A DESCOBERTA DA LINGUAGEM
ÉDYLA RODRIGUES DAS CHAGAS[*]
RESUMO
A proposta deste artigo é uma análise sobre a criança. Deu-se como importância as descobertas das primeiras palavras e frases desenvolvidas. Foram analisadas a partir de entrevistas feitas com dez mães de crianças a partir de um ano a dois anos de idade, em um município e duas cidades do Estado do Ceará. Como resultado, percebemos que a criança dependendo de seu meio social é identificada por cada sotaque e balbucio, com interpretações e significados diferentes. Algumas palavras são faladas constantemente, outras são pronunciadas com dificuldade, dependendo da convivência que os pais têm com a criança e de como eles repassam essas palavras é que ela vai aprender.
INTRODUÇÃO
Este artigo é uma síntese dos nossos estudos de pesquisa e de leitura do texto de Paule Aimard, O Surgimento da linguagem na criança.
É através de gestos, choros e olhares que criam uma ligação da linguagem na descoberta da comunicação do bebê, é a partir daí que ele vai repetir duas letras ou mais para o despertar da fala.
Dessa forma, essa pesquisa analisa as primeiras letras, palavras e frases que a criança desenvolve durante o processo infantil que parte de cada fase.
O que se percebe na linguagem da criança é que primeiramente vem os códigos envolvidos com balbucios, depois de certo tempo estes códigos vão tomando a forma da palavra correta.
Durante a análise das entrevistas nos chamou atenção a forma como as crianças balbuciavam as palavras que para ela tinha uma grande importância, os seus objetos, seus animais e a sua família, ao falar a voz reproduzia um som que impede a criança de pronunciar a palavra inteira.
Gostaríamos de levantar algumas questões sobre a linguagem da criança na fase dos primeiros meses a três anos de idade, seus gestos, ruídos, as primeiras palavras e frases. A linguagem é uma grande descoberta no mundo das palavras, a partir do momento que a criança possa falar ela vai ter prazer em descobrir mais e mais palavras.
OS BALBUCIOS E A DESCOBERTA DA FALA
Durante os primeiros meses o bebê aprende a balbuciar e a produzir ruídos e sons que não tem um sentido certo, tende a ter um código ou um sentido que só o bebe poderá entender, ele chora comunicando que está com fome ou quando está sentindo dores.
As capacidades pré-verbais estão ligadas a interação mãe e filho, podemos chamar de pré-linguagem, isto é, o que passa pelo corpo, pelas atitudes, olhares, sorrisos, gestos, a voz e suas modulações.
As produções vocais e balbucios acontecem como uma imitação, a criança produz qualquer tipo de sons e ruídos de boca. Paule Aimard nos diz que:
Quando um bebê de meses nos olha e nós conversamos com ele, ele observa fixamente a nossa boca e movimenta exageradamente os lábios. A energia e a aplicação de sua gesticulação nos divertem, principalmente quando não consegue emitir nenhum som. (p. 59).
As primeiras vogais balbuciadas são as letras a e o, quando o bebê chega a concordar com a mãe que conversa com ele, ele repete a letra a várias vezes identificando que está conversando e ouvindo o que a mãe fala.
Geralmente quando a mãe conversa e interage mais com seu bebê a partir do terceiro ou do quarto mês ele balbucia muito. A partir dos seis meses a criança já passa a balbuciar a letra m e p imitando bem o que é assemelhado do que é ouvido, ela gosta de repetir os sons produzidos por ela, como por exemplo: papa, mama, neném.
No primeiro ano o bebê produz um balbucio rico, brinca com fonemas adquirido imitação de voz, ordens breves, utiliza gestos, ele compreende, não com tanta precisão.
É no primeiro ano de aprendizagem que segue uma sequência muito importante para a criança adquirir a fala, pois ela é a base principal da comunicação.
AS PRIMEIRAS PALAVRAS
As imitações, o prazer de falar e as descobertas das primeiras palavras, são surpreendentes no segundo ano.
É provável que as pessoas que rodeiam as crianças nem se dêem conta das primeiras palavras. Só as compreenderemos se formos testemunhas constantes das realizações da criança, que estabelece um vínculo específico entre a forma sonora que produz e aquilo que ela pretende representar. (AIMARO, Paule. P. 64).
