Deus, o mito do homem

DEUS, O MITO DO HOMEM

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Será que se víssemos Deus acreditaríamos? Porque acreditamos naquilo que não vemos?

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Que provas temos da existência de Deus?

Jesus Cristo, o mais famoso líder religioso, existiu realmente ou tudo não passa de criações da mente humana?

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Ele é comprovadamente o filho de Deus? Alguém viu seu exame de DNA, ou ele é como dizem os padres e/ou pastores em seus inflamados sermões “o filho (criação) do Homem?

Os textos sagrados das diversas religiões monoteístas, politeístas e orientais ou ocidentais são relatos de fatos verídicos ou são códigos de ética muito bem elaborados por pessoas eruditas de diferentes e remotas épocas?

Estas questões são limitadas diante da amplitude dos assuntos pertinentes à Religião e ao Divino. É notável como disse o filósofo Feuerbach (1804-1872), autor de “A Essência do Cristianismo”, que, segundo a qual, para se conhecer o “Deus”de um homem (ou mulher), como método, inicialmente pergunta-se a este ser humano como ele é, e logo se terão as características de seu “Deus”. Portanto o que o filósofo alemão quer nos dizer, é que cada indivíduo “cria Deus a sua imagem e semelhança”, isto é, cria seu mito . Tanto é assim que no campo da Filosofia, é no pensamento de alguns filósofos Deus se nos apresenta das mais “variadas formas”, a saber:

Na Metafísica de Aristóteles (384-322 a.C.), o filósofo de Estagira nos mostra Deus como o Primeiro Motor Imóvel, a causa de todo o movimento do Universo, ou seja, Deus e o homem estão num “plano vertical” de cima para baixo.

Nas Meditações Metafísicas do filósofo francês René Descartes (1596-1650), Deus é uma “deusa”: A Razão, ou seja, Deus e o homem horizontalizaram-se, tendo em vista que a razão é inseparável do ser humano.

Deus varia de formas tanto entre os filósofos, quanto entre as religiões.

Voltando aos nossos questionamentos iniciais sobre a existência ou a inexistência do Sagrado eis que surge uma nova questão:

Porque algumas pessoas que rotulam-se de crentes em Deus, também acreditam no Diabo de uma forma ou de outra?

Quando o filósofo Nietzsche (1844-1900), declara em seu “Choque das Contradições” o conflito do sim e do não, do bem e do mal, do amor e do ódio, e notando estes choques dialéticos, diríamos que há também num mesmo contexto uma colisão entre o Céu e o Inferno e entre o Diabo e Deus.

É evidente para quem possui um aguçado poder de observação, encontrar pessoas de algumas religiões que, num tom vulgar da expressão, podemos dizer que “assinam ponto” nos templos. E a ira quando os pega por um ou outro motivo, já se encontram no direito de mandarem seus semelhantes ou os seres vivos e/ou seres não-vivos para o diabo, assim; “vá para o diabo que te carregue” ou “vá para o inferno”. Portanto “fiéis contraditórios”. Afinal a quem é canalizada a fé? A Deus ou nesse anjinho endiabrado? Porque os dois caminham juntos e ao mesmo tempo são tese e antítese?

É a fé uma faca de dois gumes? Seria Deus uma espada ou um  escudo?

Todas estas questões levantadas, caro leitor, têm respostas e estas respostas estão em seu interior, pois aqui não nos cabe respostas prontas, devido ao fato de que respostas prontas são dogmas e por dogmas basta a hermenêutica dos textos sagrados. Sugiro ao leitor que não aceite idéias pré-estabelecidas, mas construa suas próprias idéias, através da reflexão, não só abre possibilidades da existência ou inexistência de Deus, mas busque respostas acerca do universo de seu cotidiano.

Há também aquelas crenças que dependem do anjo-mau para formarem-se diante de seus fiéis absorvendo o problema do crente num processo de alienação, pregando o fatalismo, como disse Karl Marx (1818-1883) “a religião é o ópio do povo”, ou seja, o indivíduo transfere a sua dor moral e, em alguns casos, até suas dores físicas para que seja resolvida definitivamente ou solucionada provisoriamente por um Ser superior a ele (o fiel) nesse transferir, alguns deles, ignoram  até a própria realidade, tornando isso uma “dependência optativa” mergulhando num “fideísmo fundamentalista”.

Por um ponto de vista subjetivo, se me permitem, as religiões deveriam ser entidades que despertassem o ser humano para o conhecimento, ou seja, para a abertura dos seus horizontes, como disse o filósofo grego e pré-socrático, Hráclito (540-480 a.C) “a fé, como condição para o verdadeiro conhecimento”. E Sócrates (470-399 a.C.) disse “só sei que nada sei” essa ironia socrática nos leva a sempre buscarmos o conhecimento quer  seja nas fontes primárias, nas fontes secundárias, nas fontes das fontes, ou nas fontes empíricas e/ou teóricas. Todavia o que observamos é literalmente o contrário, as religiões aprisionam e limitam a criatividade inserindo o homem em um “positivismo ético”, isto é, em leis morais rígidas que para o atual contexto são obsoletas.

As religiões devem modernizar-se, mas não uma modernização tecnológica, do tipo “show” que entorpece aos olhos e degrada a mente, luxuosa que invade a mídia, revestida de “uma nova aparência” transformando-se em produtos, para o consumo das massas alienadas, que são despejados aos olhos e ouvidos, pelas emissoras de rádio e televisão, além da Internet.

Religião é fé, amor, Deus na representatividade. Por isso não deve estar em pé de igualdade com os modismos lançados pelos mercados para o “sabor” das mentes dos menos avisados. Mas modernizar-se nos conceitos e na eticidade, adequar-se ao século XXI que está cercado por mudanças profundas nas sociedades nacionais, numa palavra: inserir-se no contexto do homem atual de forma eficiente; tornando-se um instrumento de conscientização e não de inculcação, uma vida paralela ou simplesmente “uma metafísica para o povo” como disse Schopenhauer (1788-1860).

O tema acerca das busca sobre a compreensão de Deus é infinito e complexo aqui ou alhures. Por isso despeço-me aqui deixando uma mensagem final ao leitor inspirada em Nietzsche:

Antes de agir, qualquer que seja sua ação, pense e aja com a razão, pois quem age é o seu ser, e em seu ser existe o bem e a justiça, Deus insere-se nestes dois conceitos. Portanto Deus é o ser do Homem, logo Ele não é absoluto e nem objetivo. É a nossa “vontade de Potência”, o nosso querer fazer, o ir além, o sobrepor-se a si mesmo, é a nossa auto estima alta.

Enfim Deus é o nosso Mito.

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

JAPIASÚ,H.MARCONDES,D.Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar,2001.

MORRA, G. Filosofia Para Todos. São Paulo. Paulus, 2001.

REALE,G; ANTISERI,D.História da Filosofia. 7.ed. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. I, II, III.

SANTOS, M.F.Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3.ed. São Paulo: Matese, 1965. Vol. I, II, III, IV.