ponto-de-vista, sobre tão polêmica e delicada questão, situa-se entre estas duas correntes de pensamento; sem deixar de abranger as duas.

Acreditamos que a mente do homem é de ordem metafísica. Quem sabe não ser aquele “sopro” divino bafejado nas narinas argilosas do primeiro homem? É bastante sugestivo o fato de que as vias nervosas olfativas, que levam o odor – das narinas ao cérebro- serem as únicas com trânsito direto para o neocórtex, que é o cérebro superior dos humanos! As vias dos outros sentidos: audição, tato, visão e gustação; antes de atingirem o córtex, passam primeiro pelo crivo e análise do tálamo. Como vimos o córtex humano ou neocórtex; é o cérebro responsável pela consciência, pela mente superior e pela alma... Que me perdoem os materialistas por tal expressão. Não obstante as suas características especiais, a mente necessita da matéria para se manifestar e, o cérebro, é o veículo e a base dessa expressão espiritual. A mente se utiliza do cérebro para dirigir a existência dos seres animados, pelos caminhos tortuosos da vida. Esses caminhos serão tão mais espinhosos, quanto menos evoluída ou aperfeiçoada for a mente. A ligação do cérebro com a mente é um dos temas mais polêmicos e apaixonantes das Neurociências. Não há concórdia sobre a existência de um elo de ligação entre os dois. Existem fortes evidências que há, de fato, um ponto de interseção entre a mente e o cérebro. Não me surpreenderia se esse ponto situar-se nas áreas de associação dos lobos pré-frontais do neocórtex ( este trabalho foi escrito em 24 de janeiro de 1992).

Vimos que somos possuidores de três cérebros harmonicamente distintos: O Cérebro dos Répteis; o primeiro que surgiu da transformação de alguns peixes, em anfíbios e destes, em répteis. O Cérebro dos Mamíferos inferiores; que sucedeu ao cérebro dos répteis, recebendo as estruturas cerebrais destes e, finalmente, temos o Cérebro dos Mamíferos Superiores que vieram depois, na evolução de alguns espécimes de mamíferos inferiores.

O cérebro do homem que é um mamífero superior que galgou o topo da evolução recebeu os componentes dos cérebros das espécies animais que o precederam durante a sua transformação, até o estágio atual de “Sapiens sapiens”. Lembremo-nos que os dois cérebros agregados estão intimamente ligados entre si, e ao novo cérebro, através de incontável número de ligações nervosas. As estruturas antigas dos sois cérebros animais, continuam elaborando as suas mentes inferiores; assim como acontecia, há centenas de milhões de anos. Os motivos que nos impedem de sairmos por aí  a dar “botes” nos outros; ou mesmo mordendo, azunhando e devorando (literalmente) os nossos semelhantes; se encontram no neocórtex; este componente do nosso cérebro, verdadeiramente humano. É ele que neutraliza e impede a evasão dos impulsos (desejos) pouco sociais que são gerados na base cerebral, pela mente das “feras” contidas ( ou que deveriam estar). O cérebro réptil e o cérebro mamífero inferior geram uma mente que nos é inconsciente; é o que denomino de: “Inconsciente”. O cérebro humano, representado pelo neocórtex, gera outra mente, muito superior, que denomino de: “Consciente”. A mente Inconsciente é a mesma que primitivamente comandava os animais inferiores e que continua interferindo no nosso comportamento interno (funcionamento orgânico); que é a sua função natural; e interferindo no comportamento externo (meio social); que não é de sua alçada (daí, o nosso grande problema individual e social). A mente Inconsciente é a responsável pelas funções orgânicas, sendo a sua atuação restrita à área biológica; não devendo se intrometer nas áreas intelectuais e sociais, que são funções superiores, privativas da mente consciente, gerada pelo neocórtex. Isto faz sentido, porque se nos comportássemos guiados pelos instintos bestiais das feras do nosso inconsciente, por certo já teríamos todos nos devorados mutuamente; embora seja isso que estamos presenciando nesta nossa Época! A natureza acumulou os três cérebros e as duas mentes no encéfalo humano, com a finalidade de cooperarem entre si, a fim de que o homem praticasse um comportamento que o conduzisse a uma vida plena de realizações materiais e espirituais.

A natureza poderia ter descartado os dois cérebros inferiores, por ocasião de cada etapa evolutiva, quando um deles foi sendo envolvido e recoberto pelos novos cérebros que lhe foram sucedendo. Porém, ao mantê-los, conservando-os com as suas respectivas funções, deu-nos prova da importância dos dois cérebros inferiores na formação do cérebro do homem. As mentes das feras ainda são úteis à mente moderna do homem. Foi com a sua mente superior que o homem se tornou um animal consciente, adquirindo personalidade própria, única, ímpar e dinâmica. Daí, sermos únicos e ímpares dentre todos os viventes. Ele, agora, é capaz de controlar os impulsos nervosos instintivos que emanam do seu tronco cerebral e do seu sistema límbico, herdados dos animais inferiores. A ilimitada capacidade de sua extraordinária mente consciente, elaborada pelo neocórtex mais desenvolvido; evita-lhe os dissabores e prejuízos da conduta cega, instintiva e desvairada dos seus distantes ancestrais selvagens. Mas, infelizmente, nem sempre acontece dessa maneira. As vezes o seu Consciente não consegue sobrepor-se aos dois cérebros e mentes animais do seu Inconsciente; resultando comportamentos irracionais...,a “marca” do nosso tempo! Constata-se que, progressivamente, um número cada vez maior de pessoas se comporta guiado pela mente Inconsciente, ocasionando prejuízos a si, à sociedade e ao Ecossistema.

