Mister “M” (O Mágico dos Mágicos) – O Seqüestrador de Ilusões

Em toda história existe o maniqueísmo simbolizado pelo vilão como o mal e o herói como o bem.

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Nesta história denominaremos Mister “M” de vilão e o Magico com ética de herói.

É claro que todo vilão é provido dos mesmos recursos e conhecimentos que o herói, ou seja, tem consciência dos meios para se chegar aos fins. Porém, a grande diferença entre eles é na essência interior, na alma, no coração. Enquanto o herói utiliza métodos decentes para chegar à sua meta, o vilão utiliza métodos antiéticos para tal.

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O caráter do herói é íntegro na moral, na ética, na entrega aos seus objetivos com responsabilidades e princípios. O vilão tenta destruí-lo por inveja, pois não consegue se destacar ou alcançar sua meta com estas qualidades, que fluem de forma natural e espontânea no herói.

O vilão precisa de recursos mundanos, imoral e materialista para tentar brilhar como herói. É o que faz Mister “M”.

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O nosso herói (o Magico), é considerado um SÍMBOLO ARQUETÍPICO, pois tem uma representação e significado único em qualquer país, lugar ou civilização. Ele brilha porque sua intenção é despertar alegrias, encantos e deslumbramentos.

O nosso vilão (mister “M”), é considerado um SÍMBOLO ALEGÓRICO, pois seu destaque é como uma alegoria, necessitando de uma plástica e estética muito diferenciadas do padrão universal de herói. Sua aparência, gestos, etc. vem acoplados de máscaras para ocultar sua identidade e seus recursos de atuação utilizam formas sedutoras para “escravizar” seu público criando um vínculo de dependência devido às respostas prontas oferecidas (no caso, desvendar números de mágica).

O herói se destaca com uma aparência estética, gestos e linguagens que seguem um padrão de valor único, universal e percebido de forma límpida e clara. Além dessa imagem arquetípica, o herói utiliza recursos enquanto atua, com formas que seduzem por despertar deslumbramento e questionamento em seu público, que tem liberdade para pensar, imaginar e fantasiar, buscando por si mesmo as respostas mais convenientes frente à forma de executar o número de mágica apresentado.

Todo símbolo não pode ser explicado sob uma evidência racional, como faz mister “M” com suas respostas prontas.

O símbolo é a chave de um mistério; nunca pode ser explicado ou decifrado definitivamente, exige uma execução sempre nova assim como uma partitura musical.

É na ultrapassagem do conhecido em direção ao desconhecido que se afirma o valor do símbolo! Se um dia o termo oculto tornar-se conhecido o símbolo morrerá. Quando o símbolo se torna conhecido (um número de mágica revelado), ele está morto resta-lhe somente um valor  histórico, algo a ser contado e nunca mostrado.

É aí, nesta tese, que o vilão tenta destruir e superar o herói.

O vilão sabe que todo símbolo enquanto arquétipo tem como maior força e vantagem, fornecer ajuda das mais eficazes ao desenvolvimento da PERSONALIDADE do ser.

Sendo desvendado este material oculto (o segredo da mágica), a força do herói é enfraquecida. O público se desilude com o herói e se volta ao falso herói (o vilão).

Acontece que todo símbolo tem uma característica marcante e autoprotetora que o mantém vivo no inconsciente coletivo; é a sua FUNÇÃO DE RESSONÂNCIA. O símbolo será considerado morto ou vivo conforme a disposição do espectador, conforme suas atitudes profundas e sua evolução cultural e social.

Estará vivo o símbolo que desencadear uma vibrante ressonância (o que faz o Mágico), e mortas se não passarem de um objeto exterior, limitado a seus próprios significados objetivos (o que faz mister “M”).

O Mágico enquanto símbolo arquetípico tende a ressonar e vibrar por tempo indefinido. Basta entrar em sintonia com as necessidades do inconsciente coletivo, isto é, desejos, fantasias e sonhos do espectador.

Aquele que estiver em sintonia com uma atmosfera espiritual manterá ativa a ressonância do símbolo enquanto arquétipo mantendo-o vivo. Ou seja, o efeito que um número de mágica causa sobre o espectador é de deslumbramento exatamente por causa do mistério que existe por trás de sua execução e é isto que faz com que haja uma vibrante ressonância.

Já aquele que estiver em sintonia com uma atmosfera racional, material, objetiva e imediatista, manterá vivo um símbolo alegórico, mas por pouco tempo. Tempo este diretamente relacionado à necessidade deste inconsciente coletivo enquanto curiosidade e especulação. Sim, porque o efeito que um número de mágica desvendado causa sobre o espectador é só de curiosidade; não há ressonância, só há valor histórico. O relato é puramente objetivo e não subjetivo, isto é, algo contado, racionalizado e nunca mostrado e sentido.

