Segundo Ankersmit a epistemologia é essencialmente metafórica.A metáfora e a epistemologia tem em comum a pretensão de renunciar, mesmo que momentaneamente a inclinação de se apegar a linguagem ou a realidade.Desta forma, tanto o histocismo quanto a epistemologia são permeados da mesma mentalidade em seu esforço de dotar a ciência de um forte pensamento epistemológico.
Nota-se então o esforço da epistemologia pós-moderna em desmontar o cientificismo e a neutralidade impossível, o historiador, segundo Mink, seria buscar uma “compreensão configuracional” dos componentes do passado ao observar o passado como uma unidade coerente onde cabe o pesquisador analisar algo externo a fluxo do tempo.
Existe nesse contexto, uma distinção entre historicismo se proclama radical e limita o âmbito da alteridade ao passado. O historicismo se coloca acima da linha do tempo, tentado a fazer uma história transcendental e relativista, que para o autor, peca por insistir na busca por verdades absolutas e transhistóricas.
A escola historicista pode ser reconhecida em Marx, Dilthey, Le Goff e em muitos outros, se tornando o regulador das produções destes. Portanto, o historicismo estabelece os instrumentos conceituais, os procedimentos de pesquisa e as próprias “filosofias da história” consolidando a ciência história desde o século XVIII.O relativismo torna-se portanto, em instrumento metodológico desse tipo de pesquisa, sempre entrando em conflito com os modelos estabelecidos ao mesmo tempo que nasce desses modelos e das múltiplas experiências com as alteridades e com suas próprias estruturas e processos na “formação social”.E precisa utilizar os mesmo instrumentos que pretende para criticar para dissolver.
O historicismo no entanto, tenta tornar a história em uma ciência feita de leis que escapam ao homem, e que podem determinar o futuro deste.
A escrita da história pós-moderna, associada ao modelo de Foucault, visa a dissolução dessa forma metafórica historicista. Para o autor, a despistemologização da consciência histórica esta relacionada em primeiro lugar, a descontextualização em substituição a contextualização historicista e positivista, onde se estuda o passado em partes autônomas e independentes, uma traço decisivo da história pós-moderna.
Em segundo lugar a dissolução da organização metafórica que procura unificar o passado e causar uma falsa profundidade, sendo essa ultima vista de forma antipática pelo história pós-moderna, que busca separar os fenômenos históricos de sua raízes do passado.
As conseqüências dessa mudança na abordagem histórica, descarta da historiografia qualquer pretensão de uma representação total do passado.O texto é visto como objeto, e não como mimese do passado.O uso de instrumentos de crítica literária, natural ao pós-modernismo como o cálculo a matemática.A historiografia pós-moderna baseia-se na produção de um objeto lingüístico que exerça a função cultural de um passado não – presente.
O objetivo dos pós-modernistas é tirar o tapete debaixo dos pés do modernismo e da ciência. As interpretações históricas do passado primeiramente se tornam reconhecíveis, adquirindo identidades através do contraste com outras interpretações do passado, elas são o que são baseadas no que não são.
O pós-modernismo reconhece na natureza estética da historiografia. Esse reconhecimento é descrito pelo mesmo autor no texto Historiografia e pós-modernismo da seguinte maneira:
“João acredita que X, ou João espera que X, onde X é uma alegação particular. A questão é que (...) nunca será substituído por outra alegação, mesmo sendo esta equivalente a x, ou resultado direta deste. Afinal, não sabemos se João de fato está ciente das conseqüências de sua crença ou esperança em X.” (Págs.122,123)
Através da historiografia pós- modernista, encontra na história das mentalidades há uma ruptura com a tradição essencialista. A narrativa e o discurso são temas muito discutidos na pós-modernidade. História pós-moderna refinou nosso entendimento de uma história que não tinha como ser tematizada apartir da história epistemológica tradicional. Esse fenômeno heterogêneo da historiografia nos tirou ignorância em relação ao texto como representação do passado, sendo esse influenciado diretamente pela cultura e formação de quem o escreve, portanto sendo impossível alcançar uma suposta neutralidade.
Bibliografia
Historicismo, pós modernismo e historiografia (Frank R. Ankersmit)
Historiografia e pós-modernismo. Fonte: http://www.ppghis.ifcs.ufrj.br/media/topoi2a4.pdf ( Frank R. Ankersmit)