A Territorialidade do Semi-Árido Nordestino

A TERRITORIALIDADE DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO

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Marcelo Cavalcante Nunes Morgado

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Graduando Licenciatura Plena em Geografia – UEPB.

RESUMO

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Evidencia a nova delimitação do Semi-árido brasileiro marcado pelo solo pedregoso e pela vegetação escassa e de pequeno porte onde se encontra a Caatinga, que tem o clima semi-árido que é caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico. Situada numa área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão. Onde a formação do semi-árido brasileiro estende-se por uma área que abrange a maior parte de todos os Estados da Região Nordeste, além do Sudeste também, ocupando uma área total de 982. 563,3 km². Sendo um sistema sub-regional que engloba boa parte do Agreste e do Sertão. Onde prevalecem as pequenas e médias propriedades rurais policulturas e a pecuária leiteira. Pelo seu desenvolvimento que fornece ao maior mercado consumidor do Nordeste – A Zona da Mata. De tal modo que atualmente pelos períodos das incertezas políticas, percebe-se a carência de investimentos em infraestruras como a melhoria da agricultura irrigada sustentável e a falta de grandes ações estratégicas integradas para o progresso da região do Semi-árido. Este trabalho procura analisar de forma físico-ambiental, com o objetivo em observar, conhecer, entender e refletir as principais características do local onde vive as paisagens e os espaços geográficos do Semi-Árido. Valorizando os principais recursos naturais existentes na região e procurando viabilizar o aumento socioeconômico da terra, reforçando essa área através das atividades produtivas, pela sua diversidade cultural como os centros urbanos sub-regionais que provocam o desenvolvimento desse espaço regional. Capacitando as suas pontecialidades, através de seus recursos naturais viventes em ações que marcam garantir os padrões de qualidade econômicos de muitas possibilidades sociais e ambientais dentro da sua unidade de conservação, que é o Semi-Árido Nordestino. De tal modo, que essa região, precisa de condições que beneficiem os investimentos de complexos e segmentos produtivos a serem instaladas em processo de efetivação como: as novas alternativas agrícolas para a produção do biodiesel, a agricultura irrigada, as oportunidades turísticas e a expansão dos complexos industriais. Dando relevância à necessidade de integrar o fortalecimento das atividades produtivas frente às questões ambientais, para as mudanças no uso da terra e na produção de biomassa em ambientes semi-áridos, na suscetibilidade natural dos solos aos processos de desertificação, num cenário de mudanças climáticas no nordeste semi-árido frente à seca.  Para compreensão dessa realidade e nas diversidades dinâmicas que compõem essa territorialização sócio ambiental do Semi-Árido do Nordeste Brasileiro.

Palavras-chave: Territorialização, Sustentabilidade e Potencialidades.

INTRODUÇÃO

Temos notado que o clima Semi-Árido Brasileiro está presente nas regiões Nordeste e Sudeste, correspondendo a uma área de 982.563,3 km², abrangendo ao todo nove estados brasileiros. Os oito Estados que formam à região Nordeste (Piauí, Rio grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) e um Estado da região Sudeste (parte norte de Minas Gerais). Sendo a região semi-árida mais populosa do mundo, com aproximadamente 20 milhões de pessoas se distendendo por uma área que envolve a maior parte de todos os Estados da Região Nordeste com 86,48% e também na região setentrional do Estado de Minas Gerais com 11,01% e no norte do Espírito Santo com 2,51%.

Este clima é determinado por quatro dos principais teores de circulação atmosférica. Ao cruzar pela região, geram longas estações secas e chuvas ocasionais limitadas em poucos meses do ano. A precipitação pluviométrica é em média cerca de 800 mm/ano, de feitio bastante irregular no espaço e no tempo. Por sua vez, as médias térmicas anuais oscilam entre 24 e 29°C tendo uma pequena mudança sazonal exercendo um forte efeito sobre a evapotranspiração que determina o seu déficit hídrico. Sendo o maior obstáculo para o serviço do semi-árido pelo valor da irrigação, através da fixação do homem. Principalmente nas zonas rurais da região em condições sustentáveis.