A partir deste ponto, vamos usar o termo Consciente, para designar o cérebro e a mente representativa dos humanos; e o termo Inconsciente, quando nos referirmos às estruturas cerebrais e mentais remanescentes dos animais inferiores, residentes  nas estruturas subcorticais  do nosso cérebro. Voltando a  falar do controle do Consciente sobre o Inconsciente, verifica-se que os impulsos nervosos gerados e emitidos pelos neurônios do Inconsciente devem chegar aos neurônios do Consciente, pelas vias nervosas ascendentes a fim de serem analisados, antes de serem postos em prática pela pessoa. Isto faz com que o indivíduo, por meio do Consciente, tome conhecimento das ações que o Inconsciente planeja executar. Se a ação do Inconsciente for vantajosa para a pessoa, o Consciente aprova a conduta e permite a sua execução. Por exemplo, se uma pessoa sente o desejo (impulso) de agredir outra durante uma discussão, tal desejo é resultante dos impulsos agressivos dos componentes animais do seu Inconsciente. Provavelmente, ele está reagindo da mesma maneira que agia, há milhões de anos atrás, quando atuavam nos cérebros primitivos dos nossos antepassados irracionais. Caso o desejo de agredir for uma reação de defesa e, não existir outra maneira mais pacífica de reagir, o cérebro Consciente permitirá a execução do comportamento agressivo do Inconsciente, acionando os músculos necessários à ação defensiva. Porém, se o indivíduo exagerou na agressão defensiva; isto é, agrediu mais que o necessário; ele está com o seu Consciente (neocórtex) debilitado, por não ter sido este capaz de controlar e neutralizar o excesso de agressividade do seu Inconsciente.

Em outro exemplo, tomemos o caso de uma pessoa que depreda uma vasilha de coleta de lixo ou um telefone público. Ao destruir um bem público, de utilidade para todos (inclusive para o vândalo); esta pessoa praticou a agressão, movida por seu Inconsciente. Neste caso, o indivíduo está ou é animalizado, pois o seu Consciente não foi capaz de impedir o comportamento irracional do seu Inconsciente. Ela está sendo induzida pelo cérebro animalesco e a sua personalidade está enferma, fragilizada e brutalizada. Somos fortemente inclinados a supor que o comportamento bestial está muito disseminado entre nós; o que é um grande risco para a Sociedade e a Paz Mundial, que é a triste realidade que todos nós convivemos. Se atentarmos para o comportamento das pessoas, inclusive o nosso, verificamos  que, ora nos comportamos como répteis; ora, como mamíferos inferiores e ora, como humanos. Quanto mais atrasada mentalmente está uma pessoa, mais se encontra fixada na escala inferior da evolução zoológica. Nota-se que muitos se comportam como irracionais todo o tempo; outros intercalam, periodicamente, a irracionalidade com a racionalidade e, alguns poucos, se comportam conscientemente, a maior parte de suas vidas. Estes são os verdadeiros seres humanos, pois utilizam a Razão e o Bom-senso ( Produtos do Consciente) como norma geral de vida. A violência e o sexismo (compulsão sexual neurótica) tornaram-se o símbolo (patológico) do nosso tempo. Com exceção de algumas poucas sociedades tribais primitivas, não há nenhuma sociedade moderna que não esteja impregnada de violência e sexismo (sexo compulsivo); justamente os dois principais componentes do comportamento dos répteis e dos mamíferos inferiores, como as cobras, coelhos ratos e lagartos. O indivíduo agressivo é uma pessoa dominada e influenciada pelo seu cérebro animal. Um “atleta sexual” nada tem de atleta e, de sexual; é apenas um mamífero inferior, conduzido pelo seu cérebro límbico. Sexo e violência sempre estiveram unidos porque as estruturas animais que os ativam se localizam no mesmo núcleo da mente primitiva: o hipotálamo. Por tal motivo é que é comum usarmos nomes de animais, quando queremos criticar certos comportamentos alheios dos outros, notadamente  as condutas indesejáveis das pessoas; ou mesmo, para caracterizarmos a beleza física e aspectos estéticos de alguém. Chamamos de:

-Animal: uma pessoa violenta, cruel ou estúpida;

-Toupeira: uma pessoa ignorante, que não aprende;

-Tubarão: um espertalhão rico;

-Bicho: qualquer pessoa raivosa, estranha;

-Verme: uma pessoa asquerosa, vil, nojenta;

-Macaco: aquele que imita os outros;

-Porco: o indivíduo que é sujo;sem asseio;

-Cobra: aquele muito esperto; entendido em um assunto;

-Burro ou Asno: o ignorante ou que não aprende nada;

-Cachorro: alguém que não tem caráter;

-Raposa: aquele que é muito esperto e sagaz;

-Rato: é o sem escrúpulos, ladrão, ignóbil;

-Baleia ou Elefante: mulher ou homem muito gordos;

-Cavalo: é o desajeitado e bruto;

Hiena: aquele que ri da desgraça alheia;

-Gato: quem é traiçoeiro e enganador elegante;

Etc. etc.