No momento em que este espiritual adormecido acordar, a necessidade de se alimentar por sonhos, imagens, intuições e reflexões ressurgirá. Mais energias manterá ativos os símbolos arquetípicos e inativos os símbolos alegóricos. “UM MUNDO SEM SÍMBOLOS PROVOCA DE IMEDIATO A MORTE ESPIRITUAQL DO HOMEM”. E não é o que as pessoas desejam...

Como Carl Gustav Jung dizia: “Sujeitar o desconhecido ao conhecido, ao classificável, adormece o cérebro”. Assim, ao se desvendar números de mágica, perde-se a oportunidade de questionamentos, reflexões e inquisições; e o cérebro, por não raciocinar, se acomoda nas respostas prontas, adormece, atrofia.

Assim como mitos e contos de fadas sobreviveram por vibrante ressonância aos filósofos e à Igreja Católica por séculos e séculos, a Arte Mágica que mantém vivos os sonhos, ilusões, mistérios e fantasias, também sobreviverá por ressonância aos corruptos da Arte!

Para finalizar esta análise psicológica, é bom lembrar que o grande responsável pelo fim dos sonhos, encantos e ilusões não é só o mágico corrupto e vilão, mas também os meios e formas de divulgação desta imagem alegórica; televisão, Internet, etc.

Mister “M” é o vilão, o corrupto, a ovelha desgarrada que usa meios antiéticos para se manter em destaque, porém quem divulga, quem o imita, quem aceita sua imagem e colabora com a destruição do símbolo arquetípico é o grande responsável, o grande assassino de um símbolo! É duplamente vilão...

As grandes emissoras de televisão, símbolos de sofisticação, do luxo, da elite, do cultural, do intelectual, do “alto” nível e da nobreza, na sede de continuar à frente das grandes notícias, acontecimentos e imagens compraram este símbolo alegórico confiando somente na existência de uma essência material, racional e objetiva dos seus espectadores.

Será que essas emissoras, que até então funcionaram como heróis, querem experimentar serem vilãs para variar um pouco?

Será que não percebem suas responsabilidades sobre as mentes do seu público? Que estão impedindo a capacidade destas mentes raciocinarem? Que estão contribuindo para o adormecimento destes cérebros? Que estão direcionando estes seres cada vez mais para uma visão concreta, lógica e materialista do mundo? Que estão enfraquecendo a existência dos sonhos, ilusões e deslumbramentos? Que estão endurecendo corações e almas destes seres que já vivem num mundo tão duro e cruel? Que estão destruindo a possibilidade de um momento de alegria, de prazer, de relaxamento, de encantamento e de magia?

Serem cúmplices de um vilão que deseja status e crescimento em benefício próprio em nome da especulação e da falta de caráter tornam-nas grandes vilãs! E o pior: por serem as divulgadoras desta mercadoria desajustada e homicida eu diria que são donas de um marketing esquizofrênico e psicopático.

O Mágico com decência e ética é um ser arquetípico que merece respeito, pois age com respeito perante seu público. Em nenhum momento ele engana seu público!

Ele faz ilusões para seu público e sempre está claro que existe uma técnica por trás daquela mágica. Quem quiser desvendá-la é só se interessar por assuntos, temas, literatura e cursos ligados à Arte Mágica. E com certeza serão adquiridos conhecimentos sobre números de mágica de forma muito mais profunda, interessante e ética do que as conhecidas através de mister “M”.

A Mágica além de Arte é terapia! É um símbolo que precisa sobreviver às alegorias que querem destruí-la. Mas ela sempre existirá, pois o homem necessita de sonhos e ilusões para manter vivo seu lado espiritual, emocional e infantil. Precisamos conservar dentro de nós a esperança de encontrar paz e felicidade, porisso o sonho não pode acabar!

A criança quer ver Papai Noel mesmo associando que seu pai sumiu na hora que o velhinho apareceu. Desvendar o mistério de que Papai Noel é o seu papai, mostrar que a técnica e o segredo é este, acabará com o sonho, a ilusão e a esperança do “impossível”! Traz à tona  a desilusão de forma cruel, sem reflexão e amadurecimento para tal revelação...

As pessoas já se sentem tão ameaçadas no seu dia-a-dia com assaltos, roubos, seqüestros, traições políticas, etc. que eu me pergunto: será que elas precisam de um tal mister “M” para lhes roubar também seus sonhos e ilusões?