Resumo do capítulo VII – Divide-se a Geografia em “Sistemática” e “Regional”? – do livro: “Propósitos e Natureza da Geografia” de Richard Hartshorne, Editora HUCITEC, Editora da Universidade de São Paulo, SP, 1978.

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VII

Divide-se a Geografia em ‘“Sistemática” e “Regional”?

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A História do Problema

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O autor Richard Hartshorne, Professor Emérito da Universidade de Wisconsin, argumenta sobre o “dualismo” da Geografia, isto é, sobre a história do problema da dicotomia da Geografia que, desde sua sistematização como ciência é notável, para então, justificar, ou seja, levantar considerações sobre se divide a Geografia em Geografia “Sistemática” e Geografia “Regional”?. Pois a geografia é dividida em Geografia da Natureza e Geografia do Homem, na explicação de suas partes que, para chegar a um todo, temos contribuições desde a antiguidade e, os primeiros estudiosos gregos e romanos, porque uns considevam que a função da Geografia seria, primordialmente, organizar as informações a cerca dos diversos países, enquanto outros procuravam medir a Terra, delinear os rios até suas fontes, ou mesmo, estabelecer zonas climáticas.

Daí, ele indica que a Geografia Moderna, pode ser retratada até a obra clássica de Bernard (Varenius), de 1650. Pois ele definiu a “Geografia Geral” como a parte da ciência que estuda a terra de modo geral, descrevendo os principais fenômenos que a afeta a terra como um todo, fenômenos estes, principalmente, de caráter natural que, proporcionou as “leis gerais” do pensamento holístico da Geografia.

Com Verenius, temos também, a tarefa de oferecer um tratamento sistêmico da Geografia Geral, para ser versada em larga escala, que se resume em pensamentos amplos e sintéticos, embora não de maneira exclusiva e minuciosa, aspecto não-humanos, em seus estudos de “Geografia Especial”, então Verenius não negou aspectos humanos que constituíam parte relevante de sua maneira de encarar a Geografia. Daí, Hartshorne sita Vidal de La Blache que, comenta que a posição de Verenius acerca da Geografia não era “dualista”, porque existe uma integração (unidade íntima) entre as “leis gerais” e, por conseguinte, as descrições particulares e peculiares na abordagem geográfica, nesse sentido, Verenius, segundo Hartshorne, salientam sobre o contraste entre a investigação genérica e as específicas como paradigma para a Geografia.

Portanto, essa maneira de pensar de Verenius, foi bagunçada por alguns dos precursores afirmados da Geografia, a saber, Kant e Humboldt que, substituíram a palavra “geral” pela palavra “física”, tornando-se Geografia Física que consiste em classificar todos os estudos genéricos, neles incluem o que versam sobre o homem.

Então, com a Geografia Humana com Ritter e, paulatinamente, a Geografia Física com Humboldt. Existiram vários debates a respeito dessas categorias que compõem a Geografia. Porém, com Richthofen, verificou-se, no final do século XIX, um consenso geral entre os geógrafos alemães no sentido de que os estudos segundo os elementos e os estudos segundo as áreas (Regional) eram igualmente necessários e importantes para a Geografia empírica.

No entanto, essa posição de equilíbrio / harmonia, logo em seguida, foi perturbada por novas teorias a cerca da discussão da região (como reais unidades de áreas). Que permitiram a reformulação de conceitos genéricos, assim como, de leis e princípios gerais, aparente independentes, porém integrado em sistema, nos trabalhos de “Geografia Sistemática”.

Portanto, região vem como entidade legítima, até mesmo, como objeto da Geografia e organismo concreto, teve pouca duração, mas, sobretudo, deixou vestígios marcantes a cerca do pensamento de totalidade, segundo as quais poderiam elaborar conceitos genéricos de região em termos de seu caráter total. Nesse sentido, a Geografia regional, teve influências da “Geografia Geral” ou “Geografia Sistemática”, pois Le Lannou reconhece que a Geografia Geral é essencial para o estudo de Geografia Regional, posição que Cholley também defende. Daí, de certa maneira a Geografia Regional, está vinculado à estrutura, às funções e aos processos de fenômenos particulares, independentes de considerações de lugar, sendo necessário conhecer certos processos de desenvolvimento de cada um dos aspectos em causa, aspectos que foram investigadas pelos cultores das Ciências Sistemáticas respectivas, em aplicações universais.

Contudo, Hartshorne observa que, considerar ou não a Geografia como uma ciência é questão que não pode ser resolvida pela amputação de importantes segmentos da disciplina como um campo do conhecimento. Pois, as integrações complexas de fenômenos / dinâmicas da Natureza ou Humana, que, variam através das áreas (região) constituem a realidade de nosso mundo. Daí, descrevê-las e, por conseguinte, analisar e explicar essas diversas integrações para um todo em região (visão em sistema), suscita problemas que são, indubitavelmente, difíceis de categorizar e, sobretudo, resolver.

Enfim, Richard Hartshorne considera nos comentários de “A Lógica da Análise Regional e Tópica em Geografia”, salientando que a Geografia Tópica, sua diferenciação de área é algo buscado, sendo temático e, já a Geografia geral, é de abordagem de algo dado, de fácil visualização para análise e categorização. Porque, Richard Hartshorne continua salientando que, existem influências recíprocas dos métodos Tópicos e Regional dentro da Geografia, pois um de seus propósitos fundamentais é sastifazer as necessidades de caráter individual das áreas, porém dentro de um contexto de interesse geral e, que, a Geografia use o método regional nos estudos Regionais e Tópicos, contribuindo com outras ciências do Campo, de maneira temática, no entanto, em “Geografia Geral” ou “Geografia Sistemática”, em oposição a “Geografia Regional” (diferenciação de áreas) que, não consiste na divisão da Geografia em duas metades e, igualmente não se trata de uma oposição entre dois métodos distintos de investigação, a serem empregados separadamente, cada um deles em determinadas pesquisas. Mas sim e, sendo necessário empregar em qualquer pesquisa geográfica, empregar dois ou mais diferentes métodos de análise em graus variados e alternativos, que são entendidos como o equilíbrio para chegar a um resultado vertical (mais universal), isto é, de segmentos de integração e análise de seções de áreas (região).