É por isso, que o seu clima é mundialmente conhecido como nas regiões e de climas das zonas próximas aos desertos das estepes semi-áridas da Sibéria. É um clima de transição, caracterizado em proporcionar chuvas insuficientes e mal difundidas ao longo do ano, sendo localizado tanto em regiões tropicais (onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro) quanto em zonas temperadas (onde os invernos são frios).

De fato, as regiões semi-áridas se caracterizam por oferecer um baixo nível de Sustentabilidade hídrica, sendo uma região menos dinâmico-competitiva e por apresentar precárias condições de vida em toda a sua extensão e principalmente definido pela grande inconstância e pela vulnerabilidade climática, passando por distintas delimitações de precipitação pluviométricas.

Neste aspecto, o Semi-Árido brasileiro é historicamente experimentado pelo encontro de baixas médias de precipitações pluviométricas. Que adjacente com outras espécies ambientais, produz a semi-aridez climática e a incidência das secas. Onde são conexas às vulnerabilidades ambientais, decorrentes do manejo inadequado da Caatinga, a uma população vulnerável, sob vários aspectos, adquirindo proporções de um desastre, com número de vítimas semelhante ao de outras catástrofes, a exemplo de inundações ou terremotos. Através da sua realidade natural de afrontar às variedades climáticas, demonstradas em longos tempos de estiagens, de carência de investimentos em infra-estruturas e no aumento do ingresso às políticas sociais, o Semi-Árido Brasileiro configura-se em uma das regiões mais pobres do país.

Assim sendo, será necessário buscar novos conceitos que possam superar e realizar obras contra as secas. Oferecendo ajuda em diversas situações de epidemia no convívio com o semi-árido. Numa expectativa em organizar políticas públicas e privadas que garantam alta qualidade sustentável sócio-econômica e ambiental na região sofrida do território do Semi-Árido Brasileiro. De acordo com Andrade, sobre a importância do Território para a Região afirma.

O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado à idéia de domínio ou de gestão de uma determinada área. Assim, deve-se ligar sempre a idéia de território à idéia de poder, quer se faça referência ao poder público, estatal, que ao poder das grandes empresas que estendem os seus tentáculos por grandes áreas territoriais, ingnorando as fronteiras políticas. (ANDRADE,1998.p.213)

Além disso, o Semi-Árido Nordestino é uma região conhecida como o Polígono das Secas, que obedece a quase todo o sertão nordestino e aos vales médios e baixos do rio São Francisco. Suporta a influência da massa tropical atlântica que, ao atingir à região, já se depara com pouca umidade, oferecendo elevadas temperaturas e chuvas escassas, sendo imprevisíveis e mal difundidas durante o ano. Em certos momentos, nos meses de fevereiro, março e abril. Essa massa equatorial chega ao litoral norte da Região Nordeste atingindo o Sertão, ocasionando chuvas intensas.                               

Por isso, que o Semi-Árido Nordestino tem características bioclimáticas como: A insolação média de 2.800 h/ano, com temperaturas médias anuais 24 a 29° C. Pelo regime de chuvas marcadas pela irregularidade (espaço/tempo). No Domínio do Ecossistema Caatinga pela sua diversidade com solos em sua maioria, areno-argilosos e cristalinos com substrato dominante. Possuindo limitações pluviométricas e baixa retenção dos solos de rios temporários com águas subterrâneas com bacias sedimentares ou cristalinas e bacias sedimentares de boa vazão e qualidade em 57,53 % da área do Nordeste.

Nesse caso, só através de incentivos de produtividade na região do Semi-Árido Nordestino, por meio de uma eficiente intervenção estatal e privada, voltada para a eliminação dos efeitos que desestruturam as regiões decorrentes das adversidades climáticas a que está submetido geograficamente. Cujo nível de desenvolvimento do Semi-Árido Nordestino permanece inferior ao descoberto em outros espaços da Região Nordeste, como a Região Litoral–Mata, o Agreste, o Meio Norte ou os Cerrados.

É preciso apontar estratégias e ações voltadas para o progresso da região semi-árida brasileira que causam em instituir alguns alicerces da sua configuração socioeconômica, dando como pressupostas suas vicissitudes climáticas e fragilidades ecológicas e ambientais discutidas com mais pertinência.

