Meu é o Ouro e a Prata

Enfim, estamos a viver o progresso, em plena era digital: a banda larga, o telefone celular, a TV digital, e a informação nos alcançando em tempo real. A tecnologia encurta distâncias, enquanto o satélite fornece dados precisos e a ciência desvenda os mistérios da crendice popular.

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Já não sobrevivem mais histórias como a da mula sem cabeça, do saci-pererê, dos redemoinhos de vento atribuídos ao Diabo ou do trovão e relâmpagos, antes vistos como a voz de Deus.

O Declínio da Crendice Popular

Aos poucos, a crendice popular perdeu força, e a Igreja foi deixando de coagir os fiéis. Os fenômenos da natureza foram se desmistificando, levando os movimentos religiosos a mudarem seu foco. Agora, o objetivo não é mais incutir o medo do fogo do inferno, mas sim o medo da pobreza.

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Surge a Teologia da Prosperidade, onde os líderes religiosos direcionam seus esforços às necessidades de consumo de seus seguidores. Criam fórmulas mirabolantes para alcançar seus objetivos, enquanto enfatizam em sermões que a pobreza não tem relação com o Reino de Deus.

O Apelo à Prosperidade

Na busca pelo enriquecimento fácil, tudo vale. Os fiéis são incentivados a frequentar cultos diários, de manhã, tarde e noite, e a serem ofertantes fiéis. O povo é orientado a fazer votos, que invariavelmente são monetários.

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Insta-se o povo a desafiar o Todo-Poderoso através do voto, que na prática se transforma em um escambo: “Olha, Deus, vou te dar cem reais, e o Senhor me manda mil reais para eu pagar minhas dívidas.” Promessas como essas se tornam comuns.

A Ilusão da Riqueza

Na busca desenfreada pela prosperidade, distribuem-se chaves imaginárias de carros e casas, sem que tais bens se materializem. O tempo passa, a mudança não chega, e o povo continua andando de ônibus lotado e pagando aluguéis que pesam no orçamento.

Quando alguém ousa questionar por que a prosperidade não foi alcançada, o fracasso é atribuído à falta de fé. Assim, o povo crédulo se torna uma grande massa de manobra nas mãos de alguns, cujos objetivos estão longe de ser santos ou puros.

A Exploração da Fé

Explorando as necessidades e dificuldades de um povo sofrido, algumas instituições religiosas se revelam verdadeiras armadilhas. Sugam o pouco que lhes resta, prometendo mundos e fundos, mas deixando apenas vazio e desilusão. Pobres entram, e muitos saem ainda mais miseráveis, dilacerados pelo engano.

A grande massa de desiludidos, sem ter a quem recorrer ou como buscar justiça, convive com a impotência. Este sentimento cresce ao ver notícias de líderes religiosos adquirindo jatos executivos por milhões de dólares ou ostentando mansões que custaram fortunas.

O Enriquecimento às Custas da Fé

Enquanto a maioria luta com lágrimas e sonhos frustrados, poucos enriquecem. O luxo dos líderes religiosos contrasta com a miséria de seus seguidores, evidenciando que o progresso alcançou apenas alguns, às custas da fé de muitos.

Matéria de responsabilidade de:

Mauricio Cleudir Sampaio.

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