Deus me livre do altar sagrado!
Agente sempre usa uma força de expressão, isto usando o nome de Deus, para que não aconteça uma desgraça conosco.. Uns batem na madeira e acrescentam um cruz credo. Eu tenho usado a mesma expressão para com os costumes denominacionais. E entre os muitos fragmentos de religiosidade, existe um onde se diz que o altar do templo, ou púlpito onde se dirige o culto, é um lugar santo. Não tenho menor idéia de onde surgiu esta estupidez! Talvez seja algo herdado pelo catolicismo Romano, no qual a reforma protestante, em sua dieta, não conseguiu eliminar.
As maiores atrocidades e aberraçãos começam lá deste lugarzinho. É ali que nasce os super-homens e as mulheres maravilha. Sem contar que de lá brota como uma nascente a centralização do poder, do clube de reunião, chamado denominação ou igreja institucional, como queira.
Já pode presenciar muitas aberraçãoes do tipo: proibição de mulheres mestruadas no altar; pessoas que não subiram lá porque estavam de short ( causa curta ); pessoas que são proibidas de subir porque isto só pode ser feito pelo pastor consagrado( que ora e jejua até ficar magro ). Em fim, do altar nasce os sumos-sarcerdotes da graça ( pastor ), e a briga pelo poder.
No fundo, no mais intimo da maioria dos cristões da igreja, o objetivo central é poder ministrar, de cima frente ao púlpito, ser eloqüente, e arrancar aplausos , afirmando que isto é para Jesus. O clero se distinguiu da ralé, ou dos menores da igreja, lá de cima. Geralmente em uma cadeirinha acolchoada por trás do púlpito. O pastor centra o poder sacerdotal da dali, em um propósito maior de tagarela. E tome fermento! Eu já sonhei muito pregado ali. A platéia igreja toda admirada, os elogios nos bastidores dizendo: este pregador é bom! E já vi briga e até empolgações descomunais por causa disto. Certo dia deu uma louca em mim, como de sempre. Desejei me esconder entre os bancos, sentar lá no fundo e sumir. Não é que deu certo! Consegui, e é bem mais fácil do que subir no altar, ou sendo pregador ou estrela gospel. O motivo era não aparecer, e espera aparecer, e esperar o momento certo de ter uma oportunidade de brilhar e subir, subir, subir...
Sempre soube que aquele local, chamado altar, nunca foi e nunca será santo, nem muito menos santos dos santos. Mas esta verdade estava em mim, superficialmente. Se o clube de reunião ( igreja institucional) já não tem mais sentido para mim, imagine o altar!
Sagrado agora, sou eu, e a ralé ( o que não faz parte do clero) sentado no banco do templo, a igreja constituída corpo de Cristo, esta sim torna-se sagrada em nós.
Eu vou caminhando, e adotei uma filosofia que certos irmãos um dia me falaram, e tomei para mim:
“O nosso púlpito é os leitos dos hospitais, os portões das casas, as ruas lameadas da favela e a sarjetas da vida dos mendigos e desamparados.”
Resolvi definitivamente seguir isto e nunca mais querer subir, subir e subir. E nem muito menos me envolver com esta tara de crente. Resolvi dizer :
DEUS ME LIVRE DO ALTAR!
Romildo lima
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