“A OBESIDADE NACIONAL”
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou dados, através da Mídia, a respeito da saúde dos brasileiros, destacando a crescente obesidade nacional. De fato, esse distúrbio psicossomático é um perigoso fator de risco que atinge grande parte da população do nosso país. O excesso de peso das pessoas ocasiona inúmeros problemas de ordem individual, social e econômica, pela extensão do seu alcance social. Em recente entrevista em São Paulo, com a fisioterapeuta Alessandra T., ouvimos daquela competente estudiosa, a mesma opinião e preocupação a respeito dos riscos a que estão expostas as pessoas com excesso de peso. Apesar do alerta da Dra. Alessandra e de outros profissionais da saúde, temos observado que esse grave distúrbio não tem sido tratado de forma mais abrangente, como merece. Os aspectos psicológicos, sociais e econômicos que envolvem e decorrem da obesidade, são tão ou mais graves que as suas conseqüências individuais.
Nos países mais pobres a obesidade se tornou um flagelo social, em virtude da grande ingestão de alimentos artificiais, massas, frituras, refrigerantes e os demais industrializados; pouco ou nada nutritivos. A falta de conhecimento da população e a propaganda maciça e condicionadora que as empresas alimentícias fazem, através da Mídia; são os principais responsáveis pela obesidade crescente que se vê nas ruas, principalmente nas camadas mais pobres e desinformada, mais acentuada entre as mulheres. Nesta oportunidade, vale a pena reescrever um aprofundado Trabalho publicado e divulgado em diversos sites, a respeito de tão importante assunto.
Os profissionais da saúde mental atendem, com certa freqüência, pessoas com problema de obesidade, decorrente de conflitos mentais. Nota-se que um grande número desses pacientes é do sexo feminino e, quase sempre, apresenta distúrbios somáticos, como efeitos decorrentes da psique abalada; são as disfunções psicossomáticas, inevitáveis nesses estados mentais.
Não é novidade para os estudiosos da Psicobiologia que os desequilíbrios mentais acarretam disfunções orgânicas e vice-versa. Se os negócios vão mal; o estômago poderá sofrer as conseqüências, com acidez, gastrite e erupção de úlcera gástrica. Em contrapartida, a preocupação repetida com o estômago, ocasionará um sofrimento na mente, um transtorno mental; um conflito que poderá levar alguém a engordar, provocar-lhe uma baixa estima, ao notar a deformação em seu corpo. Quando essa pessoa investiu muito em seu exterior, em sua beleza externa; obviamente, sofrerá mais abalo em sua personalidade que outra, cuja atenção se voltou para o seu interior e para o seu aprimoramento espiritual, cultural ou mental.
Talvez seja esta a principal razão que leva à depressão, mais mulheres que homens; mormente agora, em que todas as sociedades do mundo valorizam e idolatram a beleza física, o invólucro, o exterior, a casca e a aparência, em detrimento do conteúdo, da alma, do espírito, do humanismo, da beleza e da riqueza interiores; tinha que dar, e deu, nisso mesmo: a decadência moral, mental, cultural e o sofrimento e desestruturação psicofísica da maioria das pessoas do nosso tempo.
É só observar, conversar e analisar o comportamento da maioria dos nossos amigos, colegas, companheiros, parentes e outros que estão ao nosso redor: estão eles irradiando paz e resplandecendo amor e felicidade; ou revoltados,reclamando,lamuriando com os semblantes sérios e agressivos?
Analisemos um indivíduo que ao se sentir frustrado porque foi rejeitado por outro; ou, que não esteja tendo sucesso na sua vida profissional! Além de se tornar mal-humorado e agressivo; poderá ele recorrer ao excesso de comida, como forma inconsciente de fugir da causa ansiógena.
