Breve Reflexão Sobre os PCNs e o Enciso de Línguas Estrangeiras

BREVE REFLEXÃO SOBRE OS PCNs E O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

ANÚNCIO

AUTOR: OTACÍLIO DO CARMO DANTAS[1]

RESUMO:

ANÚNCIO

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, documentos publicados pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC, 1998), propõem-se a estabelecer diretrizes curriculares para o ensino fundamental brasileiro e servir de apoio ao trabalho do professor, pretendendo contribuir para a melhoria da qualidade do ensino no país. Tais documentos buscam subsidiar o trabalho de professores nas diferentes áreas. Assim, pelo fato de serem documentos fundados em concepções teóricas relativamente recentes e inovadoras e de serem destinados a um público heterogêneo de educadores em todo território nacional, demandam, muitas vezes, práticas mediadoras que permitam uma discussão sobre o que neles se propõe. Algumas iniciativas nesse sentido foram e estão sendo realizadas; as necessidades de atendimento, porém, a nosso ver, estão longe de serem contempladas. Essas necessidades compreendem trabalhos de formação continuada de professores, elaboração de textos de apoio aos textos dos PCNs, elaboração de material didático que responda às questões propostas no documento.

ABSTRACT:

ANÚNCIO

The National Curriculum Parameters, documents published by the Ministry of Education and Sport (MEC, 1998), propose to establish curriculum guidelines for elementary schools in Brazil and serve to support the work of the teacher, and contributing to improving the quality of education in the country. These documents seek to subsidize the work of teachers in different areas. Thus, because they are grounded in theoretical conceptions documents relatively new and innovative and is intended for a heterogeneous audience of educators nationwide, demand, often mediating practices that allow a discussion of what it proposes them. Some such initiatives have been and are being held, and the needs of care, however, in our view, are far from being addressed. These needs include continued work of training teachers, development of supporting texts to the texts of the PCNs, preparation of teaching materials to answer the questions posed in the document.

INTRODUÇÃO:

A história educacional brasileira desde os tempos colonial até a nossa atualidade tem demonstrado, através de uma série de reformas, como o ensino de Línguas Estrangeiras tem sido relegado em segundo plano pelas autoridades competentes. Quando da edição no país da Lei nº 4.024, de 20/12/61, denominada de Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDB), evidenciou-se a fragilidade do ensino das LE, quando deixou a cargo dos Estados e Municípios a inclusão nos currículos das escolas. A obrigatoriedade das LE dar-se-á a partir do ano de 1996, através da publicação da Lei nº 9.394, nas 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e no 2º Grau, atual Ensino Médio.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem o primeiro nível de concretização curricular. São uma referência nacional para o ensino fundamental; estabelecem uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do Ministério da Educação e do Desporto, tais como os projetos ligados a sua competência na formação inicial e continuada de professores, à análise e compra de livros e outros materiais didáticos e à avaliação nacional, tendo como função subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material de reflexão para a prática de professores (PCN, 1997).

Segundo Czaspski, (1997), por trás dos PCNs, existe a Constituição Federal de 1988, que impõe que a Educação é um direito de todos, visando “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A Constituição também diz que Educação é dever comum da União, Estados e Municípios. Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases criou, para o ensino fundamental e médio, um núcleo comum obrigatório no âmbito nacional, que inclui o estudo de língua portuguesa, matemática, do mundo físico, da realidade política e social, da arte e educação física. Dentro desta proposta nacional comum, cada estado, município ou escola pode propor seu próprio currículo, contemplando “as peculiaridades locais e a especialidade dos planos dos estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alunos”.

Czaspski, (1997) que afirma:

Os parâmetros são um importante material de consulta e de discussão entre professores, que podem participar do desafio de buscar a melhoria do ensino, reformulando a proposta curricular. Os PCN também servem como um material de apoio para a formação continuada dos docentes.

Neste sentido, sugere que, nos lugares onde haja professores que possam se reunir seja formado grupos para debater os conteúdos, as propostas e orientações dos PCNs. Isto ajudaria, por exemplo, a rever objetivos, conteúdos e formas de encaminhamento de atividades; refletir sobre a prática pedagógica; preparar o planejamento, e as discussões com os pais e responsáveis. Assim, apesar de não serem livros didáticos para uso direto em sala de aula, os PCNs ajudariam o/a professor/a a trabalhar com seus alunos.

DESENVOLVIMENTO:

A Língua Estrangeira no Ensino Fundamental tem um valioso papel construtivo como parte integrante da educação formal. Envolve um complexo processo de reflexão sobre a realidade social, política e econômica, com valor intrínseco importante no processo de capacitação que leva à libertação. Em outras palavras, Língua Estrangeira no ensino fundamental é parte da construção da cidadania.

