EDUCAÇÃO, SIM, EUFEMISMOS NÃO

EDUCAÇÃO, SIM, EUFEMISMOS NÃO

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Francisco Denisio M. Silva1

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Resumo. Em diversos contextos escolares prevalece um discurso encobridor que permite qualificar a realidade educacional distinta da que é. Enquanto isso, problemas como preconceito, vergonha, discriminação, críticas, dentre outros, vivenciados por alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) apontam para uma realidade concreta carregada de eufemismos. Este artigo tem como objetivo problematizar um modelo de educação marcado por uma compreensão politicamente correta da realidade, quase ufanista. Modelo esse que serve de fundamento para um sistema educativo e cultural pressionado por fatores internas e externas da sociedade.

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Palavras-chave: Eufemismos, Educação, Filosofia, Evasão Escolar.

1. Introdução

Apesar de um esforço que reúne governos e sociedade, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresenta altos índices de evasão escolar. O objetivo deste artigo é problematizar os fundamentos do sistema educacional vigente responsável por mudar essa situação.

Os motivos que explicam o quadro preocupante de evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos são antigos e diversos. Para uma compreensão concreta do que acontece com a EJA, dados e fatos denunciam um modelo de educação marcado por uma compreensão politicamente correta da realidade, quase ufanista.

Para um melhor entendimento do objetivo que orienta este trabalho, a expressão politicamente correta assume as condições de um eufemismo capaz de ocultar os aspectos mais conflitivos da realidade educacional, que apontam para causas e efeitos dessa evasão praticada por jovens e adultos.

Pensado nos termos das teorias que relacionam psicologia e heranças genéticas, o homem se comporta como um ser essencialmente social e essa afirmação tem servido, dentre outras coisas, para afirmar a impossibilidade do humano ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Por isso, a independência das influências dos diversos grupos, da história e da tradição refletiria uma experiência de imunidade e isolamento que não se aplica ao homem.

Considerações como essas parecem passar por cima das experiências de exclusão impostas pela sociedade. Por isso é preciso rever algumas visões que mistificam a sociabilidade humana a partir de sistema e subsistemas nos quais apóiam a evasão escolar.

Para os excluídos, a escola não tem muito sentido. As perspectivas de futuro se tornam mínima para quem tenta se livrar de débitos do passado. Para alguns privilegiados, o sentido consiste na adequação desse grupo ao social pela via da escolarização.

Uma vez enquadrados no arcabouço institucional da sociedade, alguns dos matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) acabam expulsos por uma estrutura escolar que camufla problemas sérios desse ensino (FREIRE,1997). Na prática, muitas vezes a denominação evasão escolar é lida como um indicador da incapacidade de alguém ser educado.

Tomando essas considerações como ponto de partida, observe-se que não é casual o emprego de tantos eufemismos. A forma como alguns são expulsos de sala de aula reflete uma ordem existente instituída socialmente.

A evasão escolar alimenta a ganância do politicamente correto. Porque os alunos da EJA deixam o lugar que estava reservado para eles, disso resulta um discurso que permite que esses seres humanos marginalizados não sejam reconhecidos. Os eufemismos seguem sem gerar a culpa naqueles que promovem essa evasão escolar.

2. O Problema e sua Contextualização

Em tempos de competição e massificação do processo de escolarização da sociedade, alguém desatento poderia confundir eufemismo como sendo mais um membro da comunidade escolar, em que o termo em questão representaria um outro nome exótico desses que aparecem nos diários de classe.

O detalhe é que eufemismo não é nome de ninguém, mas, antes de tudo, reflete uma expressão que tem servido para ocultar o trágico e o cômico. Para ilustrar isso, vale recordar os governos com seus anúncios de medidas impositivas para a sociedade. Trata-se de um eufemismo que permite substituir a expressão: “Vamos aumentar os impostos”.

No caso da educação, não é diferente. A expressão nunca é tarde para aprender aplicada às turmas de educação de jovens e adultos é farta de eufemismos, pois sugere muitas coisas. Para aqueles mantidos distantes da escola, muitas coisas pode não fazer a menor diferença na vida deles.2

Enfim, o eufemismo entra na escola pela porta da frente e lá permanece até a comunidade trocá-lo por outro mais moderno e menos indiscreto. Enquanto isso, a exposição de egos, a liquidação de posições dogmáticas e a evasão escolar se tornam cada vez mais o alvo natural da crítica.