Da mesma forma uma inadaptação conjugal pode levar o casal (e, os filhos) à obesidade, como subterfúgio de seus conflitos. Um estômago sempre cheio dá a sensação falsa de realização e plenitude. Outra pessoa poderá se voltar para o comer obsessivo, caso a sua vida não venha correspondendo aos anseios e expectativas que esperava; ou, à realização de suas fantasias infanto-juvenis. Uma jovem esposa poderá se decepcionar com o marido e julgar-se traída, por verificar que ele não corresponde ao "príncipe encantado" idealizado e condicionado pelos falsos ídolos das novelas, filmes e romances de escritores complacentes. E vice-versa, o imaturo esposo de uma jovem esposa "noveleira" e "novelesca", poderá descobrir que ela não se comporta com aquela "princesa" que um dia foi despertada pelo romântico beijo de outro "príncipe", do reino encantado, que o modernismo desencantou, há muitas décadas! Uma mãe, cheia de decepções, poderá projetar a sua ansiedade, empanturrando-se e empanturrando os seus filhos de comida, engordando e levando-os à obesidade. A adolescente desiludida por não ter a beleza externa que os seus amigos, colegas, parentes e o mundo exigem dela; poderá ser compelida, por seu Inconsciente, a comer em demasia, como uma forma de "saciar" a sua frustração por não atender àqueles (também) imaturos que desejariam usar e abusar do seu corpo, se fosse ele "bonitinho", conforme as exigências do "mercado da carne". A mocinha imatura tenderá a se punir na "bulimia" que a tornará obesa ou, na "anorexia", que a tornará esquelética; com todas as conseqüências psicossomáticas que isto promove. Seus amiguinhos e coleguinhas, condicionados pelos incontáveis apelos erotomaníacos do nosso tempo cibernético; preferem "ficar" mesmo é com aqueles de beleza física externa, mesmo que sejam tão vazios e ocos como o bambu seco.
Além desse tipo que recorre à bulimia; temos outras formas de ansiedade que concorrem para a obesidade, como aquela devido a carência alimentar sofrida no passado por dificuldades econômicas passageiras ou pobreza material crônica. Neste caso, quando a pessoa,hoje, se encontra financeiramente em melhor situação, passará a comer em demasia, como forma de compensar a carência alimentar que passou. Tem-se uma idéia desses casos,quando a pessoa exagera, repetida vezes, nas quantidades de alimento que compra e estoca, bem como, nas grandes proporções de comida que põe em seu prato, nos dos familiares e nos das visitas, embora se verifique que, ao final das refeições, poucos conseguiram comer todo o alimento depositado em seus pratos. Na casa dessas pessoas que estão a "compensar" hoje, a carência alimentar de ontem, há sempre um excesso de comida na geladeira, na mesa, nos pratos e... na lixeira.
É claro que essa fuga para compensação gástrica, assim como qualquer das outras formas de escape da realidade, caracteriza a personalidade imatura, em cujo cérebro predominam os impulsos irracionais da mente Inconsciente; gerados pelos núcleos neuronais subcorticais, remanescentes dos animais inferiores que herdamos, durante a evolução do nosso cérebro. Na obesidade de origem neurótica, há uma forte e incontrolável compulsão para a ingestão anormal de alimentos (hiperfagia). O Inconsciente "ordena" que o Consciente da pessoa procure a comida, a fim de dissipar a energia ansiógena contida em suas células (neurônios). A obesidade, assim como quase todos os distúrbios psíquicos e somáticos, implica no desequilíbrio entre os três fatores que intervém na vida de qualquer criatura; dos mamíferos inferiores ao homem. Esses fatores são: mente-corpo-ambiente. Qualquer deles, ou todos juntos, pode detonar a "síndrome obésica", assim como outra qualquer disfunção psicossomática. O obeso de origem neurótica ao receber do seu meio ambiente os estímulos que o levam ao "consolo" na comida; acabará tendo o seu sistema endócrino desregulado. Nenhum sistema orgânico suporta, por muito tempo, às pressões contínuas e negativas da mente, mormente quando se encontra "carregada negativamente"; como na maioria das doenças mentais. É bom lembrar que a glândula hipófise (chamada de "rainha" das glândulas) regula a produção de hormônios das outras glândulas de secreção interna; estando ela situada no interior do cérebro e submetida ao controle direto do Hipotálamo, com quem se liga anatomicamente.