Inclusive no Sertão para a produção de biodiesel de mamona, que será instigada com o objetivo de gerar a inclusão social, na diminuição das desigualdades e da pobreza e garantindo a assiduidade do processo econômico. Ajustando o território do Semi-Árido como potencial produtor de biocombustíveis, sempre utilizando­ desta opção para incluir na prática os acanhados agricultores carentes de alternativas rentáveis. Numa ação que buscará promover a concorrência do cultivo na região, caracterizando a competência produtiva e tecnológica da mamona para o mercado de biodiesel.

Portanto, é estabelecer uma Política Agroindustrial, Turística e Ecológica, adotando diversas tecnologias de mais fácil acesso aos trabalhadores rurais e que sejam mais adaptadas à realidade nordestina. Como também, colocando a agricultura irrigada nas áreas onde existir disponibilidade de água e ampliando a agricultura seca, com as plantas xerófitas (que resistem à falta de água), num ciclo vegetativo curto, beneficiando as matérias-primas locais, visando de modo economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente sustentável. Dinamizando com o devido tratamento político e adequando pelas técnicas de produção, conduzindo a região para o desenvolvimento sustentado capaz de elevar a qualidade de vida da população regional do Semi-Árido.

AS POTENCIALIDADES DO SEMI-ÁRIDO

O semi-árido brasileiro é um território enorme, com o dobro de habitantes que Portugal, uma região que caberiam a França e a Alemanha juntas. Essa imensidade não é constante. Trata-se de um apropriado mosaico de lugares naturais e grupos humanos. Dentro desse conjunto bastante diversificado, descobre problemas inadequados à região, o acesso à água, por exemplo, e outras, genéricos como a desigualdade entre homens e mulheres. Onde a um confronto do patrimônio desta terra com o esvaziamento dos ambientes rurais e o emprego desordenado do espaço civil nas cidades de médio porte. Ressaltando ainda, como os agricultores familiares que plantam no sequeiro, colonos e grandes empresas de agricultura irrigada com famílias sem terra, que conseguem fazer assentamentos para muita gente com pouca terra. Deste modo, pretende-se deixar claro que o problema é complexo e possui uma visão metódica, que deve ser respeitado em diversos aspectos pelas suas inter-relações, atribuindo uma grande articulação na região do Semi-Árido Nordestino.

Vale lembrar, a caatinga e os demais ecossistemas do semi-árido como: a sua flora, a fauna, as paisagens, as aquarelas rupestres, os céus extasiantes que educam um ambiente privilegiado no mundo e concebem potenciais extremamente promissores, no progresso dos pólos de agricultura irrigada em fundamentos de tecnologia moderna, onde tem um alto potencial de geração de emprego, renda e divisas. Enfatizando o cultivo para frutas, oleráceas e cana-de-açúcar, que tem uma forte extensão da produção e um aumento no expressivo setor exportador de frutas, vinhos finos tropicais.

Nesse sentido, equivale a considerar que essas potencialidades agregam valores para a região. Na evolução da indústria de laticínios, pelo dinamismo e na variedade da base econômica, urbana local de segmentos para indústria e de serviços. Sendo fontes de riquezas de origem mineral, vegetal e animal. Como as indústrias de ovino-caprino cultura, piscicultura, fruticultura irrigada, olericultura, vinicultura, o artesanato, prosperando na boa base inicial de cooperativas e associações da Região do Semi-Árido. De acordo com Andrade, sobre advento das novas territorialidades afirma.

A formação de um território dá às pessoas que nele habitam a consciência de sua participação, provocando o sentimento da territorialidade que, de forma subjetiva, cria uma consciência de confraternização entre as mesmas. (ANDRADE,1998.p.214)

Diante deste cenário, a maior potencialidade que merece mais investimentos é sem dúvida o Turismo. Visto porque, é uma opção econômica que desenvolve uma enorme variedade de segmentos, como: as visitas a sítios arqueológicos e áreas de preservação cultural, religiosos, científicos, agroturismo, ecoturismo, no turismo de aventuras e desportivos, especialmente volvidos para a prática do turismo no meio rural. Reconhecendo o Semi-Árido Nordestino, na assimilação desses encantos turísticos, descobrindo a identidade cultural do homem do campo na revalorização das feiras livres, onde o artesanato e a própria culinária local servirão como incentivo cultural e econômico. Permitindo a autoconfiança do sertanejo, pela ascensão social através do aumento na produção econômica local. De acordo com SANTOS, através do retorno do território, garante.

