O custo da redução de custos

Muito comum hoje em dia, num mercado cada vez mais competitivo, que as empresas busquem a continua redução de custos como forma de sobrevivência perante seus concorrentes. A boa e velha regra de que o preço é o custo mais o lucro esperado, já há muito foi substituída, hoje quem dita o preço é o mercado. E aqueles que objetivam lucro em suas relações comerciais devem então gerenciar o custo, de forma a otimizar custos necessários e eliminar os desnecessários. Cada vez mais é dada importância a determinados departamentos das empresas, compras é bombardeada constantemente por targets e metas de redução no custo da matéria-prima, os fornecedores são exauridos de toda sua energia existencial, chegando alguns ao ponto de fecharem as portas. Da produção é exigido o máximo em produtividade, eliminação das perdas, redução de reprovações, velocidade nas entregas, baixo índices de parada de máquinas, esforços mútuos para manterem a empresa na luta. A alta gerência cada vez cobrando mais de todos seus subalternos, resultados sobre resultados, a área comercial sempre em busca de atingir as mais ousadas metas de volume e faturamento, tudo correndo muito bem. A empresa inteira colaborando por terem o sentimento de obrigação, de que devem ajudar, pois se o barco afundar, todos irão com ele. Para qualquer romancista este seria o palco perfeito para uma linda história de superação e sucesso. Porém a realidade que se encontra é outra, esta história nem sempre acaba com um final feliz, e por incrível que parece, paras ambas os lados.

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Não é raro encontrar no mundo empresarial historias parecidas, que se confundem ao ponto de tornarem-se um consenso, sobre o que pode até parecer ser a melhor solução. O problema central é que nem sempre, pra não dizer quase nunca, é fácil a tarefa de gerenciar o custo. O custo de uma empresa é algo muito complexo, pois existem diversos tipos e classificações que vão muito além daqueles ensinados no mundo acadêmico. Nos bancos acadêmicos aprende-se a lidar com diversas classificações de gastos e custos, facilmente encontrados em todas as empresas. O que não se ensina e só pode ser aprendido pela lida e vivência diária, é a identificação de custos. Não se pode querer gerenciar algo que não se sabe identificar, corre-se o risco de cometer o erro que a maioria das empresas comete, pensam estar otimizando custos necessários, quando na verdade estão lidando com elementos sem importância ou até mesmo descartáveis, esquecendo muitas vezes dos reais elementos desta equação. Por isso tamanha é a importância da identificação dos custos, uma boa análise na cadeia de produção pode evitar o dispêndio de energia com atividades desnecessárias, como a melhoria de um processo que na verdade deveria ser eliminado. Observe que, a cadeia de produção não está limitada apenas ao setor de produção, ela passa por toda a empresa. Desde que um cliente faz um pedido, até o momento em que ele recebe o produto ou serviço. A maioria dos gestores enxerga a cadeia produtiva apenas na produção, deixando de fora da análise todo o resto, é nessa hora que o maior erro de todos é cometido.

Pois a maior parcela de gastos desnecessários encontra-se justamente na interação entres as áreas, sejam estes gastos financeiros, de tempo, de recursos, ou de qualquer outra espécie no fim todos são convertidos em aumento de custo para a empresa. Ao se deixar de lado outras áreas da empresa, o universo de possibilidades que resta, acaba sendo restringido perdendo assim muitas oportunidades de redução ou até mesmo de identificação de custos. E é por isso que muitas empresas por não conhecerem a fundo seus sistemas de custo, optam pela opção mais visível aos olhos dos administradores, porém a mais errônea forma de se realizar uma redução de custos. É a redução de efetivo, ou como é mais conhecida nos meios produtivos, demissão em massa. Quando algumas empresas passam por dificuldades, a exemplo grandes crises mundiais que geram queda nas vendas por períodos prolongados, optam por uma redução de efetivo. Porém uma redução de efetivo muitas vezes não reduz os custos, reduz sim a capacidade produtiva da empresa chegando a manter os custos quase que inalterados. Pois quando se trata de área produtiva quase todos os custos são variáveis, ou seja, são proporcionais ao volume produzido. Uma redução de efetivo só se justifica se é certo que a empresa nunca mais irá voltar a vender o mesmo volume que outrora vendia. Caso contrário no momento em que as vendas retomarem o mesmo patamar, será necessário repor o efetivo, que quase sempre não está mais disponível, sendo necessário todo um processo de adequação de uma nova mão de obra, fazendo aumentar o custo de todo o processo em função de gastos com treinamentos, quedas de produtividade, e perdas por falha. Além da falta de comprometimento, por parte dos colaboradores, que esta prática pode gerar. Não se deve esperar muita cooperação ou sacrifício, de quem imagina que será demitido na próxima crise. Isto faz com que ao longo do tempo a redução gere um aumento no custo do processo.

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Resumindo, a redução de custos em qualquer empresa, é um processo que deve ser muito bem estudado e elaborado, antes de ser posto em prática. Da mesma forma que um médico solicita e realiza vários testes e exames em seus pacientes antes de operá-los, devem os engenheiros, administradores, economistas, e outros profissionais envolvidos, realizar o processo de redução de custo. Estudos para identificação dos custos, planejamentos das ações a serem tomadas, implantações gradativas com análises dos resultados obtidos, são medidas que se tomadas, podem fazer com que a redução de custos seja mais eficaz e menos traumático para a empresa.

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