No que se refere a uma língua hegemônica como o inglês, por ter uma grande penetração internacional, devido ao poderio econômico e político do Reino Unido nas primeiras décadas do século XX e dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial, até hoje é essencial que se focalize a questão da pluralidade cultural representada pelos países que usam o inglês como língua oficial. Além, é claro, da motivação educacional implícita nessa percepção histórico-social da língua inglesa, também é um meio de focalizar as questões de natureza sociopolítica, que devem ser consideradas no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (PCN, 1998).

Cabe ressaltar ainda o papel do inglês na sociedade atual. Essa língua invade todos os meios de comunicação, o comércio, a ciência, a tecnologia no mundo todo. É, em geral, percebida no Brasil como a língua de um único país, os Estados Unidos, devido ao seu papel atual na economia internacional. Contudo, o inglês é usado tão amplamente como língua estrangeira e língua oficial em tantas partes do mundo, que não faz sentido atualmente compreendê-lo como a língua de um único país.

Batista (2005, p. 142), citando Brasil (1998):

Em geral, quem atua na área de ensino básico, seja na esfera pública, seja na particular, reclama de dificuldades já bem conhecidas de todos e inclusive relatadas em um documento oficial do governo federal, os PCNs, tais como: falta de interesse dos alunos, classes superlotadas, carga horária reduzida, falta de material didático e de apoio, falta de uma política definida nas escolas para o ensino de língua estrangeira.

Este afirma que, no entanto, é interessante notar que isso não é colocado como dificuldade pelo aluno-professor, que se considera sempre apto para já atuar na prática pedagógica. Em geral, ele alega que, a falta de uma definição clara de objetivos, conteúdos e metodologia para o ensino de língua estrangeira, nas escolas de ensino básico, aliada à falta de uma infra-estrutura material e humana, levou o ensino de LE a uma crise (BATISTA, 2005, p.143).

Ainda conforme o autor, em geral, o professor amador de LE começa sua prática profissional apenas com base em suas competências lingüístico-comunicativa e implícita. Mas, para se tornar um profissional, é necessário que adquira também uma competência aplicada, pois ser profissional significa se preparar para fazer um trabalho competente através da aprendizagem. Um profissional precisa saber tomar decisões, escolher caminhos, baseando-se em conhecimento e reflexão, que diferem do simples uso automático de técnicas e rotinas. Portanto, não basta apenas saber ministrar aulas. O professor de LE deve ser alguém que, além de conhecer a língua-alvo, saiba explicar como essa língua funciona, saiba “ensinar” essa língua de forma que o aluno “aprenda” (BATISTA, 2005, p.198).

Na área específica do ensino de línguas estrangeiras, há um verdadeiro desequilíbrio entre o nível de desenvolvimento teórico, em lingüística aplicada, e os padrões relativamente baixos da educação, em LE nas escolas. As pesquisas desenvolvidas nessa área não têm conseguido influenciar o que acontece nas salas de aula. Há um verdadeiro distanciamento entre o que ocorre na universidade e o que ocorre nas salas de aula das escolas de ensino básico.

CONCLUSÃO

O professor da língua inglesa tem que ser antes de tudo um inovador buscando aplicar na sala de aula temas atuais que sejam destaques nacional e internacional como: meio ambiente, globalização, doenças sexualmente transmissíveis, escassez de água e outras formas de condução da aprendizagem. O professor deve ainda estimular os alunos a participarem da escolha dos temas a serem abordados em sala de aula e envolvê-los como coadjuvante nas práticas educacionais, não só introduzindo a parte gramatical, mas interagindo com essas questões como forma de mantê-los bem informados.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Língua estrangeira. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1998.

CABRAL, Ortência. Teoria x prática: comparação entre os PCN’S e a prática pedagógica dos professores de lingua inglesa, do ensino fundamental, de Aracaju. (2009/2).

CZASPSKI, Silvia. "A Implantação da Educação Ambiental no Brasil", MEC/Unesco, 1997 - seção "Fichário", cap "PCN".

BATISTA, Maria Luiza et al. Questões de línguas estrangeiras: línguas estrangeiras em questão. O Olhar do Egresso: a formação do professor de inglês na UFS. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2005.

MOITA LOPES, Luis Paulo. A nova ordem mundial, os Parâmetros Curriculares Nacionais e o ensino de inglês no Brasil (2003).


[1] O autor contou com a colaboração das docentes Elisa Oliveira e Ortência Cabral.