Refletindo sobre o universo acadêmico.

Engraçado. Há um tempo atrás, estava fazendo uma meditação profunda a respeito do meio acadêmico. Hoje, cheio de tantas bobagens e regras impostas, mais observo do que falo.

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As aulas dos professores e os argumentos patéticos de uma nata que se diz intelectual servem de motivo para chacotas e para dar ânimo de escrever mais um texto. Esse é o meu barato na faculdade: escrever textos com declarações infelizes de professores e de pessoas idiotas.

A Verdade Inconveniente

Não é provocando cizânia, é a mais pura verdade. Rubem Alves cita Nietzsche no seu livro excelentíssimo, chamado Entre a Ciência e Sapiência, onde afirma que homens convictos são prisioneiros e complementa que o indivíduo, por achar que sabe de tudo, não ouve o que os outros têm a falar. Mas aí está o grande equívoco. No meu caso, não sou um homem convicto, é que a burrice é muito grande.

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Dominação Acadêmica e a Falácia das Regras

Será que ninguém percebe que estamos sendo dominados? A cada aula dada, a cada pensamento teleguiado, ao apego excessivo às regras e menos pesquisa de fato? Será que ninguém percebe o jogo de poder penetrando facilmente em nossos compêndios cerebrais, tornando-nos mais débeis e estáticos? Será que ninguém reflete sobre o engano que são as notas?

Tudo isso é apenas um apartheid da escola falso-moralista. Conversas giram em torno de citações, frases já pensadas, e pouco conteúdo de fato. Não há graça nenhuma na meritocracia do óbvio.

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O que mais me aterroriza é que ninguém se revolta. A verdade, a grande sacada, fica subentendida e diluída na falsa solidez e na cumplicidade da classe média diante das injustiças que permeiam nosso país através do mundo acadêmico.

O Seminário que Levou à Crise

Certa vez, eu e minha equipe demos um show de seminário sobre o preconceito linguístico, baseado no livro de Marcos Bagno. Falávamos da grande burrada que é a língua culta, defendendo o entendimento e a comunicação.

Concluímos com Spinoza, que dizia: “tenho me esforçado por não rir das ações humanas, não por deplorá-las nem por odiá-las, mas por entendê-las.” A professora, após elogiar, pediu que usássemos as normas padrão em escritos. Isso me levou a uma crise e ao desânimo sobre os meus feitos.

A Música de Zé Ramalho e o Recado Ignorado

Em outra aula, a professora passou Admirável Gado Novo, pedindo comentários sobre o trecho: “Ê ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz.” Ela tentou provocar reflexões, mas ninguém entendeu o recado. Apenas percebi que, no fundo, ela dizia: "Levantem-se! Não percebem que estão sendo castrados e que tudo é uma grande felicidade ilusória?"

A Contradição da Universidade

A universidade me chama atenção como um grande desastre. Fala-se de teoria e prática, mas mantém-se na teoria. Discursa-se sobre transformação, mas não transforma. Fala-se do erro das notas, mas mantém-se esse sistema. Vivemos a burrice de combater a educação bancária enquanto a reproduzimos.

Rubem Alves, citando Nietzsche, diz que “os eruditos gastam todas as suas energias dizendo sim e não na crítica daquilo que os outros pensam.” Na academia, o intelectual não pensa, apenas media pensamentos. A liberdade está congelada. Os teóricos deveriam ser derrubados, não contemplados.

A pior ditadura é aquela que controla por dentro, distorcendo a crítica e a percepção da realidade. A academia legitima a mediocridade, transformando alunos em bibliotecas ambulantes. Há uma glorificação do rigor sem propósito, onde ser acadêmico é apenas reproduzir o que já foi dito.

O Genocídio Psíquico

A faculdade impõe um capricho e um genocídio psíquico. Trabalhos excessivos e prazos desumanizam. Sacrifícios são feitos não para amar o saber, mas para cumprir demandas arbitrárias. Isso sufoca e desvaloriza o aprendizado real.

Augusto Cury afirma que “a presença de sonhos transforma miseráveis em reis.” Contudo, a faculdade não nos permite sonhar. A pressão por prazos e a memorização mecânica destroem a capacidade de imaginar mudanças reais.

Os sonhos equipam o frágil para ser autor de sua história. Mas curiosamente, isso é o oposto do que se aprende na faculdade. Acadêmicos não percebem que caminham no sentido contrário, perpetuando a mediocridade.

**Danillo Cerqueira Barbosa é escritor, professor,estudante,e reside atualmente na cidade de Santo Antonio de Jesus, Bahia.Escrito em 06/12/2006

E-mail: danillo1987@hotmail.com