Alessandra Bertoldo[1]
“Aprender é a única coisa que a mente nunca
se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.”
(Leonardo da Vinci)
RESUMO
A aprendizagem já vem sendo estudada há tempos remotos, e certamente ela será sempre palco de diálogos. A forma que se dá, as transformações causadas por ela na vida do ser humanos, animais e do planeta, etc. O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas. O presente artigo trata de uma breve análise de sua importância na vida do ser humano.
Palavras-chave: Aprendizagem, importância, ser humano
ABSTRACT
The learning has been studied for time immemorial, and certainly it will always be the scene of dialogue. The way that happens, the changes it causes in the lives of human beings, animals and the planet, etc.. The human being is born potentially inclined to learn, requiring external and internal stimuli (motivation, need) to learn. There are lessons that can be considered native, as the act of learning to talk, to walk, needing to go through this process of physical maturation, psychological and social. In most cases the learning takes place in the social and time in which the individual lives, their behavior changes, usually by these factors, and genetic predisposition. This article is a brief analysis of its importance in human life.
Keywords: Learning, importance, human
A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
A importância da aprendizagem depende da vida de cada espécie. Se dá de forma gradativa e essa capacidade é voltada principalmente ao uso desse aprendizado. Seu desenvolvimento está atrelado ao meio em que vive ou da importância a que se é dado. "Cada animal tem a capacidade de aprender o que precisa para resolver os problemas de sua sobrevivência e de sua reprodução", afirma o etólogo[2] César Ades, da Universidade de São Paulo (USP). Os elefantes, por exemplo, são capazes de emitir mais de 75 tipos de sons em diferentes ocasiões. A manada é liderada pela fêmea mais velha, que decide o destino do grupo. No caso de a região onde habitam sofrer com a falta d’água, é ela quem determina que caminho seguir. Os animais inferiores, por sua vez, as atividades aprendidas, são apenas reações desenvolvidas por seus organismos. Já os protozoários nascem com seus organismos praticamente desenvolvidos por causa disso têm pouca capacidade de aprendizagem e o que conseguem absolver não adiciona muito a sua vida. Em contra partida o homem é o único animal que possui pouca reação inata.
“O cão e a árvore também são inacabados, mas o homem se sabe inacabado por isso se educa . A educação é uma resposta da finitude da infinitude . A educação é possível para o homem , porque este é inacabado e sabe-se inacabado . Isto leva-o A sua perfeição . O homem deve ser sujeito de sua própria educação , ninguém educa ninguém , o homem como ser inacabado , está em constante busca com outros seres . A sabedoria parte da ignorância . Não há ignorantes absolutos.” (FREIRE, 1981,p. )
O homem difere-se dos outros animais porque pensa. O homem apesar de um animal, ele é um ser racional, pensante e inteligente. Ele usa de sua consciência para analisar seus atos, planejar suas tarefas e executar seu trabalho, modifica seu meio ambiente e atua de forma direta sobre seu próprio ser. A pesar disto, é lamentável que o homem faça de sua inteligência arma para lutar contra si mesmo, destrói matas, fabrica armas e mata seu semelhante por puro prazer.
É perceptível que à medida que o animal, seja ele qual for, ascende em sua escala evolutiva ele decresce em seus comportamentos instintivos. Quando um animal aprende e esse aprendizado está sendo aproveitado ele se desenvolve e passa a usar ainda mais sua capacidade de pensar, em quaisquer situação ele vai tentar resolver seus problemas e aperfeiçoar suas técnicas. Com o homem isso não é diferente, quando aprende, ele aperfeiçoa suas técnicas para resolver seus problemas, seja ele qual for social, pessoal, profissional ou até mesmo seu modo de vida. Acredita-se que isso acontece porque o homem, de todos os animais é o que menos têm reações inatas, pois sua infância é mais longa e o mesmo possui capacidade de tirar proveito das coisas.
Podemos observar este aperfeiçoamento de aprendizagem através da história. No Neolítico após desenvolver a agricultura o homem deixou de ser nômade para ser sedentário. Nesta mesma época veio também a doméstificação de animais, a divisão de trabalhos entre homens e mulheres, e a cerâmica. Abrindo mão de uma vida de “viagens” ele passa a modificar o meio ambiente para seu bem-estar e melhoria de sua sobrevivência.
Com o passar dos tempos tornou-se necessário uma forma mais eficaz para a comunicação. Então obteve-se o aparecimento da escrita. O surgimento da escrita está diretamente voltado ao comércio, pois com o seu crescimento houve a necessidade de contabilizar os produtos comercializados, os impostos arrecadados, os funcionários do Estado e o levantamento da estrutura das obras, que exigira a criação de um sistema de sinais numéricos, para a realização dos cálculos geométricos.
Com o comércio vieram as feiras e com elas graves doenças que causaram elevado índice de mortalidade, como por exemplo a “Peste Negra”. Em meados do século XVI, essa terrível doença foi responsável pela morte de quase um terço da população européia. Proveniente do Extremo Oriente, a "Peste" chegou até o continente europeu através da rede comercial que durante a Baixa Idade Média interligava a Ásia ao "Velho Mundo". Causada por uma bactéria presente na urina de roedores que atravessavam os mares juntamente com as valiosas mercadorias orientais, a "Peste Negra" manifestou-se de diferentes maneiras no organismo das pessoas infectadas, afetando mortalmente os pulmões e a corrente sangüínea, de forma a se produzirem tumores que surgiam no pescoço, nas axilas e nas virilhas. Logo depois aparecia a febre alta, o delírio e, finalmente, a morte. Extremamente contagiosa, a doença rapidamente se alastrou nas cidades medievais e, em seguida, atingiu também de forma avassaladora as áreas rurais. Naquela época não se conheciam as causas da "Peste", explicando-se o grave problema como um grande castigo divino. Mas a pesar da grande dificuldade e precariedade da época e conturbações trazidas por esta pandemia o homem viu-se na necessidade de desenvolver um antibiótico para o tratamento da mesma. A partir daí foi descoberto um dos primeiros medicamentos da história da humanidade. Com estes exemplos podemos concretizar que o homem tem reações condicionadas aos fatos.