Será mera coincidência que utilizamos tanto esses termos animalescos, quando queremos reprovar a conduta inferior e nociva dos outros?  É também muito sugestivo que muitos imaturos chamem os seus pares de “bicho”,”cara”,”gato”,”gatinha”,”oncinha” e outros rótulos tão bem apropriados. Não fora a peculiar ausência de bom-senso das pessoas mais novas em idade, eu diria que elas mesmas reconhecem, inconscientemente, a própria regressão zoológica. A utilização de uma vasta nomenclatura irracional entre os humanos, para se rotularem, não deve ser por acaso ou fortuitamente, levando em consideração os postulados que ora apresentamos. Está claro que nos comportamos, vez ou outra como animais irracionais. Muitos se comportam condicionados por seus cérebros inferiores que já se tornaram, de fato, verdadeiras feras. Os comportamentos inferiores ditados pelas estruturas cerebrais dos répteis e mamíferos primitivos, têm se manifestado com muita freqüência nos humanos, nessas últimas décadas.

Os meios de comunicação, destacadamente a Televisão, têm nos mostrado, fartamente, esse comportamento infra-humano, generalizado por toda a terra. Como já citamos, temos duas mentes distintas. A mente animal e instintivo que é originada dos cérebros dos répteis e dos mamíferos inferiores e a mente racional e lógica, que se origina do funcionamento do novo cérebro, surgido com o “Homo sapiens”. As duas mentes devem funcionar coordenadas e integradas, no sentido de planejar o comportamento mais apropriado à existência terrena de cada pessoa.

O funcionamento orgânico e mental adequado, só acontecerá quando o cérebro irracional (Inconsciente) se submete e se relaciona bem com o cérebro racional (consciente). Este relacionamento é concretizado por mensageiros elétricos, químicos e hormonais que se originam nos neurônios dos dois cérebros (mais, do cérebro Inconsciente). Se uma pessoa é tentada a usar as unhas e os dentes contra outra (o que não é raro nas brigas femininas), trata-se de um impulso originado do seu cérebro “velho” que está preponderando sobre o seu Consciente (neocórtex-cérebro novo). O impulso agressivo tende a passar, normalmente, pela mente racional do seu cérebro novo. A mente racional (consciente) pode aceitar ou recusar a sugestão de unhar e morder. Caso persista o desejo animalesco e o bom senso não prevalece; é sintoma que o neocórtex é, ou está incompetente para sustar os instintos irracionais da pessoa( o que é um perigo para ela e para os outros). Caso não concretize o impulso agressivo, demonstrará a fortaleza e a normalidade do seu cérebro e de sua mente conscientes. Alguém que resiste, rotineiramente, aos impulsos negativos do seu inconsciente, é uma pessoa mentalmente amadurecida e conscientizada ( é o ideal de um Ser Humano). É esta a finalidade do neocórtex humano. Por isso é que o Criador, através da natureza, presenteou os Humanos com a grande evolução de seu cérebro, até atingir o estágio  da razão, da sabedoria e da lógica. Quando um indivíduo utiliza com freqüência a sua mente superior para construir e edificar, ele está demonstrando ser um verdadeiro Homem e que dignifica a Criação e o seu Criador. Quando alguém não faz uso do bom-senso, da razão e do seu Consciente; não passa de um mero organismo animal e que não se beneficiou da evolução das Espécies.  No encéfalo do homem, cerca de 80% de seu volume total é ocupado pelo neocórtex. Os 20% restantes, representam as estruturas arcaicas dos répteis e mamíferos que nos antecederam.

Isso significa que o cérebro novo, aquele que representa a espécie humana é,significadamente, mais importante para a nossa  vida mental  individual e social. É necessário que o neocórtex, gerador da mente racional, mantenha-se forte e vigoroso, a fim de rechaçar  os impulsos negativos inferiores que alcançam as suas estruturas, vindos dos instintos animais do Inconsciente. Vamos exemplificar, novamente, para a melhor compreensão desse mecanismo mental tão importante para a nossa preservação. Uma pessoa que deseja avançar um semáforo e que não tenha um motivo importante para esta transgressão; por certo está condicionado por seu cérebro irracional/animal que, enviando estímulos negativos para a sua mente consciente debilitada ( imatura); concorre com o seu ato, para por em risco a sua vida e as dos outros.

