As redes de comunicações darão a volta por cima dos países?
Da última vez em que houve uma relvolução nas comunicações de mão dupla, com o telefone, as pessoas saíram de uma situação em que todos os seus amigos e atividades eram locais e entraram noutra em que podiam ter amigos e contatos à distância. Agora estamos levando essa supressão da distância a um nível absolutamente novo.
Com as comunicações multimídia interativas, pode-se ver pessoas através de imagens digitais e fazer o intercâmbio de grande quantidade de informações, detalhadas e complexas, instantaneamente e a enormes distâncias. Pessoas comuns, vivam onde viverem neste planeta, poderão se "encontrar" e manter contato.
Claro que, num mundo assim, as fronteiras que outrora moldaram nossa identidade essencial não significarão muito. A noção de "pertencer a um determinado país" não terá tanta força para os indivíduos como tinha antigamente.
Sob muitos aspectos, isso é muito bom, especialmente porque uma pessoa poderá ter acesso a conhecimentos em qualquer parte do mundo ou achar e contatar pessoas que tenham os mesmos interesses. Mas em termos de proteção dos valores culturais, poderá também ser uma ameaça. Poderemos acabar tendo culturas menos distintas que antes, e isso é muito triste.
Sei que há pessoas que falam numa grande diversidade de culturas virtuais, mas cultura é uma palavra de sentido amplo e difuso. Naturalmente as pessoas formarão comunidades específicas à distância, compartilhando pensamentos e idéias, como a Comunidade E mCristo, uma Rede Social para Evangélicos.
Os meios de comunicação permitem que as pessoas se organizem de formas diferentes, sem se preocupar com a distância. Mas será isso uma cultura totamente nova? Comunidade Nova, sim. Mas cultura? Não estou tão certo...
No que se refere aos jornais, por exemplo, penso que se poderá receber as manchetes normalmente, ou chamar na tela do computador apenas os títulos que atendam a interesses específicos. As pessoas vão querer um misto de ambas, saber o que outros estão lendo e os resultados de seus esportes favoritos.
A propensão a selecionar as informações aumentará. Hoje, os leitores já folheiam os jornais e passam por cima de determinados assuntos. Alguns, como THE WALL STREET JOURNAL, têm um índice que mostra quais ações ou notícias sobre negócios podem interessar pessoalmente a cada um. No futuro, tal exercício será incrivelmente enriquecido, porque todas as informações disponíveis serão relacionadas em índies de acordo com as prefêrencias que o leitor indicar explicitamente.
A tela do computador ainda não é tão boa quanto o papel, razão por que uma solução híbrida surgirá neste período de transição, em que se pode encontrar no índice do computador o que se quer e, então, fazer uma cópia em papel, para ler.
Desde que os direitos à informação sejam adquiridos, em futuro não muito distante o consumidor conseguirá compor seu próprio jornal na tela do computador - extraindo uma série de matérias publicadas - e imprimi-lo ou distribuí-lo.
Na área de ensino, então, um estudante poderá se sentar diante de um terminal e se dedicar a um tema de acordo com seu interesse. Dessa forma o estudante não receberá conhecimentos fragmentados, pois poderá sondar todo o quadro, verficando como as coisas têm relação entre si. Essa capacidade de aprender exercitando a curiosidade e tendo uma retribuição positiva é, creio, um grande salto no ensino.
E como não haverá equipamentos em número suficiente para todos os estudantes usarem o computador ao mesmo tempo, e porque os alunos que optarem pelo aprendizado de coisas diferentes precisarão se reagrupar para a solução conjunta de problemas, algo semelhante à sala de aula atual permanecerá.
É de prever que a sala de aula diminua, pois metade dos estudantes, em determinado período, estará fora, pesquisando ou conversando com outros estudantes via correspondência eletrônica. Em vez de cada professor começar da estaca zero, um determinada classe poderá chamar na tela a melhor exposição de um mestre, de qualquer ponto, para uso próprio.
Em decorrência de tudo isso, o tempo de permanência diária na escola mudará. A exposição do professor durará um terço do dia/aula, bem menos que a média atual de 70%; outro terço será destinado ao trabalho em pequenos grupos para solucionar problemas; e o terço restante servirá para o uso da rede de comunicações no estudo de um tema "quente" pra o estudante, que se submeterá a testes para verificar seu nível de parendizado.
A capacidade para este tipo de educação se desenvolve rapidademtne, por causa dos CDs. Agora precisamos garantir que a qualidade do conteúdo atenda às necessidades.
Já na área de diversões, a rede de banda larga não poderá ser financiada com base numa só aplicação, como a transmissão de filmes sob encomenda. Embora o sistema de discagem para encomendar um vídeo possa tornar obsoletas as locadoras, quando estiver implantando, apenas faz sentido invesitr numa rede de mão dupla se ela puder atender a todos os tipos de nececssidades interatias do consumidor, da educação à medicina, às finanças, às finanças pessoais, à composição de jornais sob medida, às telecompras, e assim por diante. É preciso ter algo pelo que o consumidor queira pagar, pois do contrário será apenas um grande desperdício de dinheiro. O vídeo sob encomenda dará dinheiro, mas não bastará.
Ao contrário da radiodifusão ou do videocassete, o acesso de mão única às diversões não é lucrativo a ponto de merecer ingresso na banda larga.
No setor empresarial, as companhias terão acesso tão fácil através da rede, para fazer consultas que a coleta de informações se tornará um grande aspecto dos negócios. Uma empresa poderá localizar e contratar as pessoas mais qualificadas e instruídas quando precisar delas, pouco importando onde quer que estejam.
Isso significa que a dimensão média das empresas será reduzida e a necessidade de se instalar num núcleo urbano diminuirá, a exemplo do comparecimento diário ao local de trabalho. Da mesma forma, quando esse tipo de estrutura empresarial se disseminar, os congestionamentos de trânsito, o preço dos imóveis e outros aspectos da vida urbana atual serão radicalmente influenciados.
A revolução das comunicações
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