Existe Geografia na Arte de Viver

Como pode se começar o dia sem sofrimento ou horror?

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Perguntara-se o poeta perpassado por um mundo tal qual como nos querem fazer ver, a artificialização da vida, a mercantilização de valores, a estética frágil, o espetáculo de imagens confusas e de paisagens completamente distintas na diversificação de sentidos sobre a temática da vida.

Tais palavras exprimem o choque de realidades, as quais são apresentadas seja nos meios de comunicação televisonada, seja pela palavra escrita ou outras formas de manifestações para as visões do real.

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O Espectáculo de Imagens e a Mercantilização do Sofrimento

Os noticiários viraram reality show de horror, com foco no sofrimento alheio e na intensa afirmação da unilinearidade dos fatos, os quais são interpretados por interesses não na dimensão do acontecimento, mas sim no que ele pode trazer como consequência emocional nos telespectadores, os quais por sua vez aumentam o índice de audiência e com isso permitem a venda de espaços para o marketing de uma vida melhor por meio da tecnicização do ambiente e das ações humanas.

A Verdade como Ilusão e o Fetiche do Falso

O que é verdade não passa de uma ilusão, a verdade está no profano. Na realidade dura das consequências das intricadas relações sociais e de poder.

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O espetáculo de imagens é separado dos ditos atores, cristalizando o olhar sob uma consciência falsa dos fatos. O fetiche pelo falso cria um ambiente propício às dificuldades de um posicionamento do indivíduo frente ao mundo real das contradições.

Dentro de uma ordem técnica e aparentemente apalpável do real artificializado, a percepção da atuação do sujeito estará comprometida.

A Ilusão do Consumo e a Construção da Realidade Contemporânea

O pertencimento a um conjunto maior que sua projeção de existencialidade, isso se aplica aos objetivos, ou pelo menos uma vida detentora das possibilidades de facilitar sua ação. O espetáculo da existência estará firmado na ilusória participação por meio do consumo.

O fetiche do consumo por meio da materialidade de produtos que prometem amenizar o conflito de não participação efetiva nesse tipo de sociedade inventa-se uma nova era sem mitos, deuses, naturalização das relações, os limites da relação homem-natureza são de certa forma ultrapassados, chegue-se a invenção do contemporâneo.

A Sociabilidade Artificial e a Busca por Sentido

Os métodos para se compreender e socializar a vida humana tem a intencionalidade de colocar em uma lógica racional todo o processo da realização social e individual do sujeito. O que não pode responder as diferentes ações distintas de necessidades existentes e complementadas sem relação à apropriação de produção de materialidade do capital.

Os conflitos diários nos telejornais, a corrupção sem medida do gênero humano, as atrocidades contra a vida (ganhou menor importância quando se coloca na mesma balança: perdas de vida, ou perda de capital), não correlacionam sentido pleno para o indivíduo contemporâneo.

A Reflexão sobre o Papel do Indivíduo na Sociedade

Tal sociedade espetacular, falsa, levou o sujeito a se sujeitar às relações aparentemente sem causa ou efeito, ou de alguma forma posicionar-se em uma postura de reflexão e observação de fato das contradições no projeto social.

Uma profunda interiorização dos problemas relacionados ao pertencimento a um grupo, ou não participação dele, a intensa desigualdade em plena expansão, a descoberta de ausência dos heróis vindos do céu, colocou esse indivíduo frente a várias possibilidades frustrantes, do ponto de vista da percepção artificializada ou atividade reflexiva para encontrar seu papel ativo como sujeito da história e a interpretação da ilusão de uma sociedade unificada.

A Arte e a Vida: Uma Busca por Significado

A vida por si, imita a arte às vezes, dentro de suas manifestações sem nenhum sentido prévio, tentando encontrar-se no universo desconfigurado das desigualdades, a arte não aponta uma resposta, vez ou outra é como um analgésico para amenizar a dor.

E como a arte, a vida sonha um mundo melhor. Quando Nietzsche disse não acreditar em um Deus que não dança, talvez fosse uma manifestação de uma maneira de subjetivar sua própria vida, escrita dentro de seus princípios.

Assim, não existe um caminho na arte ou uma resposta definitiva (quando o poeta se pergunta), e sim uma atitude sensível frente a uma realidade conflituosa.

A Geografia e a Interpretação do Real

A Geografia como a arte, dentro de suas infinitas e complexas possibilidades interpreta as imagens às vezes desconexas do real, interpreta diferentes visões do mundo e confere um sentido e uma dimensão não apalpável, mas completamente possível nas mentes que ousam sonhá-las. A arte de viver, ou a arte como conforto também tem muito de Geografia.