O  Intercâmbio entre as duas Mentes

Já mostramos que as duas mentes do homem têm origens diferentes e utilizam-se de programas distintos de comportamento. A mente inconsciente; que abreviadamente chamaremos de INCONSCIENTE, criada pelas estruturas dos dois cérebros animais, gera impulsos nervosos que estimulam o sistema biológico que mantém o nosso equilíbrio orgânico (saúde física). A sua função é a mesma em qualquer animal: cuidar do corpo físico. Os animais por não disporem de uma mente consciente (alguns deles, como os primatas, possuem uma consciência rudimentar) como a dos humanos; não adquirem a riqueza intelectual destes e são destituídos da palavra articulada, a Fala. A mente CONSCIENTE, originada da estrutura cerebral mais recente do encéfalo ( o Neocórtex), é o expoente máximo do pensamento abstrato; da comunicação articulada; da inteligência; do raciocínio lógico e da razão. A função do Consciente é a de criar as formas mais adequadas de condutas construtivas e salutares para si, para o meio ambiente e para os demais viventes. A mente consciente veio “humanizar” o animal feroz que é o homem no seu íntimo. O Consciente é cósmico e o Inconsciente é mundano. Através do Consciente o Ser Humano se torna universal e transcendente. Ao passo que o seu Inconsciente o faz rastejar no pó, de onde veio e para o qual retornará. Esta é a abissal diferença entre as personalidades e comportamentos das pessoas. É o Consciente que engendra Homens como: Ghandi, Sabin, Jonas Salk, Fleming, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Caxias, Carlos Gomes, Édson e muitos outros que engrandecem a nossa “Raça”. O destino de cada pessoa repousa na coexistência harmoniosa do Inconsciente com o Consciente. A Humanidade e  a própria sobrevivência dos homens, nunca dependeu tanto do equilíbrio entre estas duas instâncias psíquicas, como agora, que atravessamos grave crise de desequilíbrio mental ou imaturidade. Quase todos os males que acometem os humanos advém do conflito entre o Inconsciente e o Consciente  individual e coletivo. A ruptura entre eles quer por razões biológicas ou fatores psicológicos; afeta mais as estruturas do Consciente; ocasionando a supremacia passageira ou permanente do Inconsciente (neste último; é a chamada loucura). Por ser responsável pelo processamento de milhares de informações visuais, olfativas, gustativas, táteis e auditivas, que lhe chegam a cada hora; e mais, ter sob a sua responsabilidade a imensa e ingrata tarefa de conduzir a pessoa, por toda a sua existência; é que torna o Consciente muito mais vulnerável à desestruturação. Assim, terá imensa dificuldade para controlar os arroubos selvagens do seu “companheiro”, o Inconsciente. Quando este se sobrepõe ao Consciente, o cérebro do seu portador estará desequilibrado e ele  se comportará como “fera”, de modo irracional e inconseqüente Não respeitará nenhuma regra de convivência social; agirá exclusivamente voltado para o seu prazer imediato; “legislará” em proveito próprio e as demais pessoas serão apenas meros objetos, das quais procurará tirar proveito. Imaginemos milhões de veículos trafegando em nossas ruas, avenidas e rodovias, dirigidos por motoristas com o “espírito” de lobos, leões, gorilas, orangotangos, ratos, coelhos e até de porcos! Provavelmente, motoristas imaturos assim, causarão centenas de milhares de feridos e mortos por ano. Será que já estamos vendo isso?  Já imaginaram se os nossos políticos, governantes e autoridades agissem assim, como ratos, cachorros, gatos, lobos e gorilas; impulsionados por seus Inconscientes cerebrais? Possivelmente teríamos corrupção e miséria à beça, neste País!

A  Escala de Involução  Zoológica

No tratamento de distúrbios mentais das pessoas que nos procuram, na clínica, utilizamos uma escala de avaliação patológica comportamental que denominamos de “Escala de Involução Zoológica”. Criamos esta escala para verificarmos em que estágio irracional inconsciente se encontra o paciente que irá se submeter à psicoterapia. Graças à anamnese, o  histórico de vida e a observação clínica, pode-se avaliar em que nível mental  ele se encontra e de onde partem os impulso nervosos que o fazem comportar-se de maneira imatura, causando-lhe sofrimento e a outrem. A terapia enseja o crescimento e ascensão do nível rebaixado em que se encontra, até o nível racional e natural dos humanos. Na prática clínica é que se vê o número elevado de pessoas que se comporta de maneira irracional e imatura; causando imensos prejuízos à saúde, à economia e ao social.

Retornando à Lei de Haeckel (já descrita acima), pode-se perceber que não é somente na embriogênese que se verifica a semelhança dos humanos com os animais que lhes precederam na escala evolutiva das espécies. Não é só no físico que o homem, em seu desenvolvimento intra-uterino (embriogênese) se assemelha aos seus genitores e progenitores irracionais. A mesma semelhança se repete nas fases posteriores de sua vida extra-uterina, da infância à velhice. Obviamente, a semelhança não é mais tão física; mas, sim, no comportamento observável. Vejamos as transformações comportamentais mais notáveis, levando-se em consideração que somos originários dos peixes, que foram os primeiros portadores de um cérebro verdadeiro. Em seguida, passaremos pelas fases de anfíbio, réptil, mamífero inferior e, finalmente, chegaremos à fase de mamífero superior. Vejamos:

-Ao sair do útero o bebê humano é capaz, instintivamente, de nadar e mergulhar com desenvoltura (peixes);

-Em seus primeiros meses de vida, ele já não é mais tão aquático; todavia adora um banho demorado; convivendo bem, tanto na água, como na terra (anfíbios);

-Em seguida, o bebê rasteja com o corpo apoiado no solo (répteis);

-Após, “engatinhará”, locomovendo-se sem a barriga encostar-se no chão (mamíferos inferiores);

-Em uma fase posterior, o bebê humano dará os primeiros passos na posição ereta; todavia, com freqüência usando as mãos para não cair, como apoio para a locomoção (símios);

-Mais tarde, ainda em busca da escalada rumo ao comportamento superior dos humanos, a criança passa a se comunicar por mímica, imitando os outros, tal como fazem os primatas não-humanos.

