O presente trabalho pretende trazer ao tono alguns erros cometidos pelos meios de comunicação internacional e não só, no momento de entender os conflitos africanos entendidos como Levantamentos Militares ou Golpes de Estados, sobretudo quando são julgados por grosseiros preconceitos pela mídia.
A conclusão aqui apresentada é que todas estas questões de golpes de estado, levantamentos militares e as ditaduras no passado, não são questões tipicamente africanas, mas sim que fazem parte da inexperiência democrática e do desenvolvimento dos países.
Problemas Comuns em Países em Desenvolvimento
Os problemas enfrentados por alguns países africanos, como os distintos Levantamentos Militares, Golpes de Estados ou as ditaduras no passado, são questões comuns enfrentadas pela maioria dos países em desenvolvimento da Ásia e América Latina, assim como pelos próprios países desenvolvidos, como as ditaduras na Espanha, Portugal, Itália e Alemanha.
No caso africano, a ditadura propriamente dita na sua fase desenvolvida, como aconteceu na Europa e América Latina, não chegou a existir em nenhum país. As especificidades africanas estão mais relacionadas a Golpes de Estados e levantamentos étnicos e tribais, frequentemente provocados por países desenvolvidos ou pela situação econômica herdada da colonização.
Luta de Classes e Contradições no Capitalismo
Numa análise mais global, é inevitável questionar como não haveria luta de classes nos países africanos se nos próprios países capitalistas existem contradições entre as elites locais. A lógica do capitalismo é a maximização da riqueza e o aumento constante da taxa de juros.
Todas as políticas implementadas por FMI/BM são voltadas para fortalecer as grandes empresas ocidentais nos países em desenvolvimento, promovendo o aumento das taxas de juros e interesses egoístas.
Preconceitos nos Meios de Comunicação
Quando se trata do caso africano nos meios de comunicação internacionais, comentários nefastos e preconceituosos nunca faltam. Relaciona-se frequentemente os acontecimentos à suposta burrice ou atuações animalescas dos africanos.
No entanto, uma análise histórica sobre os regimes ditatoriais da América Latina e Europa mostra que julgamentos similares poderiam ser feitos na época sobre latino-americanos e europeus, o que seria igualmente incorreto.
Análise Histórica e Etapas do Desenvolvimento
Ao analisar a história dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento na Ásia e América Latina que conquistaram suas independências no século passado, compreende-se que suas trajetórias incluem conflitos civis, golpes militares, ditaduras e perseguições.
Para a maioria dos países africanos, que alcançaram a independência nas décadas de 1960 e 1970, essas fases são inevitáveis e fazem parte do processo de inexperiência democrática e tentativa de desenvolvimento.
Comparação com Ditaduras em Outros Continentes
As ditaduras em outros continentes tiveram maior duração do que na África. Na América Latina, muitas ditaduras persistiram até a década de 1980, enquanto na Europa, regimes como os de Espanha e Portugal se estenderam até a década de 1970.
Perseguições e assassinatos, comuns atualmente em alguns países africanos, também ocorreram no passado em países latino-americanos e europeus, levando a muitos exílios.
Impacto da Mídia e da Globalização
Atualmente, o papel da mídia e a globalização proporcionam maior visibilidade aos acontecimentos nos países em desenvolvimento.
As tecnologias de informação e telecomunicação permitem que o conhecimento e a interpretação sejam mais rápidas e eficientes. Além disso, o aumento do nível cultural da população mundial favorece um julgamento mais informado.
Conclusão
Este trabalho não defende golpes de estado, levantamentos militares ou ditaduras. O ponto central é que a história da humanidade é marcada por guerras e conflitos, como evidenciado desde as escrituras do Antigo Testamento até os tempos modernos. Portanto, não são características exclusivas da África. As críticas devem ser mais lógicas e coerentes, evitando julgamentos precipitados e preconceituosos em relação aos conflitos africanos.