A importância da escrita para a construção e compeensão textual

A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA PARA A CONSTRUÇÃO E COMPREENSÃO TEXTUAL

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Autor: Otacílio do Carmo Dantas

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1. INTRODUÇÃO

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A leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento. Está intimamente ligada ao sucesso do ser que aprende. Permite ao homem situar-se com os outros. Possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de experiências. É também um recurso para combater a massificação executada principalmente pela televisão. Através do hábito da leitura, o homem pode tomar consciência das suas necessidades (auto educar-se), promovendo a sua transformação e a do mundo, este se sentirá livre, porque terá a liberdade de expressar sua opinião.

Convém salientar a importância da leitura extraclasse, mesmo sem querer estabelecer oposição coma leitura que se faz na escola e na sala de aula. Ao contrário, nossa visão é processual, ou seja, lê-se na escola, aprende-se a ler na escola para se ler fora dela, e continuamente; lê-se na escola e aprende-se a ler na escola por que, efetivamente, leia-se fora dela. Isso nos coloca, inicialmente, o desafio de fazer a leitura extrapolar sua finalidade estritamente pedagógica. A escola é um espaço de leitura, entre os muitos que há: a família, a igreja, o grupo de amigos, o quarto de dormir... O problema da falta de hábito de ler já começa nas primeiras séries do primeiro grau, em razão dos textos utilizados serem muitas vezes ultrapassados e alienados dos problemas da realidade, não constituindo nenhuma motivação para o aluno.

Garcia (2002, p.301) assegura que “aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e a conectá-las, pois, assim como não é possível dar o que se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprisionou”.

A citação acima evidencia a importância que escrever tem, e não se está falando em escrever por escrever, mas da capacidade de redigir textos, se não gramaticalmente incontestáveis ao menos coesos e coerentes que só podem ser redigidos com a ajuda da mente, daquilo que ela absorveu do que foi lido e interpretado. Considerando a produção de textos na escola, pode-se dizer que cabe aos educadores, portanto, propiciar condições para o aluno exercitar-se na arte de pensar, captar e criar suas próprias idéias, através de atividades que exijam reflexão e produção de um texto; e para alcançar esse objetivo, deve-se utilizar a criatividade, sempre considerando e usando “a palavra” como veículo de expressão do pensamento, desenhando através da escrita um texto original, diferente e de punho próprio.

Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não conseguiram realizar essa aprendizagem. (SOLÉ, 1998, p32)

A escola deve repensar o modelo de atuação no tocante ao ensino - aprendizagem da leitura, partindo de uma visão sócio interacionista da linguagem e enfocando também a importância de uma leitura pontuada par que a mesma seja coesa.

A produção da leitura é uma responsabilidade de todo o corpo docente de uma escola e não apenas dos professores de língua portuguesa. Não se supera uma dificuldade ou uma crise com ações isoladas. Falamos em centros de interesse, em interdisciplinaridade, em construção coletiva do conhecimento, em integração, sequenciação e unidade curricular, mas não colocamos tais esquemas pedagógicos em prática. (SILVA, 2000, p.24)

2. DESENVOLVIMENTO

O ensino de leitura deve ter um caráter interdisciplinar sintonizando teoria e prática para a construção coletiva do conhecimento. Ao colocar a habilidade de ler e escrever ainda como desafios é formar o leitor para compreender e conhecer esse modo de ser oral de nossa cultura, este que disputa com a tradição escrita. Situá-los nesse ambiente de turbulência cultural, enfrentando-o, sem negá-lo, estar em seu meio e a partir dele, utilizar seus recursos, dirigir uma proposta política, ética e estética ao aluno, para integrá-lo a uma compreensão de mundo que vise à interação com tudo que esta carrega de coerências e contradições para que estes fiquem convictos de que escrever é expressar idéias, conceitos, informações, sentimentos, sensações de maneira clara, coesa e coerente com aquilo que se deseja e cabe ao professor ensinar-lhe a selecionar e manipular tanto palavras e frases como idéias, conceitos e informações para que possam obter o resultado desejado em sua produção textual. Segundo Rubem Alves:

Bom seria que o professor dissesse aos seus alunos: Leiam esse livro... Ruminem. Depois de ruminar, escrevam os pensamentos que vocês pensaram, provocados pelos pensamentos do autor. Os pensamentos dos outros não substituem os seus próprios pensamentos. Somente os seus pensamentos estão vivos em você. Um livro não é para poupar-lhe o trabalho de pensar. É para provocar o seu pensamento. (CARNEIRO, 2001 apud ALVES)

À medida que um bom leitor descobre o significado literal de uma passagem, ele se envolve em vários passos, isto é, faz referência, vê implicações, julga a validade qualidade, eficiência ou adequação das idéias adquiridas ás novas situações, soluciona  problemas e integra as idéias lidas com as experiências prévias .A aprendizagem da leitura sempre se apresenta intencionalmente como algo mágico, senão enquanto ato, enquanto processo da descoberta de um universo desconhecido e maravilhoso. Segundo Freire (1998).”ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo; os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.