A agressividade está presente nessas fases que antecedem a postura do comportamento verdadeiramente humano. Este “homem autêntico” só virá ( ou deveria vir) com o “amadurecimento” das estruturas do “cérebro novo” (neocórtex), com as múltiplas ramificações das fibras nervosas superiores que lhe darão as capacidades do raciocínio lógico e do pensamento abstrato. Após o período da adolescência estará apto a se comportar como um Humano completo. Mas, tão somente se tiver recebido as matérias-primas para suprirem, adequadamente, o seu corpo e a sua mente: a alimentação e a educação. Caso contrário, continuará se comportando irracionalmente, guiado pelo Inconsciente das “feras” que estão enjauladas nos porões dos nossos cérebros, prontas para o ataque, ao menor sinal de debilidade do Consciente (razão). Após a idade madura, o homem inicia o seu retorno comportamental às fases anteriores do seu desenvolvimento ontogênico. Na velhice, com a senilidade, volta a se comportar de maneira inversa, como a criança que foi e como os animais inferiores que lhe deram origem: Primata Humano----Primata não humano----Mamífero superior-------Mamífero inferior----Réptil. Curiosamente, ocorre a mesma “involução” zoológica, quando a mente Consciente se desestrutura, nas doenças mentais.  O doente mental, a de acordo com o grau de sua patologia, tem comportamento social assemelhado à espécie animal a qual se “fixou” ou regrediu. Reparem no comportamento exibido pelas crianças; pelos idosos senis e pelos “loucos”! Nós todos somos passíveis de regredir e progredir, temporária ou definitivamente, na escala zoológica. Não é preciso dizer que, é muito mais fácil regredir do que progredir. Progredir, exige um gigantesco esforço intelectual, com noites insones, reclusão voluntária caseira, “toneladas” de livros para ler, apostilhas, pesquisas sem fim, solidão, etc. Enquanto, para regredir (ou nunca ter progredido), basta que seja festeiro, sexista, freqüentador contumaz de botecos, irresponsável, ”pendurarem-se” na Internet e, principalmente, que seja crônico telespectador de Novelas.

Existem muitos fatores que provocam e estimulam a irracionalidade no homem. As causas dessa notória desestruturação mental, bastante intensificada nos dias atuais, são as seguintes:

-Idade do cérebro;

-Genética e Hereditariedade;

-Doenças mentais;

-Educação familiar;

-Condicionamento sensorial;

-Alimentação; e

-escassez ou deficiência de conhecimento.

A  Idade do Cérebro

A pessoa nova em idade não alcançou, ainda, a maturidade funcional do seu cérebro. O neocórtex é o último componente cerebral a alcançar a plenitude fisiológica. Desta forma, a mente Consciente ainda é frágil para conter os impulsos animalescos da mente Irracional, gerados no cérebro inferior (o Inconsciente). É natural que o Inconsciente amadureça muito antes do Consciente, a fim de preservar e manter a vida biológica da criança. A sua iniciação intelectual com a mente racional só se evidenciará com o desenvolvimento dos mecanismos nervosos superiores, localizados no seu  incipiente neocórtex, no final da adolescência. Por esta razão é que o comportamento dos (chamados) jovens é pautado pelo descontrole emocional, pela agressividade, insegurança, conduta exibicionista e barulhenta, modismo, pela imitação e incompetência generalizada (com exceções, é claro). A irracionalidade do cérebro jovem é proporcional à etapa animal em que ele se situa ou se fixou; seja por patologia mental, ignorância, falta de cultura, traumatismos, etc. Salientamos que o comportamento irracional em crianças até a puberdade, pode ser considerado normal; pois,conforme já vimos, a estrutura cortical humana do seu cérebro ainda não se encontra suficientemente desenvolvida para se opor  às investidas dos estímulos irracionais e inconseqüentes de sua mente animal.

Na gestação do Ser humano, as primeiras estruturas  cerebrais a se formarem são as dos animais irracionais, na base do seu encéfalo e, as últimas, serão os componentes característicos da espécie dos humanos. Da mesma forma que o cérebro jovem não coordena e não controla os impulsos irracionais dos seus centros nervosos inferiores; o cérebro idoso perdeu parte desse controle, devido aos desgastes naturais e injúrias físicas que sofreu nas muitas décadas de estafante trabalho de manter a vida orgânica e social. É bem verdade que a sanidade mental do idoso dependerá do dinamismo ou da inércia intelectual do seu cérebro e dos cuidados biológicos que teve, ao longo da sua existência.

Genética  e  Hereditariedade

Como em todo órgão em desenvolvimento, a estrutura dos genes que regulam a sua formação é de importância capital para o seu futuro desempenho. Uma má formação genética do cérebro provocará danos que, conforme a sua extensão, poderão ser irreparáveis à sua anatomia, fisiologia e ao seu metabolismo. Nestes casos a deficiência cerebral provocará um déficit intelectual, reduzindo a capacidade mental, com a superioridade do Inconsciente, na conduta futura da pessoa afetada.

Doenças  Mentais

As doenças mentais quando não são de origem orgânica, são provocadas por estímulos negativos do meio ambiente. As principais causas orgânicas dos transtornos psíquicos, são as mesmas que afetam o órgão cerebral, como: fatores genéticos, traumatismos físicos, alimentação deficiente ou nociva, microorganismos , toxinas, disfunções neuroquímicas , drogas e alguns outros.

Causas Psicológicas das doenças mentais

Os transtornos mentais provocados pelo meio ambiente e social, são os chamados transtornos funcionais. Isto é, o cérebro está normal; mas, a mente está doente. Embora se deva frisar que não há cérebro que agüente a sua mente enferma por muito tempo; sem que, também, não sofra   efeitos patológicos concomitantes; são os chamados, efeitos  psicossomáticos. As principais causas psicológicas das doenças mentais são:

a)Tensões psíquicas: a mente se desestrutura com os incontáveis estímulos negativos que penetram no cérebro,ininterruptamente, em nossa vida diária.Esses estímulos negativos do meio social que afetam o “aparelho” mental do homem, são decorrentes da insegurança; dos problemas econômicos,sociais e políticos; da competição financeira e de poder; da criminalidade e impunidade; medos estéticos; medo da morte e inúmeros outros tipos de tensões que nos afetam.

