RELAÇÕES HUMANAS NAS INSTITUIÇÕES
Análise do Filme O Senhor das Moscas
I - INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de fazer uma análise do Filme “O Senhor das Moscas” e relacionar a mensagem intrínseca do filme com a Influência de um grupo ou de uma única pessoa que exerçam papel de liderança dentro de uma organização ou uma sociedade. É o estilo de liderança dentro de uma organização que faz a diferença no desempenho das funções de um grupo e depende do líder fazer a interação com este para alcançar seus objetivos, e desta interação, resulta o sucesso ou o fracasso de suas metas. Há outros critérios que devem ser levados em conta quando se fala em liderança, como, o ambiente da organização, a bagagem cultural que cada pessoa traz consigo para dentro de uma organização, pois estes fatores podem implicar em impedimento de uma boa atuação do líder , onde este deve estar preparado para atuar em situações adversas sem que a meta final seja prejudicado.
Este problema fica evidente no filme quando um dos meninos assume o papel de líder, mas com o decorrer do tempo, a bagagem cultural e os interesses pessoais de alguns meninos do grupo vão contra as metas do novo líder, e por isso não sentem motivados e nem dispostos a fazer parte desse grupo e então se dividem.
A relação humana dentro de um grupo requer, em primeiro lugar, que o líder tenha sobriedade em tomar decisões em determinadas situações de forma que perpetue o bem comum a todos os integrantes de uma equipe e não apenas para o bem estar de alguns.
II – DESENVOLIMENTO
2.1 A capacidade de liderança:
Podemos definir “Liderança” como o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados, e a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipe e da organização. A liderança deve se estender e atuar de forma proativa em todos os processos e unidades organizacionais de uma empresa ou instituição, pois a forma adequada de liderança pode fazer uma enorme diferença no desempenho. Mas se pararmos para analisar será que a pessoa nasce com essa habilidade de liderança ou a desenvolve?! Ou então podemos dizer que uma pessoa pode desenvolver a liderança precisamente porque se trata de uma virtude?! Talvez todos nós nascemos com esta virtude, mas depende de cada um de nós desenvolvê-la, praticar seu potencial de liderança, pois esta capacidade de liderar pessoas, de conduzi-las em direção a um determinado objetivo, de modificar o comportamento do grupo para o bem ou para o mal como uma espécie de força interior que cada um possui.
Podemos compreender isto fazendo a relação com o filme, quando os meninos depois de um acidente de avião ficam perdidos numa ilha deserta, e em primeiro momento tudo era diversão, mas com o passar dos dias perceberam a necessidade de lutar pela sobrevivência, para conseguir alimentos, para se protegerem das condições climáticas e até mesmo começaram a pensar em estratégias para serem vistos na ilha por algum grupo de salvamento, então um dos meninos assumiu o papel de líder do grupo e passou a desenvolver sua habilidade de conduzir o grupo dividindo-se as tarefas e estabelecendo objetivos. Ralph reconhece esta habilidade em si próprio e busca alternativas e toma as decisões que sejam melhores para todos.
A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e nas organizações. A liderança é influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para consecução de um ou mais objetivos específicos. Diante disso podemos considerar que os elementos que mais se destacam para a caracterização da liderança são, portanto quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação, e os objetivos a alcançar.
2.2 Como motivar as pessoas:
Um bom líder entende o que sua equipe precisa para desempenhar bem seu papel. Quando uma equipe está motivada demonstra que o seu líder está incentivando as pessoas a executarem as ações que delas são esperadas. Mas é comum perceber que há alguma dificuldade de muitos profissionais e líderes em compreender o conceito de motivação e como motivar as pessoas. São alguns conceitos que tem que ser levado em conta como, por exemplo: ser um bom líder, trabalhar em equipe, aprimorar os trabalhos, criar ambiente apropriado de forma que desenvolva habilidades nas pessoas, remunerar os funcionários, proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável. O líder não pode se esquecer que depende dele o direcionamento das tarefas a serem executadas e depende da forma como ele transmite isto a seus subordinados. Há também que se levar em conta que as estratégias para se criar situações mais favoráveis também parecem depender do nível de maturidade, do estágio da carreira de cada subordinado, da bagagem cultural que cada um possui, do ambiente de trabalho, se está de acordo com as necessidades de cada subordinado.
