Ao fechar os olhos e pensar por muito tempo...
O que poderia escrever para homenagear
Os imortais das palavras...
Sendo que apenas sou um amador
Não fui e não serei um grande escritor
Pois meu pudor é muito maior...
E minha ignorância é visível
As palavras vão surgindo em meu pensamento
Mas antes que eu escreva já se foram...
Apego-me a um dicionário;
Deparo-me com uma revista;
Mas infelizmente não tenho que escrever...
Estou correndo contra o relógio
Não escrevi nenhuma palavra importante
Tudo para mim está sem sentido
Como é dificio homenagear...
Lembro-me de Schopenhauer
Poucos escrevem como um arquiteto constrói
Fernando Pessoa foi um deles...
Não sou nada
nunca serei nada
Não posso querer nada.
Drummond nos convida...
Vamos de mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Como Vinícios...
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo...
Todos os poetas sofrem com as palavras
Como escreveu Camões...
Amor é um fogo que arde sem se ver
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer.
Saudade eu tenho é de Allan Poe...
Em certo dia, à hora, à hora.
Da meia-noite que apavora
Eu caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, e agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta,
De meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
É alguém que me bate à porta de mansinho
Há de ser isso e nada mais...
Baudelaire respondeu:
Estes versos, te dou para que, se algum dia,
Feliz chegar meu nome às épocas futuras
E lá fizer sonhar as humanas criaturas,
Nau que um esplêndido aquilão ampara e guia,
Mallarmé entendeu...
A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
Quem nunca os leus nunca os compreendeu
Fazer uma homenagem assim
É impossível para mim...
Longe de ser um escritor sonhador...
Pretendo finalizar este poema
Mas preciso de uma ultima voz.
Muito mais que um fim eterno
Então não vou dizer mais nada...
Deixo para quem sabe finalizar
Pablo Neruda...
Posso escrever os versos, mas tristes está noite.
E que esse seja os últimos versos que lhe escrevo.
Paulo Marcelo Paulek 17/10/ 2009.