Educação   Familiar

O comportamento dos pais com relação aos filhos; brigas familiares, separações, grau cultural, competição conjugal, etc. Estes fatores e muitos outros mais causam tensões mentais que são os responsáveis pelo desequilíbrio psicofísico pessoal, familiar e social. As tensões acumuladas no cérebro afligem a mente consciente porque afetam a sua base que são os neurônios do neocórtex. Estes se “desgovernam”, acelerando ou retardando o seu metabolismo, com inúmeros efeitos nocivos à capacidade racional (do Consciente) da pessoa. Desta forma, há o enfraquecimento do Consciente, que se torna incapaz ou impotente para controlar os impulsos (eletroquímicos) do Inconsciente. Eles, ao aflorarem, quase sempre provocarão comportamentos nocivos à pessoa e ao seu meio social (razão pelas quais todos nós padecemos). As neuroses e psicoses são resultantes de todos estes fatores que concorrem para a cisão entre o Consciente e o Inconsciente. É como se um cão atacasse o seu próprio dono e este estivesse debilitado ou impedido para conter a fúria do seu animal. Dependendo da agressividade do cão e da fragilidade do seu dono, o cachorro poderá causar-lhe danos leves, médios e graves. A analogia com a atuação da mente Consciente e da mente Inconsciente dos cérebros humanos é bastante pertinente.

Condicionamento  Sensorial

Um dos principais fatores causadores da irracionalidade humana, em nossos dias é a freqüência e a quantidade de estímulos visuais de cenas de violência, de erotismo vulgar e de bestialidades que impregnam os três cérebros e as duas mentes do homem. Os estímulos violentos e pornográficos afetam, preferencialmente, os cérebros jovens porque aqueles componentes animais são mais atuantes neles, por lhes faltarem o vigor e a experiência em seu cérebro Consciente. Na verdade, são eles, ainda, mais animais do que hominais. É importante lembrar que o sexo e a agressividade são impulsos originados no mesmo centro do cérebro irracional (animal) que é: o Hipotálamo.

Sexo e violência sempre andaram de “mãos dadas”,desde o começo dos tempos. Os estímulos erótico-agressivos excitam os cérebros das “feras”,gerando mais impulsos de agressividade e de sexismo(sexo compulsivo), sobrecarregando, química e eletricamente  o cérebro e a mente consciente que, abalados, não poderão conter a avalanche de ímpetos agressivos e violentos. Crianças são precocemente erotizadas e motivadas à violência pelos incontáveis  incentivos negativos, propagados pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão. É bom lembrar que este Trabalho foi escrito em 24 de janeiro de 1992! Hoje, transcorridos 18 anos, a TV, com a sua globalização e trazendo para dentro das nossas casas toda espécie de degeneração, daqui e de além-mar, se tornou em maior fonte de desestruturação familiar e mental dos povos, desde as tribos do Xingu, até os habitantes no topo do Himalaia.

Escassez ou Deficiência de Conhecimento

O neocórtex por ser a estrutura cerebral que programa e orienta o comportamento social do homem, necessita conter gravados em seu neurônios, as informações do meio ambiente, afim de que a possa conduzir melhor o seu portador (a pessoa) ao longo de sua vida. O neocórtex, além do alimento material que requer o seu metabolismo, necessita, também, assimilar e gravar as informações externas que chegam até ele, através dos sentidos da visão, olfação, audição, tato e gustação. Quanto mais o neocórtex acumular conhecimentos a respeito do mundo exterior; maior capacidade ele terá para controlar e coordenar a atividade mental do indivíduo, proporcionando-lhe uma vida normal e sadia, sem grandes traumas para ele e para a sociedade. Nota-se que o conhecimento, a aprendizagem e o saber; são de fundamental importância para ao futuro da espécie humana. A evolução do Homem é decorrente da evolução da sua mente consciente; do seu Inconsciente. é o Consciente que cria e desenvolve a Tecnologia, as Artes, a Filosofia, a Ciência, etc.  O cérebro consciente, através  da sua mente superior é capaz de captar um número impressionante de informações ambientais, através dos sentidos. Calcula-se que as vias neurais desses sentidos sejam capazes de levar para o cérebro muitos milhares de informações por segundo;  e todo o cérebro manipula milhões de impulsos neste mesmo espaço reduzido de tempo. Por isso, a ignorância é um dos fatores que mais incapacitam o Consciente, na sua função, importantíssima, de controlar os impulsos animalescos do Inconsciente.

Já se comprovou que ao se aprender algo ou adquirir-se um novo conhecimento, o cérebro  cria novas ramificações nervosas,  as sinapses, elos de ligação entre um neurônio e outro. O cérebro de um homem estudioso é muito mais rico de informações que muito irão beneficiar a si mesmo e aos outros. Vejam os exemplos dos cientistas que descobrem os medicamentos que previnem e curam as nossas doenças. Lembre-se da esperança e confiança que temos neles, quando surgem epidemias, bactérias e vírus resistentes ou desconhecidos.  Quanto mais ignorante (no sentido de ignorar; desconhecera, etc.) for ou estiver uma pessoa; mais irracional e perigoso será o seu comportamento.

