Ponho-me a escrever sobre mim
E não escrevo nada.
O vazio apossou-se de minha alma
E sempre que me busco
Não me encontro
Se amenos encontrasse feridas
Aquelas que o passado causou
Se encontrasse apenas uma noite triste
Ou um sol quebrado
Se pudesse amenos encontrar algo
De que minha esperança e desesperança
Se pudessem agarrar,
Talvez assim eu teria um eu
Uma imagem para poder descrever
Pois, nada se pode dizer
Daquilo que não é, nem talvez será
A minha existência
É tudo o que restou
E agora, tudo me parece distante
Mas nada está mais distante de mim
Do que meu próprio ser
Podeis todos vos pisar no meu não ser
Este não ser enclausurado nas armadilhas do amor
Este não ser que cansou-se de ser
Mas agora, tentando ser
Vê-se aprisionado no caos
E ao seu lado, átomos faltando-lhe com respeito
Mas enfim,
Continuarei procurando por mim mesmo
Quem sabe algum dia eu me encontre!
Pois, se as coisas vieram do nada
É porque o nada é também alguma coisa.
Fidel Jaime Jorge