É aí, onde reside quase todo o "mal" e todo o "bem" do corpo e da mente da pessoa e...da Sociedade. Da Sociedade? Sim; de todos nós! Um só hipotálamo de uma pessoa pode causar danos terríveis e irreparáveis a muito de nós. Pense em um neurótico dirigindo em alta velocidade e com dezenas de alto-falantes explodindo os seus ouvidos com aquela barulheira infernal daquele "som" de "bate-estacas"! Imagine aquele aluno que tira a sua atenção, com conversas altas e tolas, durante as aulas, palestras e conferências que tanto você queria aprender! Imagine você entrar em um banheiro público ou de uma Escola (mesmo de nível superior) e ver torneiras deixadas abertas, escoando a preciosa água e sentir o odor de dejetos de alunos neuróticos que ali estiveram antes! Imagine um psicopata pichando e depredando os bens públicos que você pagou! Note o estado dos Hipotálamos que comandam as mentes de milhares de moykanos ao saírem de um jogo de futebol, após a derrota de seus times!
Continuando, vimos que o hipotálamo, que é um conjunto de minúsculos núcleos de neurônios que compõe o Sistema Límbico; o regulador principal das emoções. Como somos Seres emocionais, ele regula tudo: a vida privada e pública de todos nós. Em outras palavras; a Sociedade é muito dependente dos hipotálamos de cada um dos seus membros! O Hipotálamo, como já falamos, é o importante ponto de intercessão da mente e o corpo e vice-versa. Ainda mais que, a estrutura hipotalâmica rege também os impulsos inerentes à fome, à sede, ao sexo e à agressividade; regulando, ainda, os diversos processos vegetativos como a temperatura, hormônios, o ritmo cardíaco, etc. É ele que ajuda a transformar o pensamento em ações físicas, químicas e comportamentais. Quando uma pessoa vê um alimento delicioso, os sinais codificados da imagem da comida chegam ao cérebro e estimulam uma parte ( um de seus núcleos) do hipotálamo onde se origina o desejo de comer. O desejo viaja até o córtex cerebral para ser analisado pelo consciente (razão) para verificar se, de fato, há necessidade daquele alimento que foi visto pela pessoa. O Córtex é a estrutura cerebral mais evoluída, sendo o detentor da razão e do bom-senso. Caso aquela pessoa tenha a real necessidade de se alimentar, o Córtex ordenará que ela coma, quando, então toda estrutura emocional e muscular será impulsionada pelo Inconsciente, a fim de se adquirir o alimento e "devorá-lo"; seja lá de que forma for. Se o indivíduo for Conscientizado, "comerá com o suor do seu rosto" (como ordenam as Sagradas Escrituras), pagando pelo alimento e se alimentando com parcimônia e civilidade. Se a pessoa tiver suas estruturas mentais desequilibradas (nas neuroses e psicoses), ela, ao ver um alimento atraente, mesmo que esteja saciada, procurará devorá-lo, de qualquer forma, jeito ou modo. Veja como "devoram" os alimentos os internos psiquiátricos; as pessoas que estão esfomeadas há dias; os náufragos ou sobreviventes isolados e as criancinhas!
Todos eles estão com a mente em conflito, mesmo que sejam pessoas normais como as criancinhas, os carentes, momentaneamente, de alimentos, etc. Já os obesos por neurose, estão carentes não por falta de alimentos; mas, sim, por frustração, necessidade afetiva, sentimento de rejeição, etc. Repetindo, caso a pessoa tenha a real necessidade de se alimentar, o córtex cerebral ordenará a procura do alimento. Porém, se o córtex estiver fragilizado por doenças mentais ou orgânicas, ele perdeu a capacidade da ordenação mental; então será o Inconsciente quem irá "mandar", ordenando que o indivíduo neurotizado ou psicotizado, mesmo sem fome, vá "caçar" a presa; de qualquer modo ou maneira. Se ele tiver condições materiais e sua neurose for "leve", por certo se dirigirá a um local de refeição, onde "saciará" a sua frustração de não ser o que gostaria de ser e/ou, por não ter aquilo que gostaria de ter ( estes, são os motivos de todas as frustrações). Assim, o seu estômago o aliviará... por enquanto! Em se tratando de uma desestruturação mental mais grave, como nas psicoses, o indivíduo irá "caçar", literalmente, a presa! De qualquer maneira procurará obter a sua comida; daí o perigo que oferece um homem ou outro animal esfomeado.
