por Leandro Ribeiro
‘O Nome da Rosa’ pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação – a semiótica.
Para que tenhamos um entendimento não tão empírico, é necessário que saibamos um pouco da própria História do mundo e resgatemos alguns conceitos culturais e/ou sociais de um período em que, o saber técnico-científico do mundo europeu era, durante a Idade Médio, extremamente restrito.
Em linhas pouco abrangentes, porém esclarecedoras, o Renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antiguidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja e que, séculos mais tarde culminou na conjectura psicológica do homem barroco.
No filme, temos essas características envoltas à personagem de Sean Conery, o monge franciscano, que, por um lado, remete-nos ao estilo de investigação semiótica verbal e visual de Sherlock Holmes e, por outro, representa notoriamente um intelectual renascentista figurado em uma postura humanista e racional capaz de desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.
Também podemos nos valer da expressão que intitula o filme e, muito usada na Idade Média para significar o infinito poder da palavra. Podemos, então, concluir que, o poder do mundo tinha sede na Igreja, mas ele se exercia através do saber, isto é, do controle da biblioteca; logo, a ‘rosa de então’, foco principal da história e do enredo da trama, é a biblioteca.
Simbolicamente, o autor situa o cemitério entre a igreja e a biblioteca. Entre a religião e o saber, estava a morte.
Em linhas gerais, ‘O Nome da Rosa’ representa o mundo na Igreja e na sua biblioteca e, pretende descrever, com a ajuda de parábolas, a História, através dos conhecimentos que nela se desenrolam. Nesse mundo sinuoso, desenvolve-se uma história labiríntica, cujo significado as Filosofias da História procuram esclarecer.
Na tentativa de estabelecer paralelos entre o poder medieval e o poder contemporâneo, concluímos com a ideia de várias formas de dominação: econômica, política, social, etc. Essa diferença é determinada pelo fato de se ter ou não conhecimento e convencionou-se que, em liderança política, é indispensável nível superior.
Assim, no topo da pirâmide social encontramos o conhecimento como fator diferencial e isso tudo já era visado pela Igreja a fim de tornar-se a instituição mais rica do mundo. Logo, percebemos que o dinheiro sempre esteve subjacente ao conhecimento.
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