É a partir dessa realidade que encontramos no território, hoje, novos recortes, além da velha categoria região; e isso é um resultado da nova construção do espaço e do novo funcionamento do território, através daquilo que estou chamando de horizontalidades e verticalidades. As horizontalidades serão os domínios da contigüidade, daqueles lugares vizinhos reunidos por uma continuidade territorial, enquanto as verticalidades seriam formadas por pontos distantes uns dos outros, ligados por todas as formas e processos sociais. (SANTOS, 1998.p.16)

CONCLUSÃO

Dessa forma, a territorialização do Semi-Árido Nordestino, apresenta basicamente as habituais desertificações que podem ser caracterizadas pela falta, insuficiência, alta variabilidade espacial e temporal das chuvas. Pela seqüência de anos seguidos de seca, condicionando intensamente a coletividade regional através do meio ambiente, a continuar a viver especialmente de atividades econômicas vinculadas necessariamente à agricultura e a pecuária. Procurando sempre realizar a melhor aplicação possível das espécies naturais desfavoráveis, apoiadas em fundamentos metodológicos, utilizando na extensão dos casos, tecnologias tradicionais. Apesar da urbanização advinda nos últimos anos pelo ofício capital de sua força de trabalho através da agropecuária. A estrutura fundiária é bem centralizada, ainda que seja crescido o número de pequenos estabelecimentos ou unidades de lavoura familiar.

Reconhecendo que ambientalmente, grande parte dos solos se expõe muito degrada em função das vulnerabilidades climáticas do Semi-Árido. Pela insuficiência dos recursos hídricos e os elevados níveis de poluição de suas águas, ocasionando a flora e a fauna uma grande ação predatória do homem. Através dos delicados ecossistemas da região, que estão desprotegidos, ameaçando a sobrevivência de muitas espécies vegetais e animais e criando ímpetos à ocupação humanas, inclusive pertinentes a metodologia, em curso, de desertificação.

Sendo assim, com a nova delimitação dos Estados que compõe a Região Semi-Árida, torna-se necessário o conhecimento dos diversos aspectos dessa região e das formas como ela é uma fração estruturada do território. Por compor uma estrutura, a região tem uma identidade que admite diferenciá-la do seu entorno.

Por tudo isso, essa originalidade regional possibilita a sua delimitação a partir da apreensão e da especificidade que ela domina, pela falta de recursos. Por ser uma região, conseqüentemente, concreta, observável e demarcada. Como fração do espaço, a região é esforçada, historicamente estabelecida e interage com o todo social e territorial. Portanto, suas características internas são assentadas e determinantes desta interação.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Manuel Correa de. Territorialidades, desterritorialidades, novas territorialidades: os limites do poder nacional e do poder local. . In SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A.; SILVEIRA, Maria Laura. (org’s). Território: globalização e fragmentação. São Paulo: HUCITEC, 1998, 4ª ed., p.213-220.

CPATSA / EMBRAPA - Centro de Pesquisa Agropecuária Trópica do Semi Árido / Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: http://www.cpatsa.embrapa.br/- Acessado em 27 jun. 2011.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 2011.

INSA - Instituto Nacional do Semi-Árido. Disponível em:  http://www.insa.gov.br/ Acessado em 16 jul. 2011.

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Disponível em: www.pnud.org.br - Acessado em 10 jul. 2011

SANTOS, Milton. O retorno do território. In SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A.; SILVEIRA, Maria Laura. (org’s). Território: globalização e fragmentação. São Paulo: HUCITEC, 1998, 4ª ed., p.15-20.

SUDENE - SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE – Disponível em: <http://www.sudene.gov.br> Acessado em 18 jul. 2011