O PRECONCEITO LINGUÍSTICO E A CONSCIENTIZAÇÃO DAS NORMAS LINGUÍSTICAS NA SALA DE AULA

EDILAINE LOURENÇO DA SILVA [1]

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email: edilaineriotinto@hotmail.com

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RESUMO

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O presente artigo aborda como ocorre o preconceito linguístico na sala de aula, e como a escola tem dificuldade para solucionar essa situação no dia a dia do aluno, o qual se sente prejudicado por não conseguir falar o português tido como “correto” por alguns alunos. Vale salientar que a gramática é um dos instrumentos de ensino do professor, lembrando que ainda surgem controvérsias do seu valor. A gramática tem a finalidade de informar e orientar qual a melhor forma de falar a nossa língua materna, porém as leituras de textos literários e didáticos não são devidamente trabalhados de forma correta na sala de aula, para que o aluno possa obter uma melhor compreensão. Outro fator de extrema importância seria a gramática trabalhada junto com leituras de textos, ao invés de serem trabalhadas separadamente. Sabe-se, portanto, que os alunos entendem a importância de trabalhar o emprego e a formação das palavras, mas também não se pode esquecer que as raízes culturais desses alunos devem ser preservadas, pois são inquestionáveis, uma identidade cultural, que Jamais pode ser esquecida, pois é importante para entendermos sua origem, e o porquê da sua escrita.

Palavras-chave: língua, preconceito linguístico, escrita e ensino.

1. INTRODUÇÃO

Tem-se por objetivo com a elaboração desse artigo sanar algumas dificuldades e preconceitos vividos pelos alunos de diferentes culturas, que ao frequentar a sala de aula sofre discriminações pelos seus colegas, e muitas vezes pelos próprios professores, uma vez que eles mesmos não sabem lidar com essa situação. Lidar com as diferenças é uma das maiores dificuldades do ser humano. Ao se descobrir com a diversidade, em muitos casos gera a tensão, a intolerância, e na maioria das vezes o preconceito, que gera uma postura negativa, sem fundamentos, para com as diferenças manifestadas na vida humana.

Ao realizar essa pesquisa, pudemos observar que em algumas comunidades lingüísticas o que encontramos de imediato é o aparecimento de diversas culturas, uma vasta diversidade lingüística, que gera diferentes formas de falar, acarretando uma relação preconceituosa entre professor-aluno e aluno-aluno diante da variação lingüística em sala de aula.

Segundo Zilles, o reconhecimento da variação lingüística é condição necessária “para que os professores compreendam [...] o seu papel de formar cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade de acordo com as exigências da vida e da sociedade. Isso só pode ser feito mediante a explicitação da realidade na sala de aula” (ZILLES apud FARACO; TEZZA, 2005, p.73).

De acordo com Bright, “uma das maiores tarefas da sociolingüística é mostrar que a variação ou a diversidade não é livre, mas que é correlata as diferenças sociais sistemáticas” (apud CALVET, 2002, p.29). Todas as línguas mudam e evoluem com o passar do tempo, e variam geográfica e socialmente. A partir do pensamento de Possenti (apud FARACO; TEZZA 2005, p. 16) a respeito da língua, dois fatos devem ser levado em conta: a) [...] não existe nenhuma sociedade [...] na qual todos falem da mesma forma; b) a variedade lingüística é o reflexo da variedade social e como em todas as sociedades existe alguma diferença de status [...], essas diferenças se refletem na língua”.

Para Bagno (2005) o preconceito linguístico é uma forma do preconceito social. Até mesmo os Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados pelo Ministério da Educação, reconhecem a existência do preconceito lingüístico e os prejuízos que acarreta na sala de aula:

O problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às falas dialetais deve ser enfrentado na escola [...] para isso e também para poder ensinar língua portuguesa, a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma correta de falar, a que parece com a escrita, e o de que a escrita é o espelho da fala. Essas duas concepções produziram uma mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde a nenhum de seus dialetos, por mais prestígio que um deles tenha em um dado momento histórico. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 2000 p.31).

Para a Sociolinguística, não existe um único código lingüístico absoluto o qual as pessoas deveriam tomar por linguagem correta porque a própria variedade lingüística reflete a variação social, assim como a sociedade reflete a variedade social, assim como a sociedade reflete a diferença de papel entre os indivíduos. É cada vez mais visível nas línguas das sociedades mais complexas, que os falantes procurem definir e consagrar modelos de uso. Com isso, em todas as situações socialmente relevantes, falar ou escrever de acordo com os modelos mais bem conceituados é uma forma de reforçar a aderência a certo grupo e, indiretamente, de acrescentar importância apropria mensagem.

REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. 28ª ed. São Paulo. Editora Loyola.2005.

CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola, 2002.

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Editora Contexto, 2006. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. 2ª Ed.Brasília: MEC, 2000.

POSSENTI, Sírio. Não existem línguas uniformes. In FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. 13ª ed. Petrópoles: Vozes, 2005.


[1] Aluna pós-graduanda em metodologia do ensino da língua portuguesa, pela Universidade vale do Acaraú – UVA..