Olhos, poderosa arma na promoção de segurança pública e privada
Luis Marcos Cruz Sousa[1] – RA 1839837
Resumo
O objetivo deste trabalho é, por meio de citações e comparações entre diversos temas em segurança pública e privada e a atividade do olhar reflexivo, alertar para a necessidade e priorização da observação como principal promotor de segurança e proteção eficaz.
Palavras Chave: Ser Vigilante, Olhar Reflexivo, Vigilância, Segurança e Proteção.
1 – Introdução
O olhar reflexivo, crítico, persistente e jamais dispersivo, é na atuação do operador de segurança pública e privada a ferramenta de trabalho mais eficiente, uma verdadeira arma preventiva que regula e inibe a possibilidade de uso de força maior. [...] “Estes dados primários sobre a visão esclarecem bem uma declaração que será toda como surpreendente: a primeira e a mais fundamental das repressões é a do olhar.”[...] (Gaiarsa, O olhar, 2000, p.27)
2 – Olhar critico
Para se operar segurança, vigilância e proteção faz-se necessário uma vastidão de elementos físicos, equipamentos, formação continuada e atualizada constantemente, tecnologias de ponta em constante transformação, acompanhamento direto e indireto, posicionamento crítico-reflexivo e uma disposição de alma e corpo que até mesmo sobressaia à aplicabilidade de todos os elementos anteriores citados e demais que porventura venha a existir, entretanto, toda essa máquina de proteção só terá efeitos favoráveis e produtivos se o profissional que a opera simplesmente saber: Olhar.
É estranho que nem os oftalmologistas nem os psicólogos e ou psicanalistas – nem mesmo os sociólogos – parecem saber disso ou usar esses dados fundamentais em suas reflexões. Parecem todos envolvidos – e limitados- pelas palavras e bem pouco atenta ao que se vê. (Gaiarsa, O olhar, 2000, p. 19)
2.1.1 – Elemento físico e proteção
Uma edificação arquitetônica bem projetada e edificada visando a segurança, é de fato uma barreira importantíssima à delinqüência e banditismo, contudo se o olhar reflexivo, quando digo olhar reflexivo me refiro a uma visão critico construtivista que explore os pontos vulneráveis, uma verdadeira transposição de corpo, ou seja, o agente vigilante precisa entrar no cérebro do suposto meliante infrator-invasor, precisa analisar: Se eu fosse agir por onde iniciaria, quais os pontos vulneráveis, que antídoto será mais eficiente. Essa reflexão crítica é a arma mais operacional em segurança e os olhos é seu executor, pois se eles falharem, o local ainda que detentor das melhores estruturas, tornar-se a vulnerável.
Ao olhar para as causas físicas nossas mentes se abrem e se expandem; e nesta perseguição, independente de perdermos ou ganharmos o jogo, a caça certamente possui uma serventia. (Monteiro, 2009, p. 14)
2.1.2 – Tecnologia e equipamentos munindo o agente vigilante
Na vida, ao contrario do filme, ninguém tem a chance de fazer com que os fatos se repitam, e assim muitos mal – entendidos se eternizam. Na hora um percebeu isso e isso e o outro só aquilo e aquilo... Assim se torna claro o significado desta expressão enigmática de Teilhard du Chardin: “É preciso ver tudo o que há para vê.” (Gaiarsa, O olhar, 2000, p. 19),
Encontramos na área de segurança uma tecnologia de ponta que certamente assegura uma certa tranqüilidade ao gestor em proteção e segurança, mas que valor terá tudo isso se quem opera não o fizer corretamente, de que vale toda uma tecnologia em circuito fechado de câmera e tv se o objeto observador tropeçar em algum momento? O descuido de segundos poderá custar anos de prestação de contas, de explicações e se for só isso, ainda valerá de alguma coisa, o grande problema é que esses segundos de desatenção poderão custar vidas.
[...] “É mais fácil construir uma máquina para resolver problemas lógicos ou matemáticos – para manipular símbolos de acordo com determinadas regras – do que para ver.”[...] (R.L. Gregory, 1979, p. 42)
As armas letais ou não, a defesa pessoal entre outros, são equipamentos fundamentais, não se pode pensar segurança, vigilância e proteção sem equipamentos de combate direto, que não atenda as necessidades de uma atuação eficiente, à altura do agravo e que promova um efeito psicológico capaz de reprimir uma possível ação antes mesmo que a mesma se inicie, entretanto, na maioria das vezes que o agente utiliza os equipamentos de trabalho em combate direto, em algum momento houve falha na observação; a arma: Olhar, não cumpriu seu papel. Poderá surgir a indagação: e no caso do equipamento ser utilizado como advertência? O equipamento como arma que adverte, exemplo o tiro de advertência, em momento algum se configura uma perca de controle, ou abuso de poder, é ele na verdade a prova cabal e contundente de que o profissional está utilizando muito bem a arma: Olhar, e o efeito psicológico benéfico dessa ação é de proporções inestimáveis.
Se o olhar é bem executado a possibilidade de utilização de arma de fogo em combate direto é muito remota, principalmente se esse equipamento cumpre o seu papel de impactar psicologicamente. Um operador de segurança atento e bem equipado é uma verdadeira vacina contra a delinqüência e criminalidade.
2.1.3 – Formação, especialização, atualização e acompanhamento. O ser vigilante assessorado.
