Obstáculos da Atenção Farmácêutica no Brasil

Obstáculos da Atenção Farmacêutica no Brasil

ANÚNCIO

*ASSUNÇÃO, José Augusto Arantes de

Resumo:

ANÚNCIO

A Atenção Farmacêutica, entendida como um modelo de prática profissional desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica, de acordo com a proposta de Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica.

Palavras-chave: Profissional, Atenção, Assistência

ANÚNCIO

____________________________

*Acadêmico do 3º semestre de Farmácia, da Faculdade de Quatro Marcos-FQM

1-Introdução:

A Atenção Farmacêutica consiste no mais recente caminho a ser tomado para tal finalidade. Esta, segundo a Organização Mundial da Saúde, conceitua-se como a prática profissional na qual o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico. Sua atuação profissional inclui uma somatória de atitudes, comportamentos, co-responsabilidades e habilidades na prestação de farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos eficientes e seguros, privilegiando a saúde e a qualidade de vida do paciente. Para isso, a prática da Atenção farmacêutica envolve macrocomponentes como a educação em saúde, orientação farmacêutica.

2-Desenvolvimento:

Para tanto, o farmacêutico atende o paciente diretamente, avalia e orienta em relação à farmacoterapia prescrita pelo médico, por meio de análise das suas necessidades relacionadas aos medicamentos e detectando problemas relacionados a medicamentos (PRMs). Deste modo, consolida a relação existente entre a prática e o conhecimento teórico na atuação farmacêutica, promovendo, sobremaneira, saúde, segurança e eficácia. O sistema corresponde a um trabalho conjunto entre o médico, o paciente e o farmacêutico garantindo, portanto, o cumprimento do artigo 196, título VIII da Constituição Federativa Brasileira: “A saúde é um direito de todos e dever do Estado”.

Em prol de iniciativas de projetos de Atenção Farmacêutica, existe a regência de normatizações legais, especialmente a RDC 357/01, a qual exige sua realização exclusiva pelo profissional farmacêutico, talhado para tal função, devido à formação voltada ao fármaco e ao medicamento em todas as abrangências, ampliada pelo conhecimento analítico, administrativo, social e biológico com ênfase clínico-patológica, entre outros. É objetivo de a atenção farmacêutica melhorar a qualidade de vida dos pacientes mediante resultados definitivos, que podem ser traduzidos de maneira genérica como:

  1. Cura da doença do paciente;
  2. Eliminação ou redução de uma sintomatologia do paciente;
  3. Segurando ou diminuindo o progresso de uma doença;
  4. Prevenção de uma doença ou de uma sintomatologia.

Contudo, inúmeros obstáculos erguem-se frente à classe farmacêutica no trilhar deste caminho para seu reencontro como profissional da saúde por meio da realização plena da Atenção Farmacêutica. Entre eles, o despreparo do profissional na área clínica, atualmente sendo reduzido pela busca de atualização e pelo aprofundamento do conhecimento dentro da formação acadêmica. A formação generalista, preconizada pelas novas diretrizes curriculares para os cursos de farmácia, representa uma mudança conceitual, estrutural e filosófica da profissão farmacêutica, enfatizando os temas relacionados às questões sanitárias e sociais, incluindo a prática da atenção farmacêutica, formando um profissional de múltiplas habilidades, apto a exercer a farmácia em todos os seus segmentos e atividades. Porém, para atuar plenamente como farmacêutico, atingindo os objetivos preconizados pela nova formação generalista, e seguir a normatização legal, o profissional terá de enfrentar o atual sistema de farmácia, o qual inclui o comissionamento de sistema de farmácia, o qual inclui o comissionamento de funcionários para o aumento das vendas, e a delegação de atividades burocráticas e de gerenciamento aos farmacêuticos, em detrimento de sua atuação junto aos usuários.

O farmacêutico enfrenta então um impasse, entre a sua sobrevivência no mercado, incluindo o sucesso da empresa e a garantia do seu emprego, e a realização plena das atividades do profissional farmacêutico, definida no código de ética e cobrada por diversas leis, refletindo a necessidade do profissional atuando na sociedade e que resulta na realização profissional atuando na sociedade e que resulta na realização profissional. Tal situação é demonstrada por pesquisa motivada pela detecção de dificuldades enfrentadas por farmacêuticos dentro de sua atuação profissional plena.