Podemos remeter este assunto fazendo novamente a comparação com outro trecho do filme, em um momento em que as tarefas foram divididas, foram estabelecidos os objetivos que os meninos teriam que cumprir, mas nem todos os elementos do grupo possuem a mesma motivação. Alguns não estão dispostos a aceitar as regras do jogo, mesmo que o objetivo principal seja a sobrevivência. A partir desta crise, outro líder se desponta. Jack aproveita da falta de motivação apresentada pelo grupo em relação à liderança de Raph e propõe que os meninos se dediquem apenas à caça e às brincadeiras, apresentando aos seus companheiros soluções fáceis e de satisfação imediata e o grupo se recusa participar nos trabalhos rotineiros que caberiam a todos os estudantes. Desfaz-se a união entre os colegas, e o grupo se divide: um liderado por Ralph e um novo grupo liderado por Jack.
2.3 As relações humanas dentro um grupo
A construção da imagem de uma empresa ou de uma Instituição – positiva ou negativa – acontece primeiro dentro das pessoas que constituem a empresa, e não a partir das pessoas de fora. Ela se forma nos pensamentos, a partir dos sentimentos dos dirigentes, dos funcionários, dos fornecedores, dos clientes e daí se amplia para o público em geral.
O líder tem um papel fundamental para que sua equipe compreenda a importância das relações humanas dentro do ambiente de trabalho. O líder funciona como espelho para seus subordinados. O grupo reflete a maneira de como estão sendo liderados.
Podemos novamente fazer esta relação com o filme quando observamos como cada menino reage em um ambiente onde não há as regras e normas da civilização, nem adultos para estabelecerem essas normas. Num ambiente assim, em meio a uma selva cheia de mistérios e perigos, é muito fácil a força instintiva vir à tona. Com isso, o comportamento civilizado e baseado na razão do homem é tomado pelo instinto selvagem e pela “lei do mais forte”. É o caso de Jack, que ficou cruel e passou a tentar controlar todos na ilha, demonstrando seu estilo tirano de liderança por meio da inibição, do medo, da submissão, estabelecendo um sistema hierárquico baseado na punição e no medo, e seu grupo o acompanhou em sua barbárie, perdendo a razão e agindo como seres irracionais,
Do outro lado, há Ralph, o qual podemos relacionar sua liderança de forma democrática e responsável. Ralph é a consciência, porque todos seus esforços são o de manter clareza em sua fala e ações e de agir da maneira mais correta para serem resgatados, e seu pequeno grupo tem a mesma característica.
Uma prática muito eficaz para que o líder tenha um feedback de seu trabalho, é por meio de atividades de dinâmica de grupo, que significa criar um espaço psicossocial alternativo, em que desconfianças, temores e conflitos possam ser aceitos e trabalhados, mediante experiências reconstrutivas, em termos de tarefas e processos que minimizem as ameaças ao "ego" e desenvolvam formas de interação compatíveis com uma ampliação quantitativa e qualitativa de cognições, afetos e condutas. Essa reconstrução implica o desenvolvimento de um clima de confiança mútua, em que todas as cartas possam ser colocadas na mesa, onde as fórmulas de cortesia ou de ataque- e -defesa possam ser substituídas pela genuína consideração pelo outro, pelo compartilhamento de pensamentos, sentimentos e ações, pela adesão a uma tarefa comum gerada pelo próprio grupo.
