A produção intelectual da geografia brasileira na atualidade está marcada por diferenças, portanto trata-se de aprofundá-las. E aprofundá-las significa compreender também que a ciência e a tecnologia tornaram-se forças produtivas. Deixaram de ser mero suporte do capital para se converter em agentes de sua acumulação.
Geografia Escolar e Realidade Educacional
Como descreve PONTUSCHKA, P.111: A disciplina escolar de geografia está no jogo dialético entre a realidade da sala de aula e da escola, entre as transformações históricas da produção geográfica na academia e as várias ações governamentais representadas hoje pelos guias, propostas curriculares, parâmetros curriculares nacionais de geografia: avaliações impostas aos professores, sem mudanças radicais na estrutura da escola e na organização pedagógica global e pelo embate acirrado entre escola pública e privado.
Existem variadas ações e orientação das políticas publica e órgãos centrais da Educação, e a pergunta que se faz no presente momento: Que caminhos o educador e a instituição escolar podem trilhar para que os educandos dos diferentes níveis de ensino percebam e compreendam o espaço geográfico e amplie sua visão de mundo, apreenda o valor do seu papal na sociedade contemporânea, com uma economia mundializada e globalizada? Como a globalização interfere no espaço de vida do professor e do aluno? Como o espaço geográfico se interelaciona á escala local e o espaço vivenciado?. Essas e muitas outras perguntas estão sendo questionadas, respostas trará um avanço muito grande no ensino da geografia.
As instituições e órgãos , ao lado dos educadores numa análise critica devem busca respostas para essa perguntas. Essa união tem que ser realizada, mesmo considerando as dificuldades de interação entre essas instituições, com ideologia e objetivos diferentes.
“O documento introdutório dos PCNs. Coloca que a educação escolar deve promover a participação e a autonomia, o que não é experimentado pelo próprio professor em seu processo de formação (inicial ou em serviço). Ora, para que possa ajudar os alunos a desenvolverem a criatividade, a receptividade á inovação, a autonomia de pensamento, o professor requer, no mínimo, que ele mesmo tenha o domínio dessas habilidades em seu exercício profissional.”
CARLOS, P.1999.
O Papel da Universidade e da Escola
É fácil perceber os diferentes caminhos que se seguem, a universidade tem como principal objetivo, no caso de geografia, de forma profissional, professores ou geógrafos direcionados para o ensino, e a principal preocupação são formar profissionais que deverão compreender a complexidade existente, sem prepará-los para enfrentar outras transformações que virão. A escola fábrica, do século passado, continua existindo e não se dá conta da formação desses jovens.
Precisa nesse momento pensar um ensino que forme o aluno do ponto de vista reflexivo, flexível, criativo e crítico, não como uma formação para ingressar tão somente no mercado de trabalho, mas prepará-lo para enfrentar as transformações. As Instituições Educacionais, privadas ou públicas, precisa desempenha funções na formação dos educandos partindo de conhecer os alunos, as representações sociais e os saberes que trazem através de pesquisa conjunta, é essa a primeira tarefa do professor de qualquer disciplina.
O professor de Geografia deve encaminhar um trabalho pedagógico que de liberdade ao aluno de assumir sua posição frente aos problemas que enfrentará no âmbito da família, do trabalho, da escola e de qualquer instituição da qual participe ou que poderá vir a participar, consciente de suas responsabilidades e de seus direitos sociais.
Uma das principais condições do professor de Geografia desempenhe bem o seu papel e dominar o conhecimento geográfico a ser ensinado. Porém, o modelo que definia apenas a competência do professor pelo saber acadêmico está ultrapassado, carência de novas competências para desenvolver bem a sua prática pedagógica.
O trabalho do professor do ensino fundamental e médio é complexo, pois, Além de realizar a leitura do espaço geográfico, ou dos espaços geográficos, precisa fazer da realidade específica de seus alunos e daquilo que eles conhecem sobre o espaço geográfico; compreender de onde se originaram seus conhecimentos e suas representações, fruto da vivencia, do senso comum. Que conhecimentos podem se traduz em “não - conhecer” ou falso conhecimento.Só então o professor estará apto a propor problemas desafiadores de caráter geográfico para a ânsia de desconhecimento que a criança e o adolescente possuem mas que, muitas vezes, não têm a oportunidade de externar na escola, em decorrência dos métodos passivos utilizados pelo docente.
PONTUSCHKA, P.132.
Torna-se inevitável discutir os conteúdos geográficos que estão sendo ensinados e os métodos utilizados questionando se o saber transmitidos está realmente a serviço do educando. O domínio do método e das técnicas mais empregadas é condição essencial para que o aluno possa construir o conhecimento geográfico. O professor de geografia deve conduzir um aprendizado a partir do cotidiano do aluno, este por sua vez utilizando os métodos de análise do espaço geográfico conhecido (os) deve construir seus conhecimentos.
O professor precisa dominar os documentos diversificados que sustentaram a constituição do saber geográfico e lhe deram validade científica: desde as pesquisas empíricas, os inventários, os vídeos e sua divulgação pelos geógrafos responsáveis pela história da ciência geográfica, até o instrumental utilizado na produção desse conhecimento, desde os mais convencionais, como o mapa, as cartas geográfica, o gráfico e a tabela, até os mais recentes, como os levantamentos dos espaços territoriais feitos por sensoriamento remoto e os recursos oferecidos pela informática, que já começam a se expandir como auxiliares da pesquisa geográfica.
PONTUSCHKA. p.134.
O professor de geografia necessita realizar a leitura analítica do espaço geográfico para chegar á síntese, instigar situações no ato do processo