O problema é que nem sempre essa crítica parece legítima ou reconhecida. Por meio dela, o modelo equivocado de educação e de sociedade aparece disperso, dividido, confuso, difícil de ser mudado. É como se faltasse aos críticos copiarem a lição da medicina: curar o câncer pelas causas. Como isso não acontece, essa crítica é reduzida à disputa das causas e dos efeitos.

Para Paulo Freire, ler criticamente um texto não se confundia com comprar mercadoria por atacado (FREIRE, 1996). Ao dissociar a leitura crítica da ação mecânica e previsível, Paulo Freire põe em discussão o pragmatismo pedagógico. Esse pragmatismo que reina absoluto em territórios minados de eufemismos.

Aparentemente simples, assim como tudo que marca a vida e a obra desse autor, o pensamento de FREIRE tem muito a nos dizer a respeito das discussões deste ensaio acadêmico. Consciente de um sistema educacional marcado por ingerências políticas, esse representante da História da Educação Brasileira recente talvez tenha sido o mais atuante em favor de um modelo de educação no qual os alunos aprendessem a ler e escrever suas próprias histórias.

Levar nossos alunos, sobretudo os da EJA, a ler e escrever suas próprias histórias conscientemente não representa um objetivo distante nem obscuro. Contudo, é preciso estabelecer outras formas de leitura da realidade, que não representem prejuízos nem devaneios. Noutra passagem Paulo Freire nos faz lembar que é o saber da História como possibilidade e não como determinação que está em questão (FREIRE, 1996).

Mas são justamente aquelas leituras mecânicas baseadas em eufemismos que reduzem o universo das possibilidades ao imperativo das necessidades. Necessidades quase sempre dispensáveis à vida dos alunos da EJA, que determinam o adiamento de objetivos modestos como aprender a ler e a escrever.

A política é o espaço onde os eufemismos são mais constantes. Ao recorrer aos eufemismos, o agente político pode transfigurar uma medida impopular e apresentá-la como algo mais tolerável. Na medida em que a educação se converte em instrumento político, as decisões que antes afetavam à sociedade agora afetam mais diretamente à escola.

Diversos eufemismos escondem problemas que seguem encobertos. A evasão escolar é um deles. O modelo politicamente correto, quase ufanista, que interfere nos assuntos educacionais, recupera o ideário liberal da possibilidade de ascensão social de minorias abandonadas da sociedade.

Na prática, esse ideário liberal, responsável por incentivar e sustentar eufemismos, tem servido para confundir nossas consciências, de que declarar e assegurar o direito à educação é mais do que uma proclamação solene. Por isso, é possível que essa possibilidade de ascensão social sobreviva das intenções de quem fala3.

Independente do sentido de utilidade associado à formação escolar em diferentes sociedades, inclusive na nossa, os fundamentos da educação sempre ocuparam um espaço próprio e tiveram uma importância central.

Mas, há um dado que deve ser lembrado e que faz a diferença nessa discussão. Trata-se do pressuposto de que o sentido de utilidade e os fundamentos da educação representam significados distintos. Distinção essa que pode ser expressa no simples reconhecimento de que o fim prático da educação ainda pode ser o ato reflexivo.

Por outro lado, na compreensão de alguns, essa distinção resulta numa confusão desnecessária. Ela serve até mesmo para recuperar a polêmica entre o teórico e o prático, porém representa muito pouco para esclarecer que distinção não implica em distância entre os termos em questão.

De certa forma, o predomínio do prático tem resultado numa tirania do pragmatismo no qual desaparecem condições para a teorização do mundo, da história e da cultura. Nesse contexto, o sentido de utilidade e os fundamentos da educação são confundidos de modo proposital.

Mas essa não seria realmente a nossa questão problema, que tanto afeta aos valores e aos resultados da educação de jovens e adultos. Nossa questão se apresenta na duplicidade de discursos dos eufemismo que tornam impraticáveis a motivação e a capacidade de aprender desses alunos.