Rangel (2004) salienta o papel da escola no estabelecimento de impressões entre leitor e texto, na medida em que, segundo o autor, quando as atividades empregadas em sala se restringem ao aspecto da lingüística e da mera decodificação acabam por distanciar o aluno da leitura. A escola, nesse contexto, auxilia o aluno na tarefa de ler e de decodificar signos, mas não o ajuda na formação de leitor, por não aceitá-lo como sujeito ativo desse processo e por não considerar o aspecto social e interativo da leitura. Souza reafirma este pensamento dizendo:

Leitura é basicamente o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade. (SOUZA, 1992, p.22).

O mercado está cheio de livros didáticos sem sustentação filosófica e teórica e, muitas vezes, ainda conta a incompetência profissional do educador para orientar corretamente esta prática. É preciso lembrar que a educação do ser humano envolve sempre dois fatores: formação e informação. Segundo Rangel (1990), ler é uma prática básica, essencial para aprender. Nada substitui a leitura mesmo numa época de proliferação dos recursos audiovisuais e da Informática. A leitura é parte essencial do trabalho, do empenho, de perseverança, da dedicação em aprender.

O hábito de ler é decorrente do exercício e nem sempre se constitui um ato prazeroso, porém, sempre necessário. Por este motivo, deve-se recorrer a estímulos para introduzir o hábito de leitura em nossos alunos. É neste momento que as novas metodologias de ensino precisam ser aplicadas em sala de aula, buscando livros atuais, que detenham a atenção do alunado, para que este interaja nos grupos de leitura, e desperte o interesse pelo hábito de ler. Sem uso dessas metodologias diferenciadas, ocorrem leituras em que não existe compreensão de idéias, será uma mera reprodução de palavras ou trechos veiculados pelo autor do texto. Infelizmente, esse tipo de leitura é uma constante nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio e até mesmo no ensino superior. Os alunos, numa situação de desespero, principalmente por se sentirem incapazes de realizarem as tarefas propostas, desmotivam-se, aparecendo como resultado a repetência e a evasão escolar. Surge também o “pacto da mentira “ :os alunos fingem que leram e compreenderam os textos e os professores fingem  que acreditam. Daí a importância de eliminar os “ledores” e formar os “leitores”, tão necessários a nossa sociedade brasileira. No ensino, não basta discutir ou teorizar o valor da leitura. É preciso construir e levar a prática que a leitura venha a ser cada vez mais sedimentada na vida do educando.

3. CONCLUSÃO

Os professores precisam assumir seu real papel na formação de cidadãos com visão crítica, e esta visão só partirá do aluno, a partir do momento em que este criar o hábito pela leitura e para tal é indispensável a presença  do facilitador no processo de aprendizagem , despertando no alunado a consciência da importância da leitura tal como seu hábito constante, se não diário. Os alunos atuais assim como o sistema educacional clamam por um professor comprometido com a prática pedagógica. ”É preciso formar o professor investigador e reflexivo. Para tanto necessita-se  que o professor seja um observador, leitor e tenha produção textual própria. É impossível sensibilizar os alunos para a leitura, se o professor não tem o hábito de ler”.(HENGEMUHLE,2004p.136)

Um dos efeitos da leitura é o aprimoramento da linguagem, da expressão, tanto individual como coletivamente, quando se fala que a leitura e seu hábito são de fundamental importância, se está mais que falando em simplesmente adquirir capacidade de escrever, mostrando e comprovando que a leitura, traz a quem ler conhecimento de mundo, culturas diferentes e vocabulário, provoca opinião do leitor, desperta sua visão crítica, o transformado em um ser capaz de interagir com outros independentes de qualquer posição social e o capacita para produzir textos coesos, concisos e coerentes.

O leitor ativo é ativo que processa, critica, contrasta e avalia a informação que tem diante de si, que a desfruta ou a rechaça, que dá sentido e significado ao que lê. Isso que hoje nos parece tão natural e indiscutível, e me favor do que nos dispusemos a dirigir os esforços nas pesquisas e no ensino. (TEBEROSKY, 2003, P.21)

O leitor competente é aquele que procura ler e entender os textos que circulam socialmente ao seu redor, e a partir dessa leitura e de seus conhecimentos pragmáticos, ascender socialmente e profissionalmente.

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Moacir Alves. LDB Fácil: Leitura critica. SP; Cortez, 2001

FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. POA, Artmed, 1986.

HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.