É importante enfatizar que isso é espirado de uma pessoa que não convive direto com essa criança, pois a criança que por exemplo diz: “Ô belelê”, a pessoa que não convive nunca vai entender o que a criança quer dizer, então ela vai se perguntar, o que é belelê. Agora no momento em que as crianças balbuciam “ô belelê”, e aponta mostrando a boiada, demorou muito tempo para a família de Elaine entender o que ela queria dizer, durante o almoço meio dia, todos os dias passava uma boiada de frente a casa dela, então ela corria desesperada quando ouvia os bois murmurarem, ela gritava; “Ô belelê, abi abi a pota”, e apontava para os bois, feliz e gritando emocionada. A mãe corrigia, não é “belelê” é “boi”, só que Elaine não entendia e balbuciava belelê.
É muito comum que a criança comece a desenvolver as primeiras palavras durante o período de dois anos e é importante que a mãe ajude a criança a falar corretamente cada palavra pronunciada pela mesma.
Paule Aimard explica resumidamente que uma criança de dois anos diz pelo menos 10 palavras, além de “papai” e “mamãe”, e compreende um número muito maior. Produz pequenos enunciados ou amalgamos nos quais ver o esboço das primeiras frases. (p. 66).
A criança memoriza e não esquece a palavra adquirindo o significado que ela deu para tal coisa.
FRASES E VERBOS
A partir dos três anos de idade as crianças já sabem o que quer, é neste momento que ela vai desenvolver frases e verbos, claro que nesta fase ela ainda vai ter alguma dificuldade em pronunciar uma frase inteira. Quando a mãe pergunta: “Você pode parar de fazer bagunça?”, a criança responde: “pode”, também podemos citar outros verbos pronunciados, quando o pai pergunta a criança, “Você quer sorvete, ela responde”: “quer”.
Podemos perceber que há uma progressão mais lenta na hora de pronunciar ou de responder os verbos, principalmente nas frases que completam com os verbos: quer, vai, dizer, comer e poder.
A criança que se altoar falar frases e palavras erradas ficarão erradas na sua linguagem, agora cabe a família ajudá-las mostrando a palavra corretamente:
A frase da criança se reduz ao verbo e ao seu complemento ‘mu” para dizer “mur” está correto, falta apenas o [r], o que é comum nesta idade. Em “mau”, o verbo omitiu-se a silaba final, o que também é normal. (AIRMARD, Paule. P. 73).
A HORA DOS BALBUCIOS
Gostaríamos de apresentar parte da análise das entrevistas, vinculada ao texto o Surgimento da linguagem na criança de Paule Aimard, citado anteriormente. Foram realizados entrevistas com dez mães de crianças de um ano a três anos, em um município e duas cidades.
Através dessas pesquisas podemos identificar os modos como essas crianças balbuciavam, cada uma com balbuciação diferentes, outros pronunciavam e falavam palavras e frases perfeitamente bem.
Percebemos que algumas delas pronunciam pouco a letra (r) como exemplo podemos citar: fango (frango) e cabito (cabrito), mas nem todas essas crianças tiveram esse ritmo nessa progressão, outros trocam a letra (r) pela letra (l), modificando o sentido da palavra, percebemos a dificuldades que ela tem em pronunciar o verbo “comer”, ela balbuciava “cobi”.
Cada palavra é rica em sentido e diz o essencial daquilo que a criança quer comunicar. Por isso, é muito importante que a família esteja sempre presente no processo de descobertas das palavras da criança, para que ela não se ponha naquele balbucio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme foi mostrado no decorrer deste artigo os balbucios, passam por transformações no decorrer da fase e de verbos.
Essas primeiras palavras, os verbos e frases foram adquiridos durante meses, além de convivência e aprendizagem com sem familiares.
Sabemos que foi muito importante essa leitura e pesquisa, pois nos despertou a curiosidade da linguagem na criança.
Dentro dessa perspectiva levaremos com nós os ensinamentos desse texto que tem o imenso valor de nos favorecer a ampliação dos nossos conhecimentos, que é tratado os balbucios na origem da linguagem do bebê, como uma reflexão e respeito, compreendermos que a linguagem é a principal essência para o crescimento da criança.
BIBLIOGRAFIA
- AIRMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto alegre, 1998. [capítulo 2, p. 55 a 103].
- [*] Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, Curso de letras com Habilitação em Língua Inglesa e Portuguesa, 3º período, Disciplina: Aquisição da Linguagem, Professor: Vicente Martins