A ESTAGNADA SOCIEDADE BRASILEIRA
Nonato Guimarães Costa
A formação da sociedade brasileira, ao longo de sua História se deu (mediante uma concepção marxista) a partir da sujeição do povo aos interesses da classe dominante.
Em todo o perĆodo colonial, a classe social era dividida em senhores (detentores dos meios de produção) e escravos (os que nĆ£o eram donos nem de si próprio). Nesse perĆodo as eleiƧƵes estavam restritas as cĆ¢maras municipais, que agiam conforme os interesses dos senhores de cada localidade. O colĆ©gio eleitoral e, conseqüentemente o poder polĆtico eram restritos as pessoas que tinham posse.
Durante o império, após a independência, o Estado passou a se preocupar com a consciência Nacional, criando o Colégio Pedro II, o Arquivo Público e o Instituto Histórico e GeogrÔfico Brasileiro que objetivavam criar uma visão que atendiam aos interesses das classes dominantes, ou seja, enalteciam o governo imperial brasileiro.
Após a abolição da escravidĆ£o comeƧou a se formar uma classe proletĆ”ria subdividida em dois grupos: os que habitavam o mundo da rua ā āos vadiosā ā e os que ocupavam o mundo das fĆ”bricas, esses e aqueles eram imigrantes pobres, libertos ou trabalhadores rurais.
A transição entre ImpĆ©rio e RepĆŗblica foi uma fase que buscou atender os interesses dos cafeicultores paulistas e militares, contraditório aos ideais Republicanos, onde o povo deveria ser protagonista de um processo, mas, que na verdade foram meros coadjuvantes. No dizer de JosĆ© Murilo de Carvalho, a transição foi apenas assistida pelo povo de forma ābestializadaā.
Na Educação nĆ£o foi diferente, da mesma forma que durante o perĆodo imperial o Instituto Histórico e GeogrĆ”fico brasileiro serviu para enaltecer os interesses imperiais (burgueses) os livros didĆ”ticos usados nas escolas no sĆ©culo XX, serviram tambĆ©m para atender os interesses da ideologia dominante.
A classe operĆ”ria passou a ser o alvo do Estado, utilizando das disciplinas de comunicação e expressĆ£o, Educação Moral e CĆvica e Organização Social e PolĆtica brasileira como poderosĆssimos instrumentos de inculcação de classes. A visĆ£o do trabalho era a essĆŖncia da consciĆŖncia de classe.
A imagem que esses livros didÔticos passavam para os alunos era de que embora o trabalho fosse cansativo, penoso, inferior e manual, levava a sociedade ao progresso, com esse discurso, sustentado a partir de visões e representações, visavam o conformismo, a obediência e o respeito.
O ensino profissionalizante passou a ser priorizado pelo governo pondo a educação profissionalizante direcionada a qualificar o proletariado para o serviço fabril.
A imagem do trabalho injusto seria apenas o trabalho escravo, mas a partir da abolição todos ficaram iguais, não sendo mais um trabalho injusto, camuflando a realidade que foi a formação de uma grossa camada de homens livres presos a submissão a um patrão e, na pior das hipóteses, uma nova classe social que habitavam as futuras fÔbricas.
A sociedade brasileira, em seu processo histórico, nasce da escravidĆ£o versus classe senhorial, que forma, a partir do perĆodo de industrialização do território brasileiro, uma nova divisĆ£o inspirada nessa antiga luta de classe, mas agora formada por industriais (podendo ser a antiga camada senhorial) e o operariado (podendo ser os escravos libertos).