A Linguagem do Deficiente Auditivo
Fala e comunicação gestual: as linguagens do deficiente auditivo
A comunicação do deficiente auditivo (erroneamente chamado de surdo-mudo), suas formas de linguagem, influenciam em seu modo de pensar, de compreender e de aprender.O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A linguagem está relacionada a diversas questões inerentes ao deficiente auditivo,como a oralização (a fala), a leitura labial, o bilinguismo e os tratamentos adequados, que facilitam a inclusão do portador de deficiência auditiva.
A perda auditiva implica em várias mudanças, desde psicológicas a sociais e emocionais. Pergunta-se comumente se essa perda influencia na dificuldade ou até impossibilidade da fala. Nós, especialistas, apontamos que sim. A surdez é a perda da capacidade de ouvir o som em seu aspecto natural, resultando na incapacidade da linguagem oral.Há grande possibilidade de um surdo falar,através de exercícios fonoaudiológicos,aos quais chamamos de surdos oralizados.Também é possível um surdo nunca ter falado,sem que seja mudo,mas apenas por falta de exercício.A mudez só existe quando o indivíduo está impossibilitado de emitir sons.
A questão é que aprendizagem e linguagem caminham juntas. A falta da capacidade de falar acarreta a uma criança surda um déficit no seu desenvolvimento cognitivo, na aprendizagem e na interação social. O modo como aprender, compreender e se relacionar com outras pessoas fica debilitado. Infelizmente, ainda existe atualmente uma enorme lacuna entre o indivíduo ouvinte e o surdo, devido a uma espécia de falha nas trocas de informações durante a comunicação. Por ocasião dessa deficiência fonoarticulatória, o indivíduo surdo afasta-se,isola-se,deixando de ter convívio social.
Como a perda auditiva prejudica o entendimento da fala?Vai depender da perda auditiva.É importante lembrar que mesmo a criança com perda auditiva leve pode causar sérias conseqüências no desenvolvimento da fala,da linguagem e no rendimento escolar.
A pergunta que muitos pais fazem sem cessar:O meu filho é surdo,mas irá falar?Muitas crianças deficientes auditivas conseguem falar de maneira inteligível utilizando o resíduo auditivo e a leitura dos lábios.Alguns fatores são determinantes para o desenvolvimento da fala e linguagem ,como a quantidade de resíduo auditivo;realização de terapia fonoaudiológica e o envolvimento dos pais.
A linguagem é um processo de transmissão natural e espontâneo, não imposto, e por isso é de fundamental importância. No caso dos surdos não deve ser diferente, por isso a importância da aprendizagem da língua de sinais, que passa a se tornar sua língua natural.
Há ainda estudiosos que defendem a chamada abordagem bilinguista, que nada mais é do que a ação inclusiva do deficiente auditivo unindo o processo de aprendizagem de libras e da oralidade, promovendo a tentativa de uma Comunicação Total. A união das linguagens gestual e oral parece ser a opção que oferece maior ganho e funcionalidade ao surdo, garantindo maior autonomia ao sujeito, seja nos estudos, no traballho ou nas relações sociais. Há, no entanto, uma série de variáveis que conduzem a escolha do caminho a ser seguido. Como diria o sábio ditado popular, “cada caso é um caso”.
Segundo Vigotsky, poder se comunicar é existir no mundo. Um deficiente auditivo que recebe um devido acompanhamento, médico e familiar, adquire a capacidade de acessar dois códigos, tanto o oral quanto o gestual, que lhe dá a oportunidade de se comunicar com outros deficientes auditivos através da língua de sinais e com os demais falantes através da fala.
O processo de oralização (aquisição da fala) do deficiente auditivo pode acontecer simultaneamente ao aprendizado das libras. Tal processo acontece através de outras percepções da produção da fala, permitidas por outras vias de acesso, como os aparelhos auditivos, o treino tátil, a percepção visual da fala (leitura labial), e muitos outros recursos. Eles levam a pessoa com deficiência a perceber como o som é produzido. Com treino e perseverança, logo ela será capaz de reproduzi-lo também.
A leitura orofacial ou simplesmente leitura labial é a habilidade que uma pessoa com deficiência auditiva tem de compreender o que as outras pessoas lhe falam através da observação do movimento dos lábios e da expressão facial como um todo.
O ideal é utilizar o treino auditivo(se ainda restar resíduos auditivos) e o visual, pois juntos garantem uma comunicação mais efetiva. Na inclusão bilíngue, o processo de oralização exige um diagnóstico precoce, a utilização de aparelhos auditivos e o acompanhamento médico.
As crianças que não apresentam boa adaptação com aparelhos auditivos podem ser candidatas ao uso de implante coclear: um processo cirúrgico no qual é implantada uma prótese. De um modo geral, o implante coclear está indicado para pacientes que tem surdez sensorial e bilateral e que não obtiveram resposta satisfatória com o uso de próteses auditivas convencionais.
Devemos estar cientes de que a linguagem do deficiente auditivo é um processo lento e gradual. Cabe à escola, à família e aos profissionais envolvidos oferecer recursos para um adequado processo de aprendizagem. A linguagem deve ser vista sempre como um instrumento de inclusão social, que precisa ser estimulado, independentemente da maneira com a qual o deficiente melhor se adapta. O importante é garantir a todos o direito de se comunicar.