“Através dos séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de aproveitar-se das experiências e das descobertas das gerações anteriores, como também, por sua vez ofereceu sua contribuição para o crescente patrimônio do conhecimento e das técnicas humanas.” (CAMPOS, 1983, p.15)
Uma das maiores generalizações da ciência biológica é que todo o organismo vivo tende a variar suas atividades em resposta à mudança das condições do ambiente. Quando as circunstâncias externas modificam-se, os animais procuram adaptar-se à nova situação. O gato faminto, por exemplo, dirige-se ao lugar em que normalmente come. Não encontrando o seu alimento, busca outras alternativas até saciar a sua fome. Por outro lado, os pássaros deslocam-se de um lugar para outro, a fim de se ajustarem às condições climáticas. Toda a aprendizagem é resultante da busca de uma equilíbrio vital, que é fraturado pela nova situação que torna-se estimuladora, para a qual o sujeito não se dispunha de respostas automáticas ou adequada àquela ocasião.
A eficiência da aprendizagem está diretamente ligada à existência de problemas, que vão surgindo na vida do aprendiz, que lhes leve a uma situação de insegurança, tendo em vista o resultado de seu fracasso. Por esse medo de fracassar o educando busca cada vez mais se superar em relação aos seus métodos de resolução. É evidente que a aprendizagem depende de inúmeras condições, que freqüentemente atuam inter-ligadas: idade, ambiente sócio-cultural, experiências anteriores, necessidades, comportamentos, condições ambientais, entre outros. Cada um destes fatores torna-se fundamentes para que o aprendizado seja eficaz.
O ambiente sócio-cultural, por exemplo, vamos comparar duas crianças, onde uma vive numa casinha humilde, revestida de madeira na qual divide o único cômodo com mais sete irmãos, na beira do mangue. Na qual seus pais sobrevivem da venda dos caranguejos que pescam no manguezal e o que ganham com a venda mal dá para se alimentarem. Esta mesma criança vai à escola com muita dificuldade, seu índice de faltas é alto, e sua ausência em sala de aula explica-se por causa da ajuda que ela dá aos seus pais na atividade econômica.
Tentemos visualizar agora uma outra criança, esta vivem em uma grande casa, com todo o conforto que uma criança pode ter, seu pais é um engenheiro reconhecido e sua mãe uma psicóloga disputada por seus pacientes. Esta criança é filho único, lê livros, vai a cinemas, freqüenta cursos de idiomas, estuda em uma escola renomeada e desde quando começou a freqüentar a escola tem sido preparada para o vestibular.
Qual destas duas crianças tem chances de ter um bom futuro? É fato que isso não quer dizer que com um grande esforço a primeira não consiga crescer economicamente, mas as chances são menores em relação às da segunda criança. Ela irá precisar de muito mais força de vontade, estudo e ajuda que certamente será de alguém fora de seu convívio social. Mas além de todos estes fatores que possam levá-la a ascender ela ainda vai depender de seu comportamento, idade (pois cada vez mais velho o cérebro humano tem mais dificuldade de aprender) e fatores emocionais.
O processo de aprendizagem pode chegar a ser definido de forma composta como a forma como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Mas esse processo é complexo e dificilmente pode ser explicado. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao estudar o tema aprendizagem, seria possível defini-lo? Seria possível chegar a uma finidade de um termo tão abrangente quanto este? Sabe-se que até hoje com todo o avançada tecnologia ainda não possível descobrir se com a aprendizagem o que acontece com o sistema nervo. Mas através de observações indiretas é possível constatar que a aprendizagem promove modificações no comportamento. Quando alguém aprende alguma coisa, seu comportamento fica alterado em algum aspecto, mesmo que a mudança não se evidencie imediatamente.
Visto que a aprendizagem é algo tanto inerente ao ser (animais e pessoas) quanto é indispensável à vida. Este artigo pode resumir-se a uma única frase: “A aprendizagem é uma manifestação sistemática do comportamento ou da conduta, pelo exercício ou repetição, em funções de condições ambientais e condições orgânicas.” (CAMPOS, 1983, p.31). Assim observa-se que a variação comportamental depende das condições ambientais e orgânicas. Ainda assim permito-me completar a frase de Campos, que a aprendizagem exige ainda mais que meras condições ambientais e orgânicas, mas também emocionais, sociais, culturais e até mesmo religiosas. Visto que a última torna-se fator crucial em determinados países.
BIBLIOGRAFIA
ADES, C. 1997 "O morcego, outros bichos e a questão da consciência animal", Psicologia USP, São Paulo, vol. 8.
CAMPOS, Dinah Martins de S. Psicologia da Aprendizagem. Vozes (RJ), 1983, 14ª edição.
DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço: os destinos das sociedades humanas. Editora Record (RJ), 2005.
DUBY, Georges. História da vida privada. São Paulo: Cia das Letras, v. 2, 1990.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1981.
JEAN, Georges. A escrita – Memória dos homens. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1983.