A relação humana pode facilitar ou dificultar a evolução do processo de mudança nas organizações, pois a atenção devida às redes informais sociais e de poder dentro da organização tem fundamental importância no sucesso de programas de mudança organizacional. A transição do modelo sócio-econômico industrial para o pós-industrial, fez com que a Gestão de Pessoas esteja profundamente associada ao tema Gestão de Mudanças. Podemos relacionar com um outro determinado momento da história do Senhor das Moscas, quando Ralph cada vez se vai sentindo mais isolado, mas não cede nas suas convicções e no que ele considera mais adequado para o bem de todos. Mantém a sua estratégia, a única correta em longo prazo. Mas a sua firmeza é insuportável para os insubmissos que, numa explosão de ódio, tentam matá-lo, depois de já terem morto um dos poucos colegas que o apoiava.”
O caminho mais rápido na construção da imagem positiva de uma empresa, ou instituição, desde o início das suas atividades, é o trabalho de relações humanas com alta qualidade, junto ao seu público interno, desde os dirigentes, passando pelos funcionários, fornecedores e chegando ao objetivo final que são os clientes.
2.4 Como a cultura organizacional pode influenciar seus componentes:
A cultura organizacional é formada pelo conjunto de valores incorporados à empresa durante sua existência. Tais valores são moldados conforme as necessidades e fixam-se a partir das experiências vivenciadas pela organização na solução de problemas referentes a integrações internas ou adaptações externas e refletem a percepção da empresa em sua maioria. Os valores são a base da cultura organizacional, é o que molda e o que define o que a empresa realmente é. São esses valores e crenças compartilhados que influenciam o comportamento daqueles que os compartilham. Cada organização desenvolve sua própria cultura, produzindo sua identidade, a qual se manifestará através de padrões de comportamento assumido pelos funcionários, regendo sua conduta. Novos funcionários serão incentivados a seguirem esses padrões.
Podemos perceber que nasce uma cultura organizacional dentro do Senhor das Moscas, pois com o passar do tempo, percebendo que a hipótese de serem socorridos logo era pouco provável, os meninos começam a se organizar a fim de combater o medo e o desespero. Toda a trama encaminha-nos para o momento em que os rapazes não reconhecem limites alguns para o que podem fazer e, não esperam consequências de ordem alguma, limitando-se a agir como bem lhes convier, criando ritos e sacrifícios, desrespeitam as leis e chegam até a matar uns aos outros após viverem algum tempo nesta ilha. Tudo em função do medo do desconhecido, da forma como os líderes do grupo exploram o medo do mundo externo e fazem com que os seguidores os obedeçam. O grupo liderado por Jack passa a acreditar que a ilha é habitada por um monstro o "Senhor das moscas" -uma cabeça de porco empalhada- que representa provavelmente o lado negro da natureza humana. A besta, escondida nos bosques nos quais o grupo de Jack a procura, nunca é encontrada e supostamente só existi dentro deles mesmos. Continuamente os rapazes tornam-se mais e mais violentos até que ocorre uma tragédia, eles se aproveitam para fazer desta, uma justificativa para os seus atos, vindo a tona a natureza selvagem de cada um, e o estilo de organização doentio criado por Jack.
A cultura organizacional é espelho do modo de como a empresa é gerida, como ela conduz seus negócios, como administra sua carteira de clientes e seu rol de funcionários. Pode-se perceber a cultura da empresa também, na divisão do poder decisório – se centralizado ou não, no nível de fidelidade dos funcionários, etc. Outra forma de se identificar a cultura de uma organização é através dos hábitos dos próprios colaboradores. Uma empresa costuma selecionar pessoas que possuam padrões iguais ou parecidos com os da empresa, que compartilhem dos mesmos pensamentos, crenças e valores. No entanto, isto não é um processo fácil de implantar, pois a cultura organizacional pode ter pressupostos disfuncionais, em especial nas organizações maduras. Após uma década de “reengenharias”, as pessoas, para manterem seus empregos, desenvolveram inúmeros mecanismos de defesa (e, por conseqüência, modelos mentais), como: limitar-se a atuar dentro de faixas estritas de soluções para reduzir riscos de erro; evitar compartilhar seu saber, pois há a crença em que a manutenção de seu emprego só é possível apenas se guardar o que sabem para si mesmas; e o desejo de não mudar, pois a inovação pode ser ameaçadora.