Ver objetos envolve muitas fontes de informação além daquelas que se apresentam ao olho quando olhamos para um objeto. Envolve geralmente o conhecimento do objeto derivado de experiências prévias, e tais experiências não se limitam à visão, mas podem incluir os outros sentidos: tato, olfato, audição e talvez até temperatura e dor. (R.L. Gregory, 1979, p. 11).
Temos cursos de formação, extensão e especialização em segurança de uma qualidade indiscutível, as cabeças pensantes estão a toda prova agindo na produção de novas técnicas e tecnologias, as empresas de segurança particulares e públicas investem pesado na área; mas se toda essa formação, tropeçar na prática do olhar, afirmo que de nada valeu.
O acompanhamento direto ou indireto na ação do agente vigilante é fundamental, contudo o que se vê não é um acompanhamento e sim uma fiscalização ineficiente e que ao invés de produzir efeitos positivos, frustra, estressa e sobrecarrega ainda mais o profissional observado. O inspetor, fiscal, chefe, encarregado, corregedor, etc... não acompanha pra aumentar o efeito vigilante e sim pra punir e promover o medo. O agente vigilante necessita de um acompanhamento eficiente que o conduza a um posicionamento crítico, que o torne melhor, que dignifique sua ação, promovendo segurança e proteção eficaz.
2.1.4 – O descanso na atuação do observador ativo
Quando uma hipótese perceptual – Uma percepção – está errada, nós somos desorientados, tal como somos desorientados na ciência quando vemos o mundo distorcido por uma falsa teoria. Perceber e pensar não são independentes. ( R.L. Gregory, 1979, p. 14)
A atividade de olhar criticamente exige descanso e quando digo descanso estou afirmando que o agente vigilante que não tem um período de descanso, principalmente durante o período noturno, não consegue e jamais conseguirá olhar adequadamente.
Em prestação de vigilância, o descanso é tão importante quanto a alimentação, vou além, é mais importante. O cansaço, sono, extress, não permite a manutenção da visão critico/continuada em conseqüência a proteção do ser / coisa fica totalmente fragilizada. [...] “No mundo animal, vencedor é aquele que vê-reage rápida e adequadamente, seja ele predador, seja presa.”[...] (Gaiarsa, 2000, p.31)
Qual é a eficiência deste sistema olhos – movimentos? Altíssima – e a favor das presas! Mesmo um tigre (e o que lhe acontece vale para todos os predadores) tem de sair à caça dez vezes (estatisticamente) para conseguir seu almoço! Um tigre, maior e melhor máquina de caça existente no mundo animal. (Gaiarsa, 2000, p.31).
2.1.4 – Os olhos na percepção de si, do outro e do meio
Para onde apontar essa poderosa arma. Em se tratando de segurança, vigilância e proteção a visão de si é de fundamental importância, nos acostumamos demasiadamente com as coisas e o comodismo é a arma mais terrível na promoção de erros, acidentes, ocorrências.
É preciso estar-se alerta e sempre se policiando. É inaceitável uma falsa impressão de que tudo está, ou vai bem. Se um posto, um serviço foi assumido já é sinal suficiente pra se saber que não há clima de tranqüilidade, se assim o fosse não se faria necessário um profissional em segurança no local.
A visão crítica de si, de como se porta, sente, está física e psicologicamente e o grau de especialização na área é de vital importância. De igual modo não se faz segurança sem estar-se atento ao parceiro-colega, é imprescindível uma visão crítica das pessoas a sua volta, de como se portam, agem, decidem sobre o serviço, do grau de comprometimento com o serviço e colegas, e por mais que se confia, a prudência e cautela devem nortear toda essa relação para que decepções não custem caro. Não custem vidas.
[...] “ao olhar para as causas físicas nossas mentes se abrem e se expandem; e nesta perseguição, independente de ganharmos o jogo, a caça certamente possue uma serventia.” [...] (Monteiro, 2009, pg. 14)
A visão crítica de si e do outro deve ser acompanhada da visão circundante, tudo deve ser suspeito, investigado e cuidadosamente analisado. Segurança só se é firmada pela desconfiança e observação continua.
3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um olhar eficaz em segurança, vigilância e proteção, e esse ser eficaz sobressai ao ser eficiente, pois esse o faz bem feito, contudo aquele faz da maneira perfeita e nessa área o fazer da maneira adequada é indispensável, só virá de um agente vigilante que se entrega ao seu serviço de alma e corpo, que valoriza a vida, a segurança e a proteção.
Na atuação do operador de segurança pública e privada o olhar, por todas as premissas analisadas, É induvidavelmente a mais poderosa arma de prevenção, contenção e proteção cabendo ao seu profissional executar, bem como as instituições que tratam segurança, explorarem de maneira critico-construtiva essa devastadora arma e assim cumprir seu tríplice papel: Segurança – Vigilância – Proteção.
Visão circundante: relativa à defesa, vigilância, detecção de perigo ou alimento.
Quanto de mais longe for percebido a ameaça, maiores as possibilidades de sucesso na defesa. (Gaiarsa, 2000, p. 93)
4 – REFERÊNCIAS
- GAIARSA, José Angelo. O olhar. São Paulo: Editora Gente, 2000
- MONTEIRO, Daniel Lago. No limiar da visão: a poética do sublime em Edmund Burke. São Paulo: USP, 2009
- R.L., Gregory. Olho e cérebro psicologia da visão – tradução Álvaro Cabral . Rio de Janeiro: Zahar Editores,1979
[1] Pedagogia-Unisa
Chefe de agentes de Escolta e vigilância Penitenciária
E-mail: cruzluis.marcos@yahoo.com.br