Rogéria Bernardo de Oliveira[1]
Profª Margarete T. Fabbris de Oliveira, MsC.[2]
RESUMO
A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano. Este artigo tem por objetivo mostrar a história e evolução da ergonomia, a importância da ergonomia nos dias atuais e no futuro. Os objetivos trabalhados forma: mapear as atividades que causam prejuízos físicos nas organizações; levantar informações sobre a ergonomia física, cognitiva e organizacional; verificar em que a ergonomia contribui para a diminuição das doenças ocupacionais; vincular a ergonomia com a qualidade de vida. O presente trabalho visa mostrar através de pesquisa bibliográfica as maneiras para se reduzir os adoecimentos devido a fatores ergonômicos.
Palavras-chave: Ergonomia, trabalho, organizações.
1 INTRODUÇÃO
O ser humano almeja bem-estar e satisfação em sua vida quer seja no trabalho no lazer ou ambiente doméstico. Nesse contexto a ergonomia entra como uma grande aliada para melhorar a vida do homem moderno, despertando atenção de todos para a importância da ergonomia. Nesse sentido, o presente trabalho visa mostrar através de pesquisa bibliográfica as maneiras para se reduzir os adoecimentos devido a fatores ergonômicos.
Este artigo tem por objetivo mostrar a história, a evolução e a importância da ergonomia nos dias atuais.
Frederick Winslow Taylor, pai da administração científica do trabalho pode ser definido como precurssor da Ergonomia. Seu trabalho Princípios da Administração Científica, publicado em 1911, influenciou empresas nos Estados Unidos, na Europa e até países socialistas, conforme Moraes e Soares (1989:3).
A Ergonomia surge após a Segunda Guerra Mundial, tendo em vista as falhas ocorridas na interface entre o homem e máquina. A Ergonomia nasce com os objetivos práticos de segurança, satisfação e bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos.
Ao contrário do Taylorismo, que buscava a eficiência e o aumento da produção, na Ergonomia a ciência vem como resultado, pois visa, em primeiro lugar, o bem estar do trabalhador e parte do conhecimento do homem para fazer o projeto do trabalho, ajustando-o às suas capacidades e limitações humanas.
Segundo Chapanis (apud MORAES ET AL., 2004), uma importante lição de Engenharia, proveniente da II Guerra Mundial, é que as máquinas não lutam sozinhas. A guerra solicitou e produziu maquinismos novos e complexos, porém, geralmente, essas inovações não faziam o que se esperavam delas.
Tal ocorria porque excediam ou não se adaptavam às características e capacidades humanas. Por exemplo, o radar foi chamado de ‘olho da arma’, mas o radar não vê. Por mais rápido e preciso que seja, será quase inútil, se o operador não puder interpretar as informações apresentadas na tela e decidir a tempo.
Tendo em vista tais acontecimentos, surge a Ergonomia. Em 12 de julho, na Inglaterra, reuniram-se cientistas e pesquisadores interessados pela primeira vez, em discutir e formalizar a existência deste novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.
O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras, normas). Este termo foi adotado nos principais países europeus, onde se fundou a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), que atualmente representa as associações de 40 países, com um total de 19 mil sócios (DUL et AL., 2004:1).
A IEA realizou o seu primeiro congresso em Estocolmo, em 1961. Nos Estados Unidos, porém, foi criada a Human Factors Society em 1957 e, até hoje, o termo mais usual naquele país continua sendo human factors (fatores humanos), embora Ergonomia já seja aceito como sinônimo. No Brasil, existe a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, fundada em 1983, sendo filiada a IEA.
Como problema de pesquisa trabalhou-se: de que maneira a ergonomia pode diminuir as doenças ocupacionais?
Os objetivos trabalhados forma: mapear as atividades que causam prejuízos físicos nas organizações; levantar informações sobre a ergonomia física, cognitiva e organizacional; verificar em que a ergonomia contribui para a diminuição das doenças ocupacionais; vincular a ergonomia com a qualidade de vida.
O presente trabalho visa mostrar através de pesquisas bibliográficas as maneiras para se reduzir os adoecimentos devido a fatores ergonômicos.
1.1 DOMÍNIOS DE ESPECIALIZAÇÃO DA ERGONOMIA
Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana. Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades do trabalho é preciso que os ergonomistas tenham uma abordagem holística de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como sociais, organizacionais, ambientais, etc.
Freqüentemente esses profissionais intervêm em setores particulares da economia ou em domínios de aplicação específicos. Esses últimos caracterizam-se por sua constante mutação, com a criação de novos domínios de aplicação ou do aperfeiçoamento de outros mais antigos.
1.2 CONCEITOS DE ERGONOMIA
A ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procuram a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.
Em agosto do ano de 2000, a IEA (Associação Internacional de Ergonomia) adotou a definição oficial e diz que ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema.
A contribuição dos ergonomistas está relacionada ao planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas e de maneira geral, os domínios de especialização da ergonomia são a ergonomia física, cognitiva e organizacional.
De maneira geral, os domínios de especialização da ergonomia segundo Iida (2005, p. 3) são:
- Ergonomia física - está relacionada com as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde.