As  Emoções

Durante este trabalho, falamos muito que as emoções são, predominantemente, geradas no sistema límbico que dentro do nosso encéfalo é o resíduo evolutivo do antigo cérebro que guiava a vida dos mamíferos inferiores. Quando nos emocionamos estamos exercitando uma função arcaica, derivadas das estruturas medianas do nosso sistema nervoso. As pessoas muito emotivas são aquelas que sofrem demasiada influência desse cérebro animal.  Ao contrário do que muitos pensam as pessoas emocionalmente sensíveis, não são tão frágeis ou singelas como parecem. Para a maioria das pessoas, emotividade é sinônimo de bondade, sensibilidade, calor humano e delicadeza. Para outros, uma pessoa racional é fria, indiferente, má e desumana. Levando-se em consideração que o sistema emocional é um atributo do antigo cérebro mamífero; e, que o sistema racional é função do cérebro novo e humano; conclui-se que é justamente o contrário da opinião popular. A facilidade com que uma pessoa se emociona ausente de uma forte causa ou motivo concreto, demonstra um sintoma psicopatológico, chamado “labilidade emocional”.  Ao “pé da letra”, uma pessoa que consideramos fria e racional, é  alguém que se comporta de forma consciente; isto é,  guia-se pelos impulsos do cérebro novo ou neocórtex.

Portanto, ser racional é ser verdadeiramente humano. O indivíduo emocional, pelo contrário, é o que se comporta de maneira irracional, em momentos em que mais se precisa utilizar a razão. Imaginemos um cirurgião emotivo e um poeta racional!  Nenhum dos dois seria muito útil ! Não estamos afirmando que uma pessoa não  possa se emocionar ou que deva agir racionalmente  o tempo todo.  Nada disso!  O que não podemos é deixar que os impulsos animais que serviram aos nossos ancestrais, há milhões de anos, interfiram, em demasia, na nossa mente Consciente, gerando inúmeros conflitos psicobiosociais. Nos hospitais psiquiátricos e na clínica psicológica, os sintomas da labilidade emocional se fazem presentes com muita intensidade. Não é raro que se esconda no âmago da emotividade, uma pessoa agressiva e imprevisível. Da mesma forma, por trás de uma pessoa racionalista, pode se ver muito humanitarismo. O sistema emocional, normalmente deve ser ativado diante de circunstâncias reais e pertinentes à raiva, ao choro e ao riso. Não causa surpresa o fato de os desequilibrados mentais agredirem, chorarem e rirem com facilidade e freqüência; sem que haja motivos para essa descarga emocional. O mesmo acontece com as crianças, adolescentes, ignorantes e senis. Eles não se assemelham somente pela fragilidade e inoperância de seus Conscientes; coincidem, também, em diversos outros comportamentos.

Nesses estágios em que eles se encontram, o comando da mente vem do Inconsciente; já que o Consciente dos três primeiros é frágil devido a imaturidade. Quanto ao Consciente das pessoas senis, ele se encontra em processo de desintegração natural, pela idade. É somente no estágio da maturidade, após a adolescência, que o Consciente adquire condições fisiológicas e mentais para enfrentar os arroubos irracionais do Inconsciente. A estabilidade das emoções caracteriza também a maturidade mental e a saúde psíquica de uma pessoa. Os estados emocionais alterados representam grande risco para a sociedade. A instabilidade emocional é a causa do grande número de doentes mentais, depressão, crimes passionais, doenças psicossomáticas, agressões e muitas outras mazelas que assolam o nosso planeta. Quando se analisa o complexo emocional do homem, não se pode deixar de falar das suas conotações mais primitivas que são: a paixão e o ciúme. Esses instintos inferiores como já tivemos a oportunidade de ressaltar; são resíduos muito antigos dos nossos ancestrais, principalmente dos felinos. O amor, a paixão e o ciúme; são três estados emocionais que têm provocado imensos problemas aos seres humanos. É tão grande a desinformação a respeito deles que comumente se atribui conotações semelhantes às suas demonstrações no comportamento. Estes três estados emotivos são condições diferentes e díspares, quase não havendo correlação neurofisiológica entre eles. Se quisermos entendê-los, devemos analisá-los de forma objetiva e realista, sob o prisma de suas origens funcionais. Dos três, o amor é o único nascido das estruturas novas (neocórtex) do cérebro. Somente o amor é fruto do pensamento maduro e lógico dos componentes humanos do encéfalo. A paixão e o ciúme são os demonstrativos típicos da irracionalidade do homem-animal. O verdadeiro amor constrói, porque é alicerçado na razão e no bom-senso do córtex consciente ( o Consciente). A paixão e o ciúme corroem e destroem  pelo fato de sua origem única, que é o sistema límbico dos macacos, leopardo,lobos, etc. Quando o indivíduo irracional, imaturo ou desequilibrado percebe que não irá ter a posse do objeto (pessoas e coisas) desejado; ou, pressente que perdeu ou vai perder o objeto possuído; as “feras” do seu Inconsciente saem de suas jaulas para devorarem o objeto frustrador (pessoas ou coisas). O homem que ama, continua com a sua mente superior ativa, mantendo o controle sobre o seu inconsciente. O amor não o cega, como fazem a paixão e o ciúme, nos indivíduos imaturos e doentes. O ser humano consciente sabe que na transitoriedade de sua existência terrena nada é possuído. Portanto, ninguém é possuidor de coisa alguma, muito menos de outra pessoa. Por isso, o amor não pode gerar ciúme no homem superior; pois, para este, não existem perdas. O homem inferior, apaixonado e ciumento está regredido ao nível cerebral e mental das aves. Dizem que o “João-de-barro” mata cruelmente a companheira, quando a encontra no ninho, com outro passarinho.