Impraticáveis por duas razões muitos simples: primeira, nos termos da nossa última Constituição, esses jovens e adultos são aqueles que chegaram à escola depois da idade própria, porém as condições de acesso e permanência na escola dos que chegaram a ela tantos anos depois não mudaram tanto. A segunda razão continua a anterior. Esses jovens e adultos têm garantido Ensino Fundamental obrigatório e gratuito. Dessa obrigação e gratuidade que força o jovem e o adulto voltarem a estudar resulta as mais diferentes cobranças.

Para muitos outros professores, as causas desse fato que faz implodir a EJA são outras completamente diferentes. O objetivo deste artigo é condensar essas causas num argumento apenas: a duplicidade de discursos dos eufemismo torna impraticável a Educação de Jovens e Adultos.

Fora da idade própria e obrigados a estudar, a segregação desses jovens e adultos dos outros alunos matriculados no ensino dito regular, e que ainda pode ser controlada, converte-se em evasão escolar.

Os eufemismos servem para deflacionar as diferenças entre o que deve ser e o que é. Eles são o que permite dizer tudo dizendo o que não se disse. O eufemismo não é só discurso, mas é também prático.

Por falar em prático, a própria ideia de que alguém pertence a uma escola é possibilitadora para que qualquer um aceite os interesses particulares como gerais. Estrategicamente, o antes desse alguém que agora pertence à escola deixa de ser um tema relevante, graças à eficácia dos eufemismos que nos fazem indiferentes às diferenças entre o que deve ser e o que é.

Nesse exemplo da escola, percebe-se como o duplo discurso se transporta para a vida institucional, operando no interior dos grupos cujos membros ajustam suas práticas às regras. A regra do grupo enquanto opera sobre a totalidade de seus membros se pretende por isso de alcance universal.

Não há um eufemismo para cada caso. A EJA sofre dos mesmos eufemismos do chamado Ensino Regular que, por sua vez, reproduz a dualidade da economia, da política, etc. Outro detalhe importante é que aqueles que chegaram à escola somente alguns anos depois não poderão administrar sozinhos as diferentes cobranças resultantes da obrigação e gratuidade de voltarem a estudar.

Como foi dito antes, os eufemismos ocultam a realidade, encobrem os problemas, tornam popular o intolerável. Por isso, em razão do pragmatismo que reduz a prática pedagógica ao ato mecânico e comparável à ação de comprar mercadorias por atacado, é preciso alargar a consciência de que declarar e assegurar a autoconstrução do indivíduo é mais do que uma proclamação solene do direito à educação.

3. A investigação e os procedimentos teórico-metodológicos adotados

O presente ensaio acadêmico constitui ainda um aprofundamento da minha dissertação de Mestrada, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade de Brasília, em 2007. Com o título Filosofia e Colonização: uma relação que ultrapassa o jogo dos reconhecimentos, problematizei possíveis paralelos entre o pensamento filosófico e a perspectiva colonialista que possibilitou a hegemonia de um modelo único de civilização, no Ocidente.

Depois da conclusão do mestrado, essa análise da relação entre a racionalidade filosófica e a ação política trouxe à tona uma necessidade de contextualização dessa temática. Pode-se a firmar que essa necessidade teve ainda como base as sugestões, as críticas e aos comentários sugeridos pela própria problematização dos possíveis paralelos entre o pensar e o agir ocidentais.

De certa forma, a minha preocupação inicial como estudante de Filosofia sempre foi evitar que uma dissertação de mestrado nessa área depois pudesse servir aos interesses da experimentação científica. Problematizar uma questão para depois submetê-la à eficácia dos princípios científicos seria uma preocupação bem diferente e distante dos meus objetivos.

Para sustentar essa posição, busquei de diversas maneiras, e inclusive depois como acadêmico de Pedagogia, insistir que submeter a reflexão filosófica à contraprova do conhecimento científico sempre me pareceu uma outra forma de redução das coisas e do mundo a uma única perspectiva que se estabeleceu como referência única e definitiva – a perspectiva cientificista.

Essa mesma perspectiva cientificista nos faz lembrar das consequências dramáticas trazidas com a Ciência Moderna de se pensar o mundo como fato sem pensar os pressupostos de sua constituição (MILOVIC, 2004). Por isso, a preocupação de discorrer sobre os assuntos educacionais sem as apologias que antes reduziam as coisas aos fatos e esses mesmos fatos a demonstrações científicas. Problematizar contextos escolares onde os eufemismos permitem qualificar a realidade educacional distinta da que é reflete ainda uma necessidade de interpretação dos pressupostos que estão por trás desse fato.

