Geralmente se pensa que mudar não é bom; por exemplo, se determinada pessoa mudou, parece o mesmo que dizer que deixou de ser ela mesma, como se ao mudar corresse o risco de perder sua identidade. Porém, todos têm, em maior ou menor grau, o desejo de mudar, embora não se tenha consciência desse fato ou não se dê a ele a devida atenção. Mas quem não gostaria de ser uma pessoa melhor?
Para melhorar, é preciso mudar. E o que costuma ser desconhecido é que se pode ser aquilo que se quer ser por própria determinação e esforço, e que se pode forjar o próprio destino, não havendo mais necessidade de que este seja fruto do acaso. Mas, naturalmente, a mudança, como tudo o que é novo, traz muitos temores. Um deles é o medo de deixar para trás os velhos hábitos e modalidades; por vezes, pensa-se que trocá-los seria como apagar parte de si mesmo. Porém, não parece lógico tirar aquilo que não nos serve mais e colocar algo melhor no seu lugar? Mudar um hábito ruim, um conceito equivocado ou uma característica negativa é uma possibilidade única do ser humano; desperdiçá-la seria perder a oportunidade de evoluir com consciência.
No entanto, como em qualquer atividade que se desempenha, o acerto na tarefa de modelar a si mesmo depende de possuir a ferramenta certa, ou seja, conhecimento. Empenhar-se em ser aquilo que se quer ser sem estar capacitado para isso é como empreender uma obra arquitetônica sem saber nada de engenharia ou arquitetura: as possibilidades de não dar certo são inúmeras. Mas, então, o que é preciso saber?
Em uma viagem, é preciso saber de antemão o ponto de partida. É possível querer chegar a algum lugar sem saber onde se está? O primeiro passo para se poder chegar ao destino final é, pois, saber o ponto de partida. Na tarefa do próprio aperfeiçoamento, isso significa ter conhecimento das virtudes e limitações que se tem e em que grau elas se encontram. Essa é uma tarefa difícil e que leva tempo, mas não significa que seja impossível de ser realizada. À medida que se vai tomando contato com conhecimentos que permitam palpar a própria realidade interna, a possibilidade de forjar o próprio destino se torna realidade.
Nessa viagem, também não se poderia trocar constantemente de destino, pois se correria o risco de perder a rota e de não chegar ao lugar inicialmente desejado. Analogamente, ao se propor ser o que se quer ser, é preciso fixar o querer, para que o esforço a ser empregado na tarefa do aperfeiçoamento não seja movido apenas por um momento de entusiasmo, e sim que possa haver vigor e perseverança para garantir a conquista.
Ao compreender que o ser humano dispõe de grandes possibilidades de aperfeiçoamento, a mudança passa a ser vista de outra forma: em vez de parecer um retrocesso, torna-se, então, sinônimo de oportunidade. Trata-se da oportunidade de criar a si mesmo, de forjar uma verdadeira individualidade e de ser, de fato, uma pessoa melhor.
Lilian Miranda