Língua, Fala e Enunciação

Língua, Fala e Enunciação

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BAKTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 6ª Ed. São Paulo: HUCITE, 1992, p. 90 – 109.

“Nenhum dos representantes do objetivismo abstrato confere ao sistema lingüístico um caráter de realidade material eterna. Esse sistema exprimi-se, efetivamente, em coisas materiais”. p. 90

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“Se fizermos abstração da consciência individual subjetiva e lançarmos sobre a língua um olhar individual objetivo, não encontraremos nenhum indício de um sistema de normas imutáveis. Pelo contrário, depararemos com a evolução ininterrupta das normas da língua. Num dado momento do tempo para o observador que enfoca a língua de cima. O lapso de tempo em seus limites é possível construir um sistema sincrônico não passa de ficção”.

“O sistema sincrônico não corresponde a nenhum momento efetivo do processo de evolução da língua. É, na verdade, para o historiador da língua que adota um ponto de vista diacrônico”. p. 91

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“Todo sistema de normas sociais encontra-se numa posição análoga. Somente existe relacionado à consciência subjetiva dos indivíduos que participaram da coletividade regida por essas normas”.

“Qual a posição dos partidários do objetivismo abstrato com relação a esse ponto? Afirmam eles que, a língua é um sistema de normas objetivas e incontestáveis. A maioria dos partidários do objetivismo abstrato tende a afirmar a realidade e a objetividade imediatas da língua como sistema de formas normativas”. p. 92

“O sistema lingüístico é o produto de uma reflexão sobre a língua, reflexão que não procede da consciência do locutor nativo e que não serve aos propósitos imediatos da comunicação”.

“O essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma utilizada, mas compreendê-la num contexto concreto preciso, compreender sua significação numa enunciação particular. Em suma, trata-se de perceber seu caráter de novidade e não somente sua conformidade à norma. Em outros termos, o receptor, pertencente a mesma comunidade lingüística, também considera a forma lingüística utilizada como signo varialvel e flexível e não como um sinal mutável e sempre idêntico a si mesmo”. p. 93

“Enquanto uma forma lingüística for apenas um sinal e for percebida pelo receptor como tal, não terá para ele nenhum valor lingüístico. A pura sinceridade não existe, mesmo ali, a forma é orientada pelo contexto, já constitui um signo, embora o componente de “sinalidade” e de identificação que lhe é correlata sela real”. p. 94

“A assimilação ideal de uma língua dá-se quando o sinal é completamente absorvido pelo signo e o reconhecimento pela compreensão”.

“A significação normativa lingüística da forma linguistica só se deixa perceber nos momentos de conflito raríssimos e não característicos do uso da língua”. p. 95

“A consciência lingüística dos sujeitos falantes não tem o que fazer com a forma lingüística enquanto tal, nem com a própria língua como tal”.

“Na realidade não são palavras o que pronunciamos oi escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais. A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentindo ideológico ou vivencial”.

“A língua, no seu uso prático, é inseparável de seu conteúdo ideológico ou relativo a vida. A separação da língua do seu conteúdo ideológico constitui um dos erros mais grosseiros do objetivismo abstrato”. p. 96

“Podemos dizer que a lingüística surgiu quando e onde surgiram exigências filológicas”. p. 97