- Ergonomia cognitiva - refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem computador, stress e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas.
- Ergonomia organizacional - concerne à otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM - domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade.
1.3 ERGONOMIA NO BRASIL
A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também na USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia.
Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciências Médicas (UEG, depois UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ.
O maior impulso se deu na COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos cursos de mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro editado em português.
1.4 ERGONOMIA NAS ORGANIZAÇÕES
O número de funcionários com doenças por causa dos esforços repetitivos em seu ambiente de trabalho vem crescendo a cada dia, fazendo com que esses profissionais fiquem afastados de suas tarefas e em alguns casos pode até levar a afastamento definitivo.
Muitos funcionários realizam de maneira incorreta suas atividades, isso pode levar muitos a serem alvos de LER/DORT. Como por exemplo: o uso de microcomputadores (digitação), confecções, caixas de supermercado, metalúrgicos, marcenaria.
1.5 LER/DORT - LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO/DISTÚRBIO OSTEOMUSCULAR RELACIONADO AO TRABALHO
Dá-se o nome de LER ao conjunto de doenças causadas por esforço repetitivo. A LER envolve tenossinovite, tendinite, bursite e outras doenças. Embora conhecida há mais de 100 anos as LER tornaram-se, a partir da década de 1990, muito freqüentes devido ao advento da informática e dos computadores. A LER também é conhecida como lesão por trauma cumulativo.
Muitos estudiosos e instituições já preferem chamar as LER de DORT - doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho. AS LER/DORT podem ser causadas por esforço repetitivo devido a má postura, stress ou trabalho excessivo. Também certos esportes se praticados intensivamente podem causar LER.
O estresse e o excesso de trabalho podem variar desde mudanças no humor, ansiedade, irritabilidade e descontrole emocional até doenças psíquicas. Geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas e ausência de pausas para descanso e exercícios físicos. Ativar os músculos com exercícios diários, mesmo os de relaxamento, é um bom começo para se livrar do estresse.
A tendinite vem a ser definida como um processo inflamatório que acomete o tendão, enquanto a tenossinovite, um processo inflamatório da membrana que recobre o tendão e a bursite é a Inflamação da bursa, pequena bolsa contendo líquido que envolve as articulações e funciona como amortecedor entre ossos, tendões e tecidos musculares. Os locais mais afetados são: Ombros, cotovelos, quadris e joelhos. Ela ocorre mais no ombro devido à grande quantidade de bursas ali existentes.
2 NORMA REGULAMENTADORA - NR 17
No Brasil a aplicação da ergonomia é normatizada pela Norma Regulamentadora 17 (NR-17) que regulamenta o quesito “Ergonomia”. Trata-se de uma norma que resultou de reivindicação sindical para o reconhecimento das doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho informatizado e de enfrentamentos para melhoria das condições de trabalho de bancários, digitadores, entre outros. Devido ao processo de sua elaboração, a NR-17 foi aplicada especialmente na área de informática, mas seu texto contém parâmetros que devem ser seguidos, de uma forma muito mais ampla e abrangente, em todos os ramos.
O objetivo geral da Norma é permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, incluindo aspectos relacionados à organização do trabalho, condições ambientais dos postos de trabalho, equipamentos utilizados, mobiliário, transporte. e descarga de materiais.
Prevêem-se na NR-17 levantamentos ergonômicos das atividades de trabalho, especialmente nas operações que exigem posturas rígidas e fixas, introdução de novas tecnologias, absenteísmo elevado, rotatividade elevada de pessoal, conflitos freqüentes, trabalho em turnos, situações essas que estão diretamente ligadas ao tema principal deste trabalho, o tele atendimento
O item 17.6 da NR-17 (p. 45), que aborda a organização do trabalho exige que as formas de organização do trabalho sejam “adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado”.
Segundo Granjean apud Wachowicz (2008, p. 97), a investigação ergonômica deve buscar os seguintes objetivos:
a) Ajustar as exigências do trabalho às possibilidades do homem, com o fim de reduzir a carga externa;
b) conceber máquinas, os equipamentos e as instalações pensando na maior eficácia, precisão e segurança;
c) estudar cuidadosamente a configuração dos postos de trabalho, com o intuito de assegurar ao trabalhador uma postura correta;
d) adaptar o ambiente físico às necessidades físicas do homem.
Wachowicz (2008, p. 97) endossa o pensamento expresso na última alínea, ao afirmar que é objetivo da ergonomia adaptar o trabalho ao homem e não o contrário.
