Qual o melhor método de aprendizado?

Edson Cardoso dos Santos Filho

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RESUMO: O Artigo intitulado “Qual o melhor método de aprendizado?.” destina-se aos profissionais de educação que atuem no ensino fundamental, médio e superior. Não delimitamos uma área específica, tendo em vista que tanto a pedagogia como a andragogia necessitam de subsídios, levando em conta, sobretudo, a heterogeneidade de nossas salas de aula e principalmente, nos dias de hoje, os objetivos tão diversificados que vemos por parte dos professores e dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Métodos. Estratégias. Tecnologias. Construtivismo.

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INTRODUÇÃO

Diante da baixa proficiência de nossas escolas, em suprirem as dificuldades de nossos alunos mais carentes, no processo de aprendizado da leitura e escrita, percebemos que ao longo das décadas uma acirrada guerra de métodos pedagógicos na alfabetização vêm disputando o fértil campo econômico das mídias. É sobre esse tema que buscaremos um denominador comum. Será que há de fato um método mais apropriado que o outro?
Os métodos por si só não se confrontam, sequer existiriam, claro que são sistematizações provenientes de observações, que numa determinada época atende as necessidades políticas e econômicas vigentes.

O país fez uma opção – pela massificação do ensino, num entendimento muito particular de democratização: em vez de se criarem as condições para que, vá lá, as massas tivessem acesso ao conhecimento superior, rebaixaram-se as exigências para atingir índices robustos de escolarização (AZEVEDO, 2008, p.98)

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De fato é o que acontece com o sistema educacional de nossos dias. Oferecemos vagas nas instituições públicas de ensino, mas não oferecemos condições para que a educação de fato se realize. Acontece que de uma certa forma os nossos discentes e docentes se encontram embevecidos de uma ideia ainda pior: “Fingimos que ensinamos e eles fingem que aprendem”.

Desenvolvimento

Os métodos por si só não se confrontam, sequer existiriam; claro que são criações e sistematizações provenientes de observações humanas que, numa determinada época, tenta solucionar um problema típico em um determinado campo da ciência.

O exercício observatório de Emília Ferreiro, não é diferente do de Piaget, Paulo Freire ou de qualquer outro filósofo em seus questionamentos. A polêmica dos métodos é bastante salutar, pois provoca tensões que corolariamente levarão ao aprimoramento de supostas soluções definitivas, o que conseqüentemente nos leva a relativização dos sistemas.

Na atualidade, vemos duas perspectivas metodológicas em guerra: os métodos fônicos e os construtivistas. O primeiro, também chamado, sintético ou fonético, parte dos grafemas para os fonemas, depois as sílabas, palavras e frases. Esse método subdivide-se em modelos alfabético ou soletração, típicos métodos das cartilhas do ABC, em que se enfatizava o processo de repetição das letras e de seus sons.

O método construtivista (analítico ou global) segue o caminho oposto, parte do todo para o mínimo. Exercita-se o mecanismo de dedução do alfabetizando, buscando a praxi e a consciência lingüística, que na atualidade tem a hegemonia no estudo da língua e linguagem (O método construtivista procura entender o processo cognitivo, ou seja, como a criança em fase de alfabetização, independente das variações sociais entende o fônico para o grafêmico, em cada fase dessa etapa educativa).

Independente de métodos, há o consenso que a aquisição do código alfabético e numérico leva a alfabetização e ao seu remate, o letramento. No fundo, esses métodos buscam a mesma coisa: desenvolver práticas que denotem capacidades de identificação e compreensão dos diversos materiais escritos.

É necessário perceber, porém, que o método sozinho não fará milagres, precisa-se de estratégia (planejamento). O que? A quem? Quando? Como? Por que? e Para que? No caso da língua portuguesa, assim como a sua co-irmã, a espanhola, ou seja, as línguas neolatinas, levando, sobretudo, em consideração o caráter biunívoco entre letra e som, o método fônico favorece ao princípio alfabético, tanto da vertente grafema-fonema, quando se parte do texto escrito; como do fonema-grafema, quando o foco é o alfabetizando. Percebe-se, portanto, que nesta fase da educação, o educador necessita em seu arcabouço de conhecimentos, habilidades lingüísticas e de alfabetização que o possibilite vislumbrar o melhor método para a melhor situação planejada.

Os estudos apontam que o método fônico pode ser adequadamente introduzido a partir dos três anos de idade. Neste método, as crianças começam desde cedo, a distinguir os sons das letras (Processo cognitivo). Percebem por exemplo que em “faca” e “vaca” os fonemas são distintos em dois grafemas. Possibilita desta forma, nas camadas menos favorecidas, em que o índice de analfabetismo é maior, a intervenção do educador no sentido de conscientizar que letra e som, não são a mesma coisa. Trabalhando de forma estratégica e metódica o desenvolvimento mental da criança para a aquisição da escrita.