Contudo, diferentes provocações me levaram a recorrer a um recorte do subtítulo do texto apresentado no Mestrado, o jogo dos reconhecimentos, cuja expressão tornara-se bastante significativa para minhas análises. Diferente do esquema da disputa e da competição encarnado noutros jogos, o termo jogo nos remeteria a uma estratégia particular de reconhecimento de excluídos da sociedade.

Na dissertação, o objetivo antes havia sido apontar esse reconhecimento como expressão mais recente da adoção de estruturas pelas quais o pensar filosófico e a ação colonialista continuariam operando, na sucessão e do confronto de ideias e valores que constituem o Ocidente. Estruturas essas que se institucionalizam e se perpetuam dentro dos limites existentes que vão da institucionalização à legitimação (MILOVIC, 2002).

Agora a mudança consistiria em refletir essas estratégias de reconhecimento a partir de uma situação concreta. A realidade escolar da educação de jovens e adultos (EJA), em que a política estratégica de trazer o público alvo da EJA para a sala de aula assume as características de um jogo particular de reconhecimento de direitos e de obrigações, apareceu como providencial àquela necessidade de corresponder às sugestões, às críticas e aos comentários dirigidos ao meu trabalho.

De certa forma, o reconhecimento dos excluídos da sociedade associado à discussão dos eufemismos como tentativa de reunir em um único argumento diversas motivações que tornam impraticável a educação de jovens e adultos representa ainda uma tentativa de evidenciar esse debate, sem ignorar a opinião dos que preferem seguir tratando o assunto por partes, assumindo os riscos de se perderem no varejo.

Por isso, antes de mais nada, é preciso não confundir o presente artigo com outros trabalhos, principalmente com aqueles que se ocupam de dados estatísticos aplicados à educação. Também não seria razoável querer identificá-lo como apreciação exaustiva da discussão dos eufemismos que permitem um discurso encobridor da realidade educacional. Este trabalho tem como diferencial sim contextualizar considerações resultantes de uma análise estritamente filosófica das mediações histórico-culturais do Ocidente entre o pensar racional e a ação política.

Há uma questão fundamental que justifica o entendimento de que a EJA encarna um jogo particular de reconhecimento e nos que permite problematizá-lo. Ao reconhecimento e à garantia de direitos pelo poder político que deveriam resultar do exercício prático de uma determinada consciência, cabe questionar: como ir além de manifestações carregadas de eufemismos, em que prevalece uma consciência contemplativa do reconhecimento e da garantia de direitos?

Recuperando o que foi dito antes: declarar e assegurar o direito à educação é mais do que uma proclamação solene. Proclamações solenes articuladas pela sociedade e pelo poder político atualizam a colonização mediada por uma determinada forma de pensamento. Uma dificuldade nossa talvez consista em reconhecer que a colonização persista em tempos de Pós-Colonialismo. O fato é que esse pós pode ser visto como um outro discurso encobridor pelo qual o uso da linguagem nos permite qualificar uma realidade distinta da que é.

Entender como modelos e estruturas se perpetuam nos termos de um colonialismo político e cultural recorrente no mundo ocidental nos remetem às ações racionais com vistas a um fim e que se favorecem do arcabouço institucional da sociedade. Essas ações racionais assumem as condições de subsistemas que adaptam os meios aos fins. Nesses caso, os eufemismos aparecem com meios pelos quais modelos e estruturas se perpetuam.

Enquanto uma sucessão de eufemismos alimenta uma compreensão politicamente correta da realidade, quase ufanista, um jogo entre o interesse particular e os interesses gerais entra em cena. Enquanto a educação de jovens e adultos permite a transferência e o abandono de determinados valores pelos educandos, direitos e obrigações cercam o jogo. Por isso, não seria casual a existência de contextos cujos discursos estão carregados de eufemismos.

4. Principais Resultados

Em diversos contextos escolares, um discurso encobridor permite qualificar a realidade educacional distinta da que é. A intenção deste artigo tem sido problematizar um modelo de educação marcado por diversos eufemismos que, a partir da própria denominação de evasão escolar, camufla problemas bastante sérios. Problemas como preconceito, vergonha, discriminação, críticas, dentre outros, vivenciados por alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) resultam como efeitos das proclamações solenes articuladas pela sociedade e pelo poder político.