3 ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
A ergonomia, prevenção de doenças posturais, gera aumento significativo da qualidade de vida do trabalhador dentro e fora do ambiente organizacional. É o trabalho de Ergonomia aquele que mais faz diferença em termos de qualidade de vida dos trabalhadores. A rigor, quando se encaram os desafios existentes na forma de realizar o trabalho, buscando e corrigindo as situações causadoras de afastamento, de dor, de desconforto, de dificuldade e de fadiga excessiva, melhoramos enormemente a qualidade de vida dos trabalhadores, pois:
- Elimina-se a dor ou desconforto na realização do trabalho;
- O trabalhador deixa seu trabalho sem fadiga excessiva, podendo ser cidadão nas horas que está fora da empresa;
- Trabalhando-se num sistema adequado de revezamento de turnos, seu sono será pouco prejudicado, bem como seu repouso será preservado;
- Sua imagem corporal e aparência, embora não dependam só desse fator, não sofrem o desgaste precoce, conseqüência comum dos trabalhos não ergonômicos;
- Garante-se uma boa mobilidade e um bom estado de saúde para as atividades de vida cotidianas;
- Previnem-se os tratamentos médicos e a dependência de medicamentos, próprios dos transtornos músculo-esqueléticos crônicos e dos distúrbios mentais;
- Preserva-se a capacidade de trabalho do cidadão, o que é um dos itens mais importantes na tendência atual de aposentadoria em idades mais avançadas;
- As soluções ergonômicas sabidamente melhoram as relações pessoais, sendo uma forma importante de solução de alguns tipos de conflitos, próprios das relações de trabalho;
- E numa abordagem mais atual, a Ergonomia se preocupa também com a questão da qualidade de vida no trabalho (aqueles fatores que, uma vez presentes na atividade laborativa, são os responsáveis pelo gostar do trabalho), repercutindo-se então em pelo menos três itens do domínio psicológico (sentimentos positivos, auto-estima e ausência de sentimentos negativos), bem como contribuindo para a saúde mental. (http://www.ergoltda.com.br/ergonomia/index.html)
Os argumentos acima colocados certamente justificam a constatação freqüente de ser um trabalho sistemático de Ergonomia considerado pelos trabalhadores como de alto valor e um dos motivos de satisfação com a empresa. Os itens de Ergonomia que estarão mais presentes na agenda das empresas nos próximos anos são os seguintes:
1- Dar respostas às questões ergonômicas relacionadas à reestruturação produtiva;
2- Prevenir eficazmente as doenças relacionadas às condições de ergonomia, levando a empresa a considerar esse item tão importante quanto a prevenção de danos ambientais; e tratar eficazmente o trabalhador acometido, retornando-o aos postos de trabalho melhorados, o mais rapidamente possível;
3- Lidar eficazmente com a demanda do Ministério Público do Trabalho
4- Prevenção de indenização pelo dano
5- O enfoque na organização do trabalho e na gestão
6- O enfoque na qualidade de vida no trabalho;
7- O enfoque na saúde mental no trabalho;
9- O fator ergonômico na prevenção de acidentes
(http://www.ergoltda.com.br/ergonomia/index.html)
CONCLUSÃO
A ergonomia assume, cada vez mais, o papel de extrema importância dentro das empresas, quando inter-relaciona a qualidade do produto e dos processos a um aumento de produtividade e melhoria nas condições de trabalho. Se por um lado, o uso da ergonomia pode sugerir maior gasto, por outro representa uma economia para a empresa e como conseqüência, a melhoria da saúde do trabalhador e da sociedade.
Se as organizações querem tornar-se competitivas no mercado globalizado, estas deverão utilizar-se da Ergonomia como estratégia para otimizar as condições de trabalho e com isso fazer com que as influências nocivas a saúde física e mental dos funcionários / colaboradores diminuam, e também, proporcionar meios para que estes possam ser criativos e participativos em suas organizações.
Seu campo de aplicação e crescimento é amplo, pois a evolução técnica do trabalho tem sido um fator decisivo no desenvolvimento desta ciência. A cada dia que passa, a tecnologia das máquinas alcança maior perfeição e complexidade, com menores custos e obrigando o homem a uma adaptação rápida a esta nova situação. É importante lembrar que, ao se desenvolver essas novas tecnologias, especificamente novas máquinas ou equipamentos para o sistema produtivo, as novas condições de trabalho devem atender ao ser humano em todos os aspectos, e serem melhores que as condições anteriores. Essas novas tecnologias devem se adaptar ao ser humano, usuário da mesma, e não o ser humano "ser obrigado" a se adaptar a essas novas tecnologias.
REFERÊNCIAS
Grandjean, E. - Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.
Iida, Itiro – Ergonomia: projeto e produção/ Itiro Iida – 2ª edição ver. e ampl. – São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. – 2 ed. – Brasília: MTE, SIT, 2002. 101 p.: il.
MORAES, Ana Maria; PEQUINI, Suzi. Ergonomia e usabilidade. Salvador, UNEB, 2004.
WACHOWICZ, Marta Cristina. Ergonomia – aspectos físicos ambientais. 2008.
(Apostila da professora Marta Cristina).
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
http://www.abergo.org.br/oqueeergonomia.htm
http://www.ergoltda.com.br/ergonomia/index.html Hudson de Araújo Couto
[1] Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER, pós-graduada em M.B.A. em Gestão de Pessoas com complementação para o Magistério Superior e pós-graduanda em M.B.A. em Gestão de Segurança do Trabalho
[2] Professora Orientadora da Pós-graduação da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER