Tarde de Domingo. A lembrança que o Alzheimer não consegue apagar.

Domingo passado cruzei a Ponte Velha, que liga as vias do Alecrim a zona norte, rumo à casa de tia Juce a fim de fazer minhas unhas. Na verdade, o que menos importava eram as unhas, eu estava realmente interessada nas “novidades”.

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O dia tinha cara de domingo, a praia estava lotada e o gosto do caldo de caranguejo me fez lembrar o verão passado.

Sem meias palavras fui direto ao assunto: E aí, quais as novidades? E ela me respondeu com outra pergunta: Quer que eu comece por onde? Pronto! Iniciou ali uma conversa que durou 4 horas.

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O banho que não foi tomado, a prestação que não foi paga..., o preço dos remédios. Fiquei sabendo, entre muitas coisas úteis, que é bom criar galinhas porque elas não deixam que o mato cresça no quintal e com isso, fazem você economizar R$100,00 com a limpeza do terreno. Recordamos fatos acontecidos que jamais deverão ser esquecidos e que por isso, sempre são incluídos na lista como “novidades”. Podemos citar como exemplos: as brigas, os ciúmes e as doenças.

O fato é que esses encontros nos une em um único objetivo: Não permitir que os acontecimentos se percam na mente afetada pelo Alzheimer.

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O tempo passou rápido. A doença, descoberta em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, já fez a velha Tia esquecer o que se comentara há pouco. Mas uma coisa não conseguiu fazer: Tirar a certeza que ela tem de que, no próximo domingo, cruzarei a Ponte Velha novamente e trarei o que para ela são “novidades” e que para nós, são lembranças de um passado recente.