Os governos e os indivíduos muito abastados deveriam pensar seriamente nisto; até mesmo pela segurança física deles; e, de todos nós, é claro! Quanto à obesidade neurótica, onde a mente da pessoa está em conflito, motivado pela baixa estima,rejeição,estética e outros fatores neurotizantes; o que a faz "devorar" o alimento ,mesmo sem fome, é o seu Inconsciente que comandando o seu hipotálamo, exigirá que coma,continuadamente, na tentativa de saciar a sua frustração; é um mecanismo automático de defesa neurótica, que tem a finalidade (ilusória) de remediar uma situação que só é possível com o uso Consciente da razão,bom-senso,inteligência e auto-estima; ou seja, com a intervenção sadia de um Consciente vigoroso capaz de exercer o controle permanente sobre o Inconsciente animalesco. Lembrando do nosso Trabalho " A Descendência de Caim",publicado repetidamente pelos meios de comunicação, onde procuramos explicar que o nosso Inconsciente cerebral vem dos mamíferos inferiores e o nosso Consciente evoluiu dos animais superiores e Primatas. Por isso é que, quando estamos nos comportando de forma a causar qualquer dano a si ou a outrem; estamos com o nosso Consciente enfraquecido e, por tal, estamos animalizados. Daí, assistirmos, constantemente, cenas de agressividade leonina e violência canina entre pessoas, principalmente entre moykanos e outras de menor idade. Dificilmente vemos ou sabemos de velhinhos ou velhinhas que se atracaram e se agrediram com unhas, dentes, patas, paus e pedras nas ruas, saídas de boates, jogos e botecos. Ou mesmo, idosos sujando os banheiros públicos ou de Escolas, desperdiçando água, esbanjando e roubando papel-higiênico e toalhas de papel; sem dar descarga nos vasos, pichando paredes, depredando bens públicos, dando tiros a esmo, escrevendo pornografia, palavrões e tantas asneiras nas paredes alheias, gritando palavrões pelas ruas, dirigindo alcoolizados e se exibindo com velocidade e barulhos de lixos sonoros desestruturados, assaltando-nos com crueldade, ateando fogo em pobres índios e mendigos nas ruas, por puro sadismo, etc. etc. Resumindo; sobre a obesidade; ela é decorrente, principalmente, dos seguintes fatores:
-Hereditários: quando os centros da fome e da saciedade, do hipotálamo, bem como os demais mecanismos endócrinos estão desregulados por anomalias genéticas ou congênitas (má formação);
-Patológicos: quando esses núcleos hipotalâmicos estão acometidos por agressões patológicas, advindas de tumores,toxinas,infecções,inflamações,etc., e ,por:
-Condicionamentos: quando há descontrole hipotalâmico provocado por hábitos negativos e irregulares de alimentação. Por exemplo; um adulto pode se tornar obeso porque desde criança foi motivada pelos maus hábitos de seus familiares que por ignorância, patologias ou irresponsabilidade, modelaram a personalidade e o comportamento dos filhos, com os seus exemplos negativos e nocivos à sua existência e a dos demais. Devemos ter em mente que, se um adulto hiperalimenta uma criança, ele estará projetando a sua ansiedade nessa criança. É como se ele estivesse resolvendo os seus próprios conflitos, através do filho. Esta enganosa resolução de conflitos se chama: projeção neurótica; pois está projetando em alguém a sua ansiedade, medos e frustrações. Obviamente é um processo inconsciente em que a pessoa encontra-se repleta de ansiedade, proveniente de frustrações, tensões ou stress. Esse hábito, ao se tornar crônico, forçará o sistema límbico a uma hiperatividade, levando a pessoa à obesidade; além de outros efeitos secundários e colaterais. Certa vez atendemos, na clínica, um jovem executivo angustiado por sua crescente obesidade. Ocupava ele o cargo de Chefe de vendas de uma importante empresa comercial. Ao analisarmos juntos a sua vida pregressa, comparando-a com a presente, verificamos que ele projetava nos seus vendedores as suas frustrações e angústia, não só do passado, como também, do seu casamento recente, em que a sua impotência vinha provocando conflitos conjugais. Ansioso e frustrado porque não se realizava sexualmente; ele, inconscientemente, "descarregava" o seu fracasso conjugal nos seus subalternos e em si mesmo, na gula e na agressividade. Tornou-se perverso e perseguidor dos seus infelizes empregados e um obeso muito ansioso. O ciclo vicioso "neurótico-compulsivo" tendia a se acentuar com graves conseqüências para ele, para a sua família e para todos que com ele conviviam. Quanto mais engordava, mais neurótico e desestruturado ficava.