Conforme dito antes, abordar os assuntos educacionais como provocação filosófica é antes de tudo uma tentativa de separar fatos e pressupostos que povoam a realidade liberando o pensamento da afirmação cartesiana da ciência. Os poucos autores aqui lembrados para referendar as considerações deste ensaio nos apontam para visões e concepções que põem em cheque as intenções e os resultados dessas proclamações solenes.

Quando nas avaliações escolares se diz: “a evasão escolar é um problema antigo...”, “os alunos da EJA nunca vão sair disso...”, etc., o que se esconde é um discurso encobridor que não gera culpa nem responsabilidades. Se o outro – o que vem de um défice escolar declarado – é quem tem o problema, a solução da evasão pode ser protelada ou ignorada. Por essas avaliações, o sistema educacional segue sem qualquer interesse de reformular sua prática.

Por isso, as proclamações solenes que geram os discursos encobridores nos fizeram chegar à situação da Educação de Jovens e Adultos. Proclamações e discursos onde o reconhecimento dos alunos da EJA se comporta de modo estratégico. Os encobrimentos e as omissões operadas no discurso apóiam as ações racionais que nos permitem articular as relação entre Filosofia e Colonização.

5. Considerações Finais

Na prática, há um discurso politicamente correto para o qual os jovens e adultos mantidos fora da escola por tanto tempo representam certa ameaça ao sistema e aos subsistemas que constituem a sociedade. Em nome dessa correção política, os eufemismos operam a substituição de termos que estigmatizam, sem prejuízo do campo semântico que completa o estabelecido pelo discurso.

Este trabalho esteve apoiado o tempo todo na reflexão dos paralelos possíveis entre Filosofia e Colonização, pensamento racional e ação política, na constituição do Ocidente propositalmente compreendido naquilo que a Europa estabeleceu historicamente como referência política, econômica, religiosa e cultural para o resto do mundo. Por isso, o entendimento de que a reflexão grega e o colonialismo seguiram juntos. Esse tem sido um ponto de partida desde o Mestrado.

Dos autores citados, destaca-se Paulo Freire, que entende que muitos objetivos da educação não podem ser alcançados de maneira puramente mecânica e externa. Dessa forma, o Pedagogo nos leva ao encontro do Filósofo que pensa as consequências dramáticas de se pensar o mundo (a escola) como fato (como matéria bruta) sem pensar os pressupostos de sua constituição (sem pensar as contradições entre o ideal e a realidade).

6. Referências Bibliográfica

LA TCULLE, Yves; OLIVEIRA, Marta Kohl; DANTAS, Heloiysa. PIAGET, VYGOTSKY, WOLLAN: Teoria psicogenética em discussão. 17 ed. São Paulo: Ed. Summus, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11ª ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996.

MOURA, Tânia Maria de Melo. A prática pedagógica dos alfabetizadores de jovens e adultos: contribuições de Freire, Ferreiro e Vygotsky. 2 ed. Maceió: EDUFAL, 2001.

MILOVIC, Miroslav. Comunidade da diferença. Rio de Janeiro: Relume Dumará; Ijuí, RS: Unijuí, 2004 – (Conexões; 21).

_________________ . Filosofia da Comunicação: para uma crítica da modernidade. Brasília: Plano Editora, 2002.

SILVA., FDM. Filosofia e Colonização: uma relação que ultrapassa o jogo dos reconhecimentos. Dissertação de Mestrado. Brasília: Biblioteca Central da Universidade de Brasília, 2007.

1Mestre em Filosofia pela Universidade de Brasília (UNB). Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Tem experiência no Magistério Superior e no Ensino Básico. Pesquisa o Pensamento Social e Filosófico da América Latina, com ênfase em Educação, Ética e Filosofia Política. Atualmente é Professor do Curso de Pedagogia da Faculdade Roraimense de Ensino Superior – FARES. Contatos: denisio@unb.br

2Inculcar na cabeça desse alunos que, apesar do atraso, eles ainda podem chegar ao doutorado representa uma proposta bem mais trabalhosa do que simplesmente e conscientemente fazê-los ler e escrever suas próprias histórias.

3O problema é que, conforme o ditado, o inferno está cheio de almas bem intencionadas.