O Ensino da Gramática em Sala de Aula

O ENSINO DA GRAMÁTICA EM SALA DE AULA

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INTRODUÇÃO

A partir dos anos 70 com os avanços das pesquisas a cerca da lingüística, o ensino gramática veio à baila principalmente nas academias. O que causou várias discussões sobre a importância de ensiná-la e quais métodos utilizar. Surge daí a importância deste artigo, verificar as semelhanças entre práticas e teorias. Embora, ainda hoje, o tema seja bastante abordado a realidade nos mostra estar distante do que os pesquisadores  defendem como ideal, no que diz respeito ao efetivo ensino de uma gramática  instrumental dentro de um contexto de reflexão. Implementar metodologias ensino , eficazes, que minimize a crença de que a gramática é muito difícil, mesmo para falantes nativos da língua, é um dos objetivos mais almejados.

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Segundo os PCN’s  a gramática deve ser utilizada como mero meio para melhorar a qualidade da produção lingüística e não ser estudada por si só. A lingüística, por sua vez, tem levantado estudo e questionamentos sobre o ensino da língua portuguesa como prática de linguagem, porém, apresenta poucos avanços do ponto de vista prático com relação à forma de ensinar gramática.o ideal de levarem os alunos a serem usuários competentes da gramática dando-lhes condições de usar linguagem  de usar a língua materna em todas as situações de integração comunicativa com segurança  lingüística ainda está longe de ser concretizado, visto o ensino da língua enfatiza mais questões terminológicas da língua do que propriamente seu uso.

Irandé Antunes, na sua obra Aula Português, diz que “existe uma má compreensão no que diz respeito ao estudo da gramática na língua portuguesa e é justamente este equívoco que tem tornando um entrave para a competência dos alunos nas diversas dimensões: a fala, a leitura, a escrita, etc.”  (2005,p.28)

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Com a Pesquisa qualitativa e de campo constatou-se que os alunos continuam não conseguindo compreender o ensino da gramática como um processo reflexivo, dentro de um contexto, prendendo-se ao estudo das regras gramaticais de forma isolada, com textos que servem apenas como pretexto à aprendizagem gramatical.

BREVE HISTÓRICO DA GRAMÁTICA

O estudo da gramática surge com os gregos, ainda de forma filosófica, baseada na lógica, desprovida de qualquer razão científica e desinteressada da própria língua. A discussão sobre o ensino da língua materna na sala de aula é algo que se desenrola em tempos longínquos.

O processo de ensino/aprendizagem da gramática está levando muitos profissionais da área a estudos e pesquisas contínuas, mas que ainda não diagnosticaram a realidade local.  “O ensino da língua materna desde os gregos e romanos, passando pela idade Média e Renascimento até chegar a nossos dias sempre se confundiu com o aprendizado da gramática escolástica. (BECHARA, 2000, P.34)

Desde a década de 70 o ensino da língua portuguesa vem passando por reformulações que afetam a metodologia, a abordagem do ensino da gramática na sala de aula, que até então se prendia a nomenclaturas, referindo-se a aspectos morfossintáticos.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ENSINO DA GRAMÁTICA

Muitos educadores e lingüistas têm definido fervorosa e enfaticamente a utilização do texto no ensino da língua. As atividades de leitura e produções textual tem  ocupado espaço nas aulas de português, porém ainda de maneira tímida. No entanto, ninguém pode discordar de que a prática textual deve ser o eixo norteador do ensino da gramática da Língua Portuguesa

[...] não é possível tomar como unidade básica do processo de ensino as que decorrem de uma análise de estratos –letras/fonemas, sílabas, palavras, sintagmas, frases- que, descontextualizado, são normalmente tomados como exemplos de estudo gramatical e pouco têm a ver com a competência  discursiva. Dentro desse marco, a unidade básica do ensino só pode ser texto             [...] Nessa perspectiva, necessário contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de que textos  pertencentes a diferentes gêneros são organizados  de diferentes formas. (idem, p.23)