Conclusão

No decorrer deste trabalho, procuramos explicar as origens do comportamento negativo do homem, através das sucessivas fases evolutivas animais do seu cérebro; desde os peixes primitivos até a sua forma atual, infinitamente aperfeiçoada, com o homem contemporâneo. Apesar de termos alcançado o topo da evolução e a primazia comportamental entre os animais; não é lícito supormos que os seres humanos concretizaram o ideal biológico e, muito menos, o projeto divino da sua criação. Estudamos os esforços da Natureza em dotar o homem de mecanismos neurocomportamentais capazes, pelo menos, de se auto gerirem. Incontável número de eventos fortuitos e programados, aliados a um sem número de imolações de outras espécies não foram suficientemente válidos para a construção de um homem mentalmente íntegro e promissor. De tudo que aqui foi exposto, parece-nos correto supormos que as Sociedades modernas  não estão sob o controle do Consciente ou do Novo Cérebro. Seremos mais realistas e coerentes se admitirmos que estamos fazendo mais uso do nosso Inconsciente irracional, ou ainda, que estamos nos comportando mais como Bestas, do que, como Humanos.

Não parece exagerada a hipótese de estarmos fazendo uma evolução mental às avessas; Uma bizarra involução da Consciência. Essa regressão da natureza humana aos estágios primitivos da criação; leva-nos, inexoravelmente, a um prognóstico não muito promissor a respeito do nosso futuro. É verdade que algumas pessoas sabem se comportar como verdadeiros Homens; fazendo jus  à intenção do Criador e ao esforço da Natureza. Porém, esses poucos verdadeiros Homens, dificilmente poderão fazer frente à avalanche crescente de irracionalidade da grande maioria brutalizada. Poucas esperanças podem acalentar no sentido de a Humanidade voltar a ter algum “surto” de racionalidade. Uma análise rápida e superficial do comportamento humano, nestes últimos anos, é suficiente para averiguarmos uma sensível decadência da razão e do bom-senso na conduta das pessoas, em qualquer parte ou local da Terra. Seqüestros, atentados, terrorismos, guerras, revoluções, perversões, taras, sexismo, desvios sexuais animalescos, crimes de toda espécie, corrupção generalizada e endêmica, fome, miséria e inúmeros outros acontecimentos irracionais, praticados cada vez mais em escala ascendente de crueldade, contra embriões, fetos, crianças, adolescentes, adultos, idosos e, até, contra cadáveres!!!  Ao final deste Trabalho, acreditamos não haver mais a necessidade de lembrar a origem de tanta agressividade e violência do homem contra o homem. Não resta dúvida que o homem é mais que “o lobo do homem; ele é o lobo de si mesmo.

Em nosso País (e, em quase todos os demais), a Inconsciência da população está perigosamente acentuada. Além da nossa duvidosa origem genética, sofremos com a pobreza extrema, com a criminalidade exacerbada; com a corrupção generalizada e contagiante; com a impunidade contumaz; com a insegurança inquietante; com a qualidade moral de muitos dos nossos   políticos,governantes,autoridades,comerciantes e empresários. Para que sinal mais evidente de desestruturação mental que a conduta das pessoas mais novas em idade? Com raras exceções, podemos confiar na “previdência e no “bom-senso” de um adolescente?  Não faz muito tempo que juventude era sinônimo de vigor,competência,pureza e reserva física e moral, promissão de um futuro estável e feliz para todos nós. Vemos, hoje, o contrário ! Com algumas nobres exceções; as pessoas mais novas são sinônimos de vandalismo, violência,insanidade, incompetência e nulidade. Pode-se assegurar que, com menos de 30 anos, poucos são bons conselheiros e, muito menos, boas companhias. É bom que se lembre de verificar a idade dos que mais violam as Normas de Conduta e convivência social. Devemos nos perguntar: que tipo de exemplos e educação estamos dando ao nossos filhos? Estamos fortalecendo os seus  Conscientes ou embrutecendo os seus Inconscientes? A resposta é óbvia ! Haverá tempo para cuidarmos,ainda, dos seus e nossos Conscientes fragilizados e desestruturados ? Poderemos revigorar o cérebro novo, para que ele volte a realizar a sua importante missão de salvar a Espécie humana tão ameaçada por ela mesma? Como vamos reprimir, no interior dos nossos encéfalos, os genes dos tubarões,sapos,serpentes,hienas,burros,cavalos e macacos? As estruturas cerebrais controladas por estes genes já nos fizeram regredir até eles. O caminho contrário, ascendente, teria que acontecer por meio de uma nova “Evolução”; não a biológica; mas, de uma outra, pregada há 2.000 anos atrás, pelo mais Consciente dos “Homens”, a Evolução Espiritual! Provavelmente, antes dela, haverão outras crucificações.

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Belo Horizonte, MG, 24 de janeiro de 1992 (*)

CARLEIAL Bernardino Mendonça
CARLEIAL Bernardino Mendonça
Perfil do Autor:
Psicólogo-Clínico pela Universidade católica de Minas Gerais;
Estudante de Direito da Faculdade de Direito Estácio de Sá/BHte.MG
Escritor e Pesquisador na área da Psicobiologia.