Dados de uma pesquisa revelam que 78% dos profissionais entrevistados afirmam não possuir liberdade para atuar plenamente como farmacêutico profissional da saúde com todos os encargos que resultam na promoção da saúde pública. Esta limitação ocorre pelo fato de assumirem atividades administrativas, principalmente de gerenciamento, que demandam tempo e responsabilidades não necessariamente relacionadas à promoção de saúde, mas sim aos interesses empresariais. Apenas 8% assumem receber comissão sobre vendas, reforçando a priorização das atividades. Outra pesquisa indica que 80% dos farmacêuticos são rejeitados pelos funcionários da farmácia. Este conflito da relação representa um obstáculo diário a ser enfrentado pelo farmacêutico na aplicação de seu âmbito de maneira plena, dentro da ética e da idealização da profissão. Dentro do perfil de rejeição, encontra-se que 65% devem-se à competição entre os funcionários e o farmacêutico, justificada principalmente por questões centradas na venda comissionada, a qual gera um aumento na renda mensal bruta do balconista, levando a uma competição de atendimento com o farmacêutico.

Uma terceira pesquisa resultou em 92% dos farmacêuticos afirmaram não possuir nenhuma atividade relacionada ao tema, os resultados indicam também que grande parte dos proprietários de estabelecimentos desestimula a aplicação de tal programa, talvez por receio de perder lucros atrelados á venda desorientada de medicamentos, além do investimento no farmacêutico responsável, pois há necessidade de atualização constante do profissional que promove o atendimento público na Atenção Farmacêutica. Em contrapartida, a própria atividade gerencial exercida por grande parte dos farmacêuticos, além de afastá-los de seu âmbito atuação, acaba por incentivar a venda comissionada por parte dos balconistas.

Além disso, muitos farmacêuticos declararam não possuir preparo para exercer o atendimento, necessitando de curso preparatório, contudo não tendo disponibilidade de tempo nem incentivo por parte da empresa para a atualização. Contudo, também os próprios farmacêuticos representam uma barreira contra a Atenção farmacêutica. No que diz respeito à disposição para o atendimento ao público em suas farmácias, a maioria dos farmacêuticos entrevistados afirmou praticá-lo apenas quando solicitado, justificado pela grande carga labutaria considerada pelos próprios entrevistados, e a conseqüência falta de tempo, além da falta de experiência para atuar na Atenção Farmacêutica.

Estes, ao serem entrevistados sobre a implantação da atenção farmacêutica em suas farmácias, demonstraram desinteresse (33%) ou insegurança (67%); dentre estes, alguns afirmam dificuldade de iniciativa (18%), ou desejam implantar, porém reconhecem haver muitos obstáculos a superar, principalmente de aceitação por parte dos proprietários e/ou gerentes (49%).

3-Considerações Finais:

Constatou-se que as dificuldades encontradas pelos profissionais farmacêuticos na aplicação prática da Atenção Farmacêutica representam grande expressão dentro de sua atuação, e a análise dos dados obtidos reflete a necessidade de estímulo e segurança dos profissionais. Neste contexto, ocorre a necessidade do estímulo aos acadêmicos e profissionais recém-formados, os quais possuem integra energia e o anseio de colaboração com a saúde da comunidade, de modo que ultrapasse as barreiras para a realização de programas de Atenção Farmacêutica, implantando-os além das perspectivas de aceitação pela administração geral do estabelecimento farmacêutico e promovendo admissão e entendimento da real necessidade do programa por parte da comunidade atendida.

Bibliografia:

BISSON, M. P. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica; São Paulo: MedFarma Livraria e Editora, 2003.

IVAMA, A. M. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica: proposta. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, P. 24. 2002.

OLIVEIRA, A. B.; MIGUEL, M. D; ZANIN, S. M. Infarma, v.13, n.9/10, p. 84-88, 2001.

OLIVEIRA, A. B.; OYAKAWA, C. N.; MIGUEL, M. D.; ZANIN, S. M. W.; MONTRUCCHIO, D. P. Obstáculos da Atenção Farmacêutica no Brasil; Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; vol.41, n. 4, out/dez., 2005.

OSHIRO, M. de. L, CASTRO, L. L. C. Evolução da Pesquisa em Atenção Farmacêutica no Brasil: Um Estudo Descritivo do Período 1999-2003; Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 7, n. 2, p. 24-31, jun. 2006.