NOSTALGIA

Nostalgia

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Olho pela janela da parede da memória e como um flash vem às imagens.

Se não fosse a nostalgia; eu poderia jurar que estava a ter miragens.

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Jovens cabeludos embalados por um rock água com açúcar a protestar ao som de uma brasa mora, a irreverência era mesma pelo som dos escapamentos da caranga, e quanto maior o berro do motor mais quente era a maquina.

Ia-se ao banco sem medo, ainda não tinha a bendita porta giratória de vidro a empacar sob o comando dos vigilantes, que revestido de falso poder exorbitam em cima de um povo honesto e obreiro.

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Famílias inteiras buscavam a fresca noturna nas calçadas em frentes as suas capas, o futebol era assunto permanente enquanto, as crianças brincavam de pegador, ou saltitavam amarelinhas, sem medo de assaltos; seqüestros e roubos ou mesmo de ser feliz.

Que sensação de segurança agradável, podia se ir e vir sem sobressaltos, sem temer seqüestros.

Televisão colorida ainda era para poucos e, de colorido mesmo se tinha a vida, Caetano Veloso liderava o tropicalismo, as letras musicais eram dotadas de pureza, sem o apelo ao sexo.

A coreografia não enveredava por caminhos que levasse o público a ser chocado por gestos cuja sensualidade lembrasse o ato sexual, ainda não existia o “Tchan” com sua “boquinha da garrafa”.

Ah, Bons tempos, aqueles, benção Pai, benção Mãe ao acordar e ao deitar-se era sinal de respeito e bons costumes, ”vou me jogar coroa não era expressão usada por aquela geração”.

Namorar, noivar e casar não era um sonho de pai ou Mãe para seus filhos, mais uma realidade, assim a sociedade caminhava, e o que fugia do padrão era uma aberração, logo inaceitável, isso porque poucos eram os abortos e não era aceitável FICAR.

Moral e bons costumes nunca fizeram mal a ninguém. Ao contrário são as colunas de uma sociedade sadia.

O Romantismo dava o seu tom, as rosas eram sinônimos de amor, de paixão, jantar fora era sinal de atenção, carinho, amor, ainda não se havia descoberto que a mulher deveria pagar metade da conta.

Saudades do tempo em que o rapaz saia com a namorada e arcava com todas as despesas, sem esperar ajuda, e com isto demonstrando estar ciente de suas responsabilidades junto à família que viesse a constituir.

As poucas igrejas nos dias de cultos lotavam, havia certo temor a Deus, poucos eram os que enveredavam pelo caminho das drogas.

Estes recebiam o nome de maconheiro e era tido como o diabo, o câncer que mata, ainda não se falava de ecstasy, crack e outras drogas.

Estar na crista da onda era ouvir Beatles, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Caetano Veloso e etc.

Nos bailes aos sábados nas casas de amigos, o forte era o samba, cachaça, limão e coca-cola, pouca grana, muita animação, sem bebidas importadas.

Dormir com a namorada na casa dos pais dela nem pensar, beijinho na boca, abraço e ficar na vontade.

De repente se vai embora as imagens do passado e volto à dura realidade, ligo a TV e a dançarina que está a coreografar a música, rebola, rebola, para esquerda e direita, de repente começa a descer devagarzinho e rebolando, parece que ela esta sentindo orgasmos múltiplos.

Mudo de canal e me deparo com certo apresentador que ganha mensalmente uma fabula, para apresentar imagens fortes de roubos e assaltos ocorridos no dia a dia, só tragédia.

No banco me sinto um verdadeiro Réu, tiro as chaves, o celular, às moedas, e a porta de vidro ainda trava, ao questionar o vigilante este me pergunta, o senhor tem parafusos no joelho, ou platina nos ossos, preferi não responder, pois acaso tivesse, ele poderia me obrigar a tirar os parafusos e a platina, para só então me dar acesso ao caixa e só então eu poderia sacar uma merrequinha.

No meu café da manhã tem sempre algum estranho sentado a minha mesa, sempre um tipo diferente ora, um loiro, ou moreno, branco, e até mulato.

São os maiores abandonados ao relento que minha filha dotada de um excelente coração não resistiu, movida pela pena e dó resolveu dar abrigo em seus aposentos, levada por tão nobre sentimentos ela transpõe barreiras ao resolver com seu próprio corpo aquecer o corpo do coitadinho que está a padecer de intenso frio.

Viver de imagens extraídas da parede da memória é fácil, o difícil é encarar a vida como ela é, com as suas conseqüências a nos exigir a todo o momento posições que nos trazem conflitos.

Redigido por:  Mauricio Cleudir Sampaio.

u.palmares@ig.com.br