APAGAMENTO, SEMIVOGALIZAÇÃO E A DITONGAÇÃO NA FALA DOS REPORTERES E APRESENTADORES

APAGAMENTO, SEMIVOGALIZAÇÃO E A DITONGAÇÃO NA FALA DOS REPORTERES E APRESENTADORES.

ANÚNCIO

Deusilene Maria do NASCIMENTO – UFPI

Weryscleya Leal Cipriano GONÇALVES – UFPI

ANÚNCIO

RESUMO: Objetivamos mostrar com esse artigo os casos do apagamento do |r|, a semivocalização do |l| e consequente de ditongação, na fala dos apresentadores e repórteres de telejornais de Teresina. Analisamos essas falas à luz da fonética articulatória, com base em Cristófaro, Silva (2005), Cagliari (1997), Callou e Leite (2001) e Beline (2007). Na tentativa de responder a seguinte pergunta: quais contextos são mais propícios a ocorrência do apagamento do |r| e a semivocalização do |l|.

PALAVRAS – CHAVES: semivocalização, ditongação, apagamento e variação.

ANÚNCIO

INTRODUÇÃO: o presente artigo objetiva mostrar os casos de apagamento do fonema |r| no final de palavras e semivocalização do fonema |l| no final de silaba e a consequente ditongação.

Para realização deste trabalho analisamos as falas dos repórteres e apresentadores de telejornais de Teresina.

As referidas falas foram transcritas foneticamente utilizando o alfabeto fonético e internacional.

Com esta análise, feita à luz de Cristófaro Silva (2005), Cagliari (1997), Callou e Leite (2001) e Beline (2007), procuraremos resolver o seguinte problema: quais contextos são mais propícios a ocorrência do apagamento do fonema |r|, da semivocalização do fonema |l| e quais as consequências desses fonemas?

Trabalhar essa temática faz-se necessário para o devido esclarecimento dos processos de variação linguística presentes nas falas dos apresentadores repórteres dos telejornais de Teresina.

No caso dos repórteres e apresentadores de telejornais de Teresina, que, por serem falantes cultos numa situação formal de comunicação se esperaria uma fala com baixo índices de variação, e, no entanto nessas falas ocorrem vários processos de variações tais como que nos propomos a apresentar neste trabalho.

REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Cagliari a Fonética e Fonologia são áreas da linguística que estudam os sons das línguas, sendo que a Fonética apresenta uma preocupação maior com a descrição dos fatos físicos que caracterizam linguisticamente os sons da fala. Já a Fonologia se preocupa em estudar a organização desses sons em sistema; por exemplo, a Fonética discuti a produção dos sons como [s], [r], [m], [a]. Entretanto a Fonologia esta voltada para o estudo das diferentes combinações dos fonemas e sua distribuição nas sílabas. Como sabemos a várias definições de fonema, mas diante de todas essas definições o importante é que elas veem como uma entidade abstrata que se manifesta através de seguimentos fonéticos. Também sabemos que o fonema se individualiza ganhando realidade pelo seu contraste como outros feixes em idênticos (ou análogos) em ambientes fonéticos.

Cada língua tem seus próprios fonemas, que são elementos fônicos dotados de funções representativas no sistema. Os fonemas não aparecem no plano da fala, é através dos sons que ele se manifesta, pois é a partir dos sons que podemos observar e apontar uma forma que determina suas diferentes realizações.

As variações linguísticas ocorrem de acordo com a região, variação – diatópica, mais isso não nos impede de nos comunicarmos e entendermos o que os outros falantes estão dizendo, numa mesma língua, no mesmo vocábulo pode ser pronunciado de formas diferentes -, seja conforme a situação (mais formal ou mais informal) onde ocorre a variação – diafásica , também podemos mencionar as variações-diastráticas, que dependem muito das características sociais do falante.

Em todos os níveis essas variações acontecem dentro da Fonética, sintaxe, morfologia e lexical.

Podemos mencionar também a variação livre que segundo Callou e Leite esse tipo de variação é decorrente de características individuais do falante, independentemente de qualquer fator condicionante. Já a variação linguística, em geral, é condicionada de forma bem visível dentro de cada grupo social, dentro de cada região e seria parti integrante da competência linguística.

“A formulação de Labov pressupõe, portanto, ser a variação inerente do sistema da língua”.

Apagamento, semivocalização e ditongação na fala dos apresentadores e dos repórteres.

O fonema |l| acontecem de varias formas dentro do português brasileiro, tal como em:

[Ø] zero fonético

[l] lateral alveolar vozeada

[Ł] lateral alveolar vozeada (velarizada)

|l|                     [w] posterior alta arredondada

[ſ] tepe alveolar vozeada

[h] fricativa glotal vozeada

Sendo que a realização em semivogal [w] constitui semivocalização.

Na fala dos repórteres e apresentadores dos telejornais de Teresina que foram analisados observa-se a ocorrência da semivocalização no final de silaba no final de palavras, tal como em “federal” [fεdε'ſaw], “geral” [βε'ſaw], “agua mineral” [agwamĩnε'ſaw]. E também podendo ocorrer em final de silaba medial como em “envolvimento” [ēў'vowvimētu], “volta em instante” [v  wtēĩs'tat∫i], “possivelmente amanha”  [posivεw'mēt∫yamã  ã].

Pois podemos observar claramente o processo de ditongação através do seguinte exemplo [si'viw], já que na sequencia que teoricamente é consoante – vogal – consoante,/sivil/, a consoante |l| se realiza como a semivogal [w]. Onde a sequencia vogal é semivogal o que constitui assim o ditongo em português.

Outro caso bastante ocorrente nessas falas é o apagamento do fonema |r| motivado pela juntura de palavras, como em: [akõte'sepſizõys], “acontecer prisões”. Substantivos terminados em |r| e em final de palavras, tais como [dupu'de] e verbos no infinitivo “do poder”, [paſεvi'ta] “para evitar”, [hεali'za] “realizar”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desse artigo podemos perceber com clareza a variação do fonema |l|, e o apagamento do fonema |r|, nos discursos dos profissionais do telejornalismo de Teresina, que onde deveria ocorrer a variante culta da língua ocorrem fatores que revelam marcas da fala cotidiana, demonstrando que nem mesmo os falantes cultos estão livres das diferentes formas de variação que são encontradas em todas as situações de comunicações dentro da sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAGLIARI, Luiz Carlos. Analise fonológica: Introdução à teoria e à pratica com especial destaque para o modelo fonêmico.  – parte I, Campinas – SP: Edição do Autor, 1997.

CALLOU, Dinah, LEITE, Yonne. Iniciação à Fonética e a Fonologia.  – 8. ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

SILVA, Thais Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de exercício. 8 ed. – São Paulo: Contexto, 2005.

SANTOS, Raquel Santana, SOUZA, Paulo Chagas de. Fonética. In: FIORIN, Jose Luiz. Introdução à lingüística II: Princípios de Análise (org). 3. ed.  São Paulo: Contexto, 2004.

BELINE, Ronald. A variação lingüística. In: FIORIN, Jose Chagas de. Introdução à lingüística I. Objetivos teóricos, 2007.