Antes dos anos 90 o texto não era visto como processo, o leitor não era tratado como co-autor, o aluno, produtor, era mero escriba, a gramática vinha descontextualizada e repleta de regras. Essa realidade ainda se repete em algumas escolas. Embora notória a necessidade de que o ensino da gramática contextualizada seja exercido de forma contínua desde as séries de base, para que se obtenha resultados  mais promissores, muitas ainda são as divergências. Alguns ainda defendem o ensino sistemático, contextualizações e utilizam “textos”  apenas como pretextos para análises metalingüísticas tradicionais. Cresce, no entanto, de professores que, conscientes de que o estudo da  gramática deve habilitar os alunos a usarem adequadamente os recursos lingüísticos, têm enfatizado abordagens diferentes das tradições

A respeito Travaglia (2007,p.79) enfatiza que:

O professor ou elimina o estudo teórico das atividades das aulas  de língua materna ou diminua a quantidade de teoria lingüística ou gramatical de trata em sala de aula, limitando-se quando muito, a apresentar um quatro mais geral e básico de conhecimento sobre a língua.

Em desacordo com o pensamento de alguns, saber usar a língua (e a linguagem) não se reduz ao saber nomenclaturas gramaticais, para a maioria dos usuários da língua é mais importante saber usá-la – em situação discursiva – do que dominar suas partes (classes gramaticais).

O conhecimento articulado da gramática proporciona maiores êxitos discursivos, mas isso não acontece se for utilizado fora de uma estrutura textual.

[...]  acreditamos que, se deixarmos de dividir essas duas partes em gramatical e textual, como se fossem coisas distintas e estivermos convencidos de que texto é apenas um resultado da aplicação da gramática da língua em seus múltiplos planos e níveis, que texto é a gramática da língua em funcionamento para comunicar por meio da produção de efeitos de sentido, deixaremos de ter no ensino de língua materna a atividade, pode –se  dizer, perniciosa de achar que gramática e texto são coisas distintas e que têm de ser tratados separadamente por terem pouca ou nenhuma relação entre si. Tal atitude tem prejudicado o trabalho em sala de aula e criado a síndrome da incompetência que leva tantos falantes de português a dizerem “não sei português.” (TRAVAGLIA,2007,P.54)

A língua portuguesa é apresentada como uma área de mudanças, no que se refere ao ensino, no passado tinha seus conteúdos cheios e tradicionalismo e nos dias atuais tem uma visão voltada a um questionamento de regras e comportamentos lingüísticos. As questões dedicadas ao saber gramatical vão dando lugar às questões centradas na capacidade de ler, escrever e refletir sobre a linguagem.

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA

Os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam idéias que não são novas, como por exemplo, dos pressupostos da Lingüística Textual, pelo contrário, são objetos de muito estudo e debate há décadas, que buscam as chamadas reformas educacionais, de fato uma nova ótica sobre o processo de ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, porém, que está sedo difícil de ser incorporada em certos momentos por ser consideradas pro alguns como impositivas e fora da e fora da realidade brasileira. Com isso surgem opiniões divergentes em ensinar ou não a gramática nas séries iniciais.

Alguns estudiosos e professores consideram o ensino da gramática como necessário. Nesse sentido ela é entendida em três esferas:

a)      O conjunto sistemático de normas para falar e escrever (gramática normativa). Apresenta um conjunto de regras explícitas e coerentes, destinada a fazer com que seus leitores sigam uma variação padrão da língua.