O método global não é tão eficiente neste contexto, pois não leva em conta a faixa etária e seu respectivo processo de aprendizado e amadurecimento cognitivo. A sobrecarga que esta técnica imprime, construção do léxico, requer uma excessiva memorização e interrelações sociais não condizentes a esta fase da vida. O que corrobora a ideia inicial da necessidade da concomitância entre método e estratégia.

Depreende-se que a escolha do método diz respeito ao publico alvo. Nota-se que a educação brasileira, embalada nos achados da psicogênese, adotou o método construtivista para o sistema educacional, principalmente, o público. Não levando em conta, portanto, a questão das diferenças sócio-interativas.

A lectoescrita, que consiste em assegurar o aprendizado escolar através da leitura, escrita e cálculo é o desafio do século XXI. Mas a questão é que a lectoescrita nada mais é que um nome novo para um desafio antigo. Na verdade, “o homem esta sempre rompendo com aquilo que considera ultrapassado e propondo algo “novo”. Esse novo, porém, muitas vezes não passa de algo ainda mais velho, só que revestido de uma linguagem diferente” (William Cereja _ Parnasianismo) Vivemos em uma época de eufemismos, em que os valores são substituídos pela praticidade e avanços tecnológicos. A guerra dos métodos não passa de um confronto de interesses, motivo este que sempre foi relevante na economia, na política e na vida social, ou seja, estamos sempre fazendo, o que pedem que façamos para atender o interesse internacional e das classes dominantes. A educação da língua portuguesa satisfaz, hoje, a velocidade dos tempos pós-modernos e não o saber.

Conclusão

Percebemos que, de forma sucinta, o educador de Língua Portuguesa necessita de qualificação e capacitação para, na atualidade, atuar sintonizado com as novas descobertas no processo de aprendizagem. Em outras palavras, devido à relação mais global em que o mundo se encontra inserido, e nele a educação como um todo, busca-se atingir um número em escala geométrica de alfabetizados, a qualquer custo; e para tanto urge uma formatação nos conhecimentos do orientador, que o possibilite trabalhar o aprendizado de forma científica, ou seja, analisando os fatos como realmente são e não como o idealizam (ideologia).

No âmbito da educação, caminho indiscutivelmente propulsor de mudanças sociais, a lingüística vem, juntamente, com todas as sua ramificações, tornar mais acessível, o que até bem pouco tempo, só poucos detinham, o saber. Porém, em relação ao melhor método a ser utilizado, devemos deixar claro, sobretudo, dentro da perspectiva dos alunos de especializações de Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa, ou correlatas, que se trata de métodos e estratégias para um público específico, crianças em fase de alfabetização, pré-escola e fundamental, o que a nosso ver destina-se mais aos profissionais pedagógicos, que não detém em seu currículo o conhecimento de Língua Portuguesa dos graduados em Letras. Pressupõe-se, e acabamos voltando para a questão ideológica, que para os profissionais que atuam na andragogia, os clientes já estejam plenamente alfabetizados e letrados, o que sabemos não ser real em nossas escolas públicas, por isso a necessidade desses conhecimentos, também, para os educadores adolescentes e adultos.

O tema explanado enfatiza, a meu ver, um ponto muito curioso que na condição de aluno é imperceptível, uma suposta guerra de métodos. Como podem métodos confrontar-se? Tenho certeza que o confronto é outro. Vivemos em um mundo tecnológico, onde a cada dia temos uma novidade eletrônica; em que o mistério deixou de ser mistério, valores sucumbiram e as ciências humanas perdem destaque, relevância, na praticidade da vida pós-moderna, para as ciências tecnológicas condizentes a práxis, mas, porém, desumanizadoras. A questão do método ou de um estratégia apropriada aos nossos tempos é uma falácia ideológica. A luta é pela manutenção de estar em relevo, ou pior, não sair de cena.

Vemos na guerra dos métodos o medo de acontecer o que ocorreu com a disciplina de Educação Moral e Cívica. Ensinar Língua Portuguesa, hoje em dia, qualquer professor que saiba ler o faz. Adota-se um método, um texto e um data show, pronto: temos aula de Português, Produção textual, contextualização, nomes diferentes para a mesma interpretação de textos, redação e aulas expositivas no quadro. O que de fato mudou foi a importância que o profissional de educação dava a sua disciplina, o apego, a dedicação e a vontade de transmitir aos seus pupilos, embora as condições de trabalho nunca foram aos melhores, mas o aluno via na seriedade e conduta do mestre a necessidade imperativa de naquele instante conduzir-se nos moldes daquele profissional. Resultado disso tudo, basta acompanhar os noticiários televisivos ou da imprensa escrita, muitos métodos, pouca seriedade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

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