Além disso, as empresas refletem, invariavelmente, as características, os estados, os estágios, conjunturas, a estrutura de uma sociedade globalizada. Nesta mesma linha de raciocínio, Vasconcellos (1995, p. 231) esclarece que “nenhuma empresa é implantada num determinado espaço. Ela, antes, nasce dele, e está imbricada com ele. Uma empresa está necessariamente envolvida pelo ambiente que a cerca”.
A empresa, além de uma unidade econômica com a função empreendedora e produtiva “deve ser entendida também como uma unidade sociocultural, palco de fenômenos de socialização e de aculturamento” (BARROS e PRATES, 1996, p.14). Portanto, na implantação de um sistema é preciso considerar as características culturais da sociedade brasileira, pois elas, inevitavelmente, afetarão o modo como as pessoas se comportarão
III – CONCLUSÃO
A liderança é um processo chave em todas as organizações. A liderança é uma forma de influência e é uma transação interpessoal em que uma pessoa age para modificar ou provocar o comportamento de outra, de maneira intencional. A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. Podemos defini-la como uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos
A aventura do Senhor das Moscas explora os recantos mais profundos e negros da alma humana, através de um grupo de adolescentes náufragos, que é empurrado para um mundo intenso onde a lei e a responsabilidade são governadas pelas regras de sobrevivência.
O grupo dá-nos sentimento de segurança, de aprovação, de poder e camaradagem. A personalidade do grupo representa o que o grupo é como um todo e como atua como um todo. A personalidade é denominada de sintalidade que significa uma característica do arranjo ou disposição em conjunto, de um grupo.
A influência do grupo é exercida sobre cada individuo individualmente, pois as personalidades que a pessoa tem são diferenciadas. O grupo tem como fator a orientação, o esclarecimento, o apoio, a proteção, a ajuda e tudo mais. Essas influências é que moldam o individuo.
Liderar incidiu, enfim, em conseguir com que os demais façam o que devem fazer com profunda convicção e, sobretudo, que o façam tomando a si a responsabilidade para que isso aconteça. Para isso e necessário que haja motivação do grupo. Podemos dizer que a motivação é uma força e energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa, de forma intrínseca, ou seja, que está dentro de nós, nasce de nossas necessidades interiores. Motivação refere-se aos desejos, aspirações e necessidades que influenciam a escolha de alternativas, determinando o comportamento do indivíduo.
As pessoas usam o poder para atingir os seus objetivos e, para quem quer alcançá-lo, uma das formas é se aproximar as pessoas que o tem, como uma estratégia futura de alcance do mesmo. Na maioria das vezes, as pessoas têm formas diferenciadas de uso de poder, de acordo com as circunstâncias da organização, com a divisão do trabalho e limitações de recursos. Porém, este uso deve ser suficiente para trabalhar com os conflitos inevitáveis que freqüentemente surgem, nos diferentes grupos e equipes organizacionais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, B. T. e PRATES, M. A. P. O estilo brasileiro de administrar. São Paulo: Atlas, 1996.
VASCONCELOS, Isabella Freitas Gouveia de e André Ofenhejm Mascarenhas e Flávio Carvalho de Vasconcelos; Gestão do paradoxo: “Passado versus Futuro”: uma visão transformacional da gestão de pessoas – RAE eletrônica, v.5, n.1, art.2, jan./jun 2006.
Filme: O Senhor das Moscas, Fox Home Entertainment, Direção: Harry Hook, 1990