Outro caso clínico que muito bem exemplifica este nosso estudo é o de um paciente que nascera e convivera na pobreza material antes e, agora, adquirira fortuna graças a um prêmio milionário que recebera. Em pouco tempo vivendo na riqueza tornou-se um obeso e obsessivo. Sua família nos contou que o exagero no comer e em estocar alimentos era de espantar. Em casa lotava os três "frízeres" com alimentos, principalmente, com carnes, que não conseguia consumir, sendo obrigado a dar e perder muita comida; conforme nos disse a sua esposa. Nos restaurantes aonde ia, sempre deixava grandes porções de comida sem ao menos prová-la. Sentia-se feliz e realizado com toda aquela fartura sobrando ( e desperdiçada) à sua frente. Tal comportamento, além de demonstrar uma compulsão e obsessão, trazendo-lhe obesidade e propensão a muitas outras enfermidades mentais e físicas, como: ansiedade, depressão, hipertensão, diabetes, acidentes cardiovasculares, etc.; é um atentado aos que sentem fome e a Deus, pelo pecado da gula. Além disso, o seu comportamento neurótico de comer, compulsivamente (bulimia), jamais o livrará do seu penoso passado de privações. As causas emocionais (mentais) da obesidade são as mais importantes para este Estudo, por serem elas os maiores geradores da obesidade ( e de quase todos os conflitos psicossomáticos), como ficou demonstradas nos exemplos clínicos acima citados. Leve-se em consideração que o nosso "viver" tornou-se cada vez mais angustiante devido aos incontáveis estímulos negativos do meio ambiente que recaem sobre os nossos cérebros. Basta que nos lembremos dos fatores mais negativos que afetam, diariamente, o nosso sistema cérebro-mente. A insegurança, motivada pela fome, miséria material e mental, violência de toda ordem, etc., levam-nos a pensar na desagregação psicossomática (corpo e mente) de quase todos os seres humanos.
É neste contexto que a obesidade provocada pelo desequilíbrio mental ou emocional, assume a liderança sobre as demais formas de gênese do obeso. Desta forma, mesmo que tenham mais fatores detonantes da obesidade; não podemos negligenciar a implicação da mente na sua etiologia. A obesidade emocional ou neurótica se origina e se caracteriza pelo processo seguinte: o sistema límbico do indivíduo recebe os estímulos negativos do seu ambiente, como rejeição,frustração,ansiedade,angústia e outros; e, através do Hipotálamo gera impulsos de fome que vão para o córtex cerebral(que é o Consciente da pessoa) decidir se come ou não. Como na neurose o Consciente está ou é fragilizado, ele se deixa levar (se submete) pelo Hipotálamo (um dos componentes principais do Inconsciente) e aceita as ordens deste para ingerir alimentos, mesmo que o organismo já esteja saciado. O indivíduo assim estimulado recorre à comida, sempre que o seu Hipotálamo (Inconsciente) esteja ativado; o que ocorre com freqüência com o obeso-neurótico que procura no comer, a compensação de suas frustrações do dia-a-dia. Como a obesidade além de deformar a estética, que é idolatrada por todos os imaturos atuais (leia "A Idolatria da Beleza Física", deste autor), acarreta patologias mais sérias, como os distúrbios cardiovasculares, diabetes, hipertensão e outros tantos; devemos suspeitar que a obesidade neurótica encobrisse uma programação de morte (Thanatos), ditada pelo Inconsciente negativo do seu portador (vide "O Instinto de Morte x Instinto de Vida", deste autor).
De fato, o obeso emocional negligenciou não só do seu aspecto físico; como, também, da sua própria existência. Procure observar as pessoas obesas comendo em bares, restaurantes, cantinas e lanchonetes! Verá que continuam se empanturrando de alimentos que mais engordam como os açúcares, gorduras e massas; além de refrigerantes, enlatados, etc. Muita vez o sucesso alcançado na política e na economia por uma pessoa obesa esconde a nível inconsciente, o próprio vazio existencial, motivado por insucessos em sua área emocional.