O ensino dessa gramática escolar normativa, é válido como o ensino de uma modalidade  “adquirida”, que vem juntar-se (não contrapor-se imperativamente) a outra, “transmitida”,  é a modalidade familiar.[...] Acredito que o ensino da gramática normativa resulta da possibilidade de que dispõe o falante de optar no exercício da linguagem, pela língua funcional que mais lhe convém à expressão. (BECHARA, 2000,P.17)

b)      Descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função (gramática descritiva). O usuário é capaz de distinguir expressões de língua, implicada em explicá-las como são faladas.

c)      Conjunto de regras internalizadas que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar (gramática internalizada). O falante da língua não se detém ao grau de escolaridade ou de aprendizado sistemático, mas ao amadurecimento progressivo na própria atividade lingüística.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Relato de experiência vivenciada durante a análise de dados em pesquisa qualitativa em um texto dissertativo. Teve como objetivo contribuir sobre o tema proposto. O processo de análise mostra que não há receitas prontas, embora existam correntes metodológicas que direcionam este saber-fazer-prático. Entretanto, há que se considerar que parte desta travessia depende da sensibilidade, intuição perspicácia, astúcia, prática e experiência do pesquisador para conseguir, finalmente chegar à construção de novos conhecimento que, muito em breve, serão superados por olhares e novas recontextualizações.

Contemplam esta análise os dados coletados por meio das observações de aula de Língua Portuguesa no 9º ano do ensino fundamental, para relacionar o que é proposto na pesquisa em questão. As observações foram realizadas nos dias 28 e 29 do mês de abril de 2010. Durante as aulas o conteúdo trabalhado foi as orações subordinadas adjetivas; a explanação do conteúdo deu-se com a professora pedindo aos alunos que lessem um texto do livro didático, adotado pela rede pública estadual para o ensino fundamental; foi feita uma leitura silenciosamente, mas a maioria da não leu sequer um parágrafo, então a professora iniciou uma leitura coletiva, intercalando-a com cada aluno lendo um parágrafo. Em seguida fez uma breve interpretação oral, utilizando quadro e pincel para escrever algumas frases aleatórias do texto, feito isso iniciou a explicação do vem a ser oração subordinada adjetiva. Quanto ao método utilizado foi o expositivo, revestido de tendências do ensino tradicional da gramática. Enquanto a professora explicava aos alunos observaram, alguns sem muito interesse; a medida que usava os exemplos a professora chamava os alunos à participação, através de questionamentos a respeito da localização e classificação das orações subordinadas adjetivas, muitos mantinham-se na posição de meros receptores, não questionaram, nem participaram efetivamente da aula.

Uma das atividades passadas pela professora foi a retirada, do texto de algumas frases que apresentassem orações subordinadas adjetivas e as classificam. Percebeu que os alunos apresentaram inúmeras dúvidas e dificuldades em compreender o conteúdo ao utilizar o texto como base para a resolução das atividades, pedindo  ‘atividades mais fáceis’, com frases isoladas para que analisassem. Quando observado como é realizado o trabalho da gramática nas aula de Língua Portuguesa, nota-se que a gramática é estudada a partir de regras e exercícios, essas prática pedagógica está fundamentada na crença que exercícios estanques ou isolados de determinados assuntos podem instrumentalizar o aluno para fazer uso desses conhecimentos na hora de produzir seus textos. Porém, o que ocorre é que o aluno faz os exercícios, acerta-os, mas nem sempre consegue aplicar os conhecimentos textuais, o texto é utilizado apenas para o cumprimento das atividades, logo em seguida é deixado de lado, ou seja, nenhuma outra atividade faz referência a ele.

Pode-se perceber, então, que o texto, nestas observadas, foi apenas um mero pretexto para que os alunos realizassem atividades, não com pretensão da construção de sentido, mas para localizar informações gramaticais. A análise dos resultados da observação que contempla o cotidiano de sala de aula, focalizando as concepções do professor e os procedimentos metodológicos utilizados quanto ao ensino da gramática leva a percepção de lacuna existente, ainda, entre as propostas dos PCN´s e a prática em sala de aula com predominância da gramática tradicional normativa.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo. Parábola. 2003.

BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 11 Ed. São Paulo: Árica, 2000.

MARCUSCHI, Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º e 2º graus: uma visão crítica. Trabalhos em lingüística aplicada. 30: 39-79, 1997.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Editora Cortez. 2007.

SUASSUNA, Lívia. Ensino de língua portuguesa. 8ª Ed. São Paulo: Ática, 2007.

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