Violência – Maldade ou loucura?

Diante de um tema  tão complexo, devemos entender que a violência é a expressão que designa um fenômeno social de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio urbano. A violência urbana tem algumas qualidades que a diferencia de outros tipos de violência; e se desencadeia em conseqüência das condições de vida e do convívio no espaço urbano. Sua manifestação mais evidente é o alto índice de criminalidade; e a mais constante é a infração dos códigos elementares de conduta civilizada.

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O Brasil hoje vive  uma  turbulencia  em meio   da violência onde  há policiais assassinados, civis mortos por balas perdidas, sequestros, roubos, estupros, crianças mortas brutalmente, famílias indefesas, cidadãos privados dos seus direitos de liberdade; Nos últimos anos, a sociedade brasileira entrou no grupo das sociedades mais violentas do mundo. Hoje, o país tem altíssimos índices de violência urbana.

A sociedade brasileira deve  conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as ações que estimularam a violência). No entanto, as ações erradas existiram e alguém as cometeu, caso contrário não haveria violência.

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Exceto nos casos de loucura, a violência pode ser interpretada como uma tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver. A violência funciona como um último recurso que tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor. Em geral, a violência não tem um  caráter meramente destrutivo. Na realidade, tem uma motivação corretiva que tenta consertar o que o diálogo não foi capaz de solucionar. Portanto, sempre que houver violência é porque, alguma coisa, já estava anteriormente errada. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para diminuirmos, de fato, os diversos tipos de violências.

“Esmagado por conflitos que não amainam de intensidade, o homem moderno procura mecanismos escapistas, em vãs tentativas de driblar as aflições transferindo-se para os setores do êxito exterior, do aplauso e da admiração social, embora os sentimentos permaneçam agrilhoados e ferreteados pela angústia e pela insatisfação. As realizações externas podem acalmar as ansiedades do coração, momentaneamente, não, porem, erradicá-las, razão por que o triunfo externo não apazigua interiormente. Condicionado para a conquista das coisas, na concepção da meta plenificadora, o indivíduo procura soterrar os conflitos sob as preocupações contínuas, mantendo-os, no entanto, vivos e pulsantes, até quando ressumam e sobrepõem a todos os disfarces, desencadeando novos sofrimentos e perturbações devastadoras.” (Livro “O Ser Consciente” - Divaldo Franco)

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A violência urbana é grande em países em que funcionam mal os mecanismos de controle social, político e jurídico. Em países como o Brasil, de instituições frágeis, profundas desigualdades econômicas e uma tradição cultural de violência, a realidade do cotidiano das grandes cidades é violenta. São freqüentes os comportamentos criminosos graves, como assassinatos, linchamentos, assaltos, tráfico de drogas, tiroteios entre quadrilhas rivais e corrupção, além do desrespeito sistemático às normas de conduta social estabelecidas pelos códigos legais ou pelo costume.

As consequências da violência são terríveis, o crescimento do tráfico de drogas, o aumento de crimes extremamente violentos que começam por brigas familiares, de  bar  ou de trânsito. Sem falar nos roubos que aumentam ainda mais o medo e falta de liberdade dos cidadãos.

É importante articular as iniciativas já existentes de segurança pública a outras ações na área de direitos humanos. Como argumenta a socióloga Nancy Cardia, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, o Programa Nacional de Direitos Humanos é bom e pioneiro, contemplando propostas importantes como a reforma das polícias e do sistema penitenciário e a introdução de penas alternativas. "Mas sua implantação não é fácil, sobretudo porque propõe ações em diferentes instâncias.” conclui a pesquisadora, em entrevista à revista Ciência Hoje (CH, 29 (172)).

Sobre a ótica do  espiritismo muitos desses atos violentos podem ser atribuídos ás obsessões, principalmente nas violências domesticas ou  de causas passionais :

“O problema da obsessão é, cada vez, mais grave, generalizando-se numa verdadeira epidemia, que assola as multidões engalfinhadas em lutas tiranizantes. Não havendo morte, no sentido de destruição da vida, o Espírito se despe como se reveste da matéria com os valores que lhe são peculiares, resultado das próprias experiências. Amores e ódios, afinidades e antipatias não se desfazem sob o passe de mágica da desencarnação

Cada indivíduo prossegue fora do corpo, consoante viveu enquanto domiciliado na  matéria.  Em razão disso, as atrações espirituais, por simpatia quanto por animosidade, vinculam os afetos como unem os adversários no processo do continuum da vida. Os amores se sublimam no ministério do auxilio recíproco, enquanto os ódios fazem que as criaturas se conjuram nos incêndios vorazes, que são sustentados pelo combustível das paixões  interiores.”(Livro “Obsessão e Desobsessão/Suely Caldas Schubert)

A raiva por diversos motivos fica enraizada profundamente, apresentam-se na consciência sob disfarces diferentes, desde os simples complexos de inferioridade, os narcisismos, a agressividade, a culpa, a timidez, até os estados graves de alienação mental.

Todo conflito gera insegurança, que se expressa multifacetadamente, respondendo por inomináveis comportamentos nas sombras do medo e das condutas compulsivas.

“O ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar. Somente consegue essa lucidez aquele que se auto-analise, disposto a encontrar-se sem máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. apenas descobre-se.

( Livro “O Ser Consciente” - Divaldo Franco)

Sobre esse aspecto é bom lembrarmo-nos da frase de André Luiz:

“A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima.”