É comum as pessoas se equivocarem quando discutem as origens da obesidade. Muitos a colocam como um distúrbio genético, citando exemplos de pessoas obesas que tiveram ou têm pais e outros parentes gordos. Ninguém pode afiançar que os genes não tenham nada a ver com a obesidade; porém, é pouco provável que os "gulosos" comam tanto, motivados por suas cargas genéticas. Também, seria difícil a genética explicar o gosto tão diversificado dos glutões que se tornam obesos, atraídos pelos diversos tipos de alimentos que engordam. Custa-nos crer que existam genes que geram atração por doces; outros por macarronadas; outros por pães e biscoitos; outros por cerveja e incontáveis genes que dariam o apetite exagerado pra centenas e variados tipos de sabores e comidas que engordam. Acreditamos que os neurônios e as glândulas endócrinas sejam mais culpados pela obesidade que o DNA. Vale ressaltar que a gordura acumulada pelas pessoas ociosas tem muito a ver com os neurônios dos seus inconscientes que não os motivam a exercitarem os seus músculos e nem para a manutenção de seus "regimes", sempre adiados para o dia seguinte.
Geralmente filhos de pais gordos são gordos também porque, desde crianças vêem naqueles o exemplo da comilança, assim como encontram fartura de comida em suas casas. Em casa de gordo, comida é o que não falta; diz o ditado. É bom também lembrar que os pais tem a motivarem inconscientemente os filhos a serem cópias de si. O inconsciente de um pai tende A fazer com que se assemelhe consigo a personalidade e comportamento dos filhos. Se o pai é um marginal, o seu inconsciente incentivará o filho ao crime; se o pai é estudioso e culto; o seu inconsciente e consciente lutarão para que seu filho seja estudioso e culto, também; caso o pai seja inseguro; a tendência é que o filho se torne inseguro; etc. Este processo mental é o que chamo de "hereditariedade psicológica"; e confunde muito os que apelam em demasia para a genética. É comum, por exemplo, um alcoólatra ter em casa um variado estoque de bebidas; portanto, é natural também que seus filhos, em contato com a bebida e vendo o exemplo dos pais (que são seus primeiros modelos), sejam tentados a imitarem seus pais no prazer experimentado por eles, no ato de beberem. Veja o caso de pais que fumam. Os seus inconscientes não se importam em saberem que algum dos filhos fuma às escondidas. Nada disso acontecerá se os conscientes dos pais forem mais evoluídos que os seus inconscientes. O fortalecimento do consciente só acontece através da leitura, da prática, da pesquisa, dos estudos, da observação e do conhecimento variado em todas as áreas do saber humano.
Dá para se notar que, quanto menos conhecimento e cultura têm uma pessoa; mas frágil e vulnerável é o seu consciente. Como o consciente é o Senhor da Razão e do Bom-Senso; fica claro porque estamos presenciando tantos comportamentos negativos, nocivos e anti-sociais que prejudicam o indivíduo e a todos nós. Uma Sociedade composta de cérebros e mentes em que predomina o Inconsciente; está fadada à ruína, ao fracasso e à barbaria; uma sociedade animalizada e animalesca que se autodestruirá. Elevar-se o grau de conscientização das pessoas, através do estudo, da pesquisa, do conhecimento e da cultura geral; deveria ser prioridade de todo Governo que, de fato, não queira manter seu povo na ignorância, cujos cidadãos permaneçam sob o domínio de seus Inconscientes, incapazes de se oporem aos impulsos negativos e nocivos deles; com as conseqüências desastrosas para a própria Espécie, nesta verdadeira autofagia que ora presenciamos. Poucos entendem e se interessam por saber a respeito dessas poderosas forças que atuam na nossa mente, quando nos encontramos sob o império do domínio do Inconsciente negativo,desestruturada e desintegradora do indivíduo e da sociedade. É o que estamos vendo no cotidiano de todos os povos. São forças geradas, como já falamos em muitos escritos, nos núcleos que ficam abaixo do córtex cerebral. Esses centros nervosos, subcorticais, são remanescentes dos cérebros mais primitivos que evoluíram até o nosso atual cérebro. São resíduos cerebrais de nossos antepassados peixes, répteis, mamíferos inferiores, primatas e... Homem.
São, justamente, as formações cerebrais dos encéfalos desses ancestrais que ainda continuam ativos, dentro do cérebro de cada um de nós, em franco antagonismo com a camada cortical mais evoluída e recente (neocórtex) desse nosso órgão maior. Em razão do desequilíbrio entre o nosso Consciente (humano) e o nosso Inconsciente (animal/irracional) é que a maior parte da população mundial está se comportando como um autêntico animal... e, muito feroz. A prova disso é que, por qualquer motivo fútil e tolo; os indivíduos se atracam e se matam, com requintes de perversidade. Estamos nos destruindo, agredindo o semelhante e desestruturando a Natureza porque estamos virando Feras, comportando-nos e agindo pelo Inconsciente animalizado e desestruturado pelos milhões de estímulos negativos que recaem sobre o nosso cérebro, diariamente, formando uma mente desestruturada, irresponsável e, perigosamente inconseqüente para todos. Paul Mac Lean, um dos mais notáveis neurocientistas deste tempo, criou o termo "sistema límbico", apontando a divisão trina do nosso cérebro, onde ainda estão nos afetando: o cérebro dos répteis, dos mamíferos inferiores e dos primatas. Mac Lean disse, jocosamente, "quando levamos um paciente ao divã; também estamos deitando com ele Cobras Lagartos e Cavalos". Devem ter muito cuidado os sexistas de plantão! Quando forem para a cama com alguém; saibam que estarão deitados com cobras e lagartos; também!
Finalizando este Trabalho, não poderíamos deixar de citar a importante observação, extraída de longa e apurada observação sobre a Obesidade. Além de ser mais comum em mulheres; por serem mais susceptíveis e sensíveis aos desgostos, decepções e frustrações; atente-se ao fato que as pessoas pertencentes às camadas mais humildes, pobres e carentes de conhecimentos científicos, a obesidade é resultante do excesso de comida rica em amido que além de mais barata, produz a sensação de estômago cheio e de saciedade, como: pães, bolos, pastéis, sanduíches e outras comidas baratas, encontradas à venda em qualquer boteco, restaurante, bares, cantinas e calçadas de qualquer cidade; sem falarmos na facilidade de transmissão de inúmeras doenças pela qualidade das mesmas e higiene dos que as manipulam, cujo conhecimento biológico é ignorado ou nulo. Procure observar as pessoas comendo suas merendas nesses bares, lanchonetes e cantinas do seu colégio, escola, da sua faculdade ou de conhecidos menos instruídos! Vejam o que comem! Vejam como e o que comem aqueles que desejam ser ricos e não são; aqueles que gostariam de ser "bonitos" e se sentem "feios";nesta sociedade falsa que idolatra e valoriza somente a beleza física e rejeita os mais humildes e aqueles que não são "bem dotados" fisicamente! Essa maioria de hipócritas que escolhe, valoriza e julga pelo invólucro supérfluo e efêmero da pele, cabelo, idade, unhas, pernas, coxas, traseiros e dianteiros, principalmente as mulheres que, sendo mais vítimas desse desumano preconceito estético, procuram compensar as frustrações decorrentes da rejeição; no excesso no comer e no beber; criando o círculo vicioso patológico: rejeição----frustração----voracidade----obesidade----maior rejeição----frustração----voracidade----mais obesidade----maior rejeição.....depressão........doenças psicossomáticas ....etc., etc.
Conseqüentemente, a Obesidade não é só um assunto médico e psicológico; mas também, um grave problema de Saúde Pública, de Educação, de Cultura Social e...... de humanidade.
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Nota: O autor não poderia deixar de agradecer o apoio técnico e digital prestado pelos Drs. André Luiz Silveira e Fábio Villarim, ambos do Estado de São Paulo.
Perfil do Autor:
Carleial. Bernardino Mendonça.
Psicólogo-Clínico pela Universidade Católica-MG;
Estudante de Direito da Faculdade Estácio de Sá-BH;
Escritor e Pesquisador nas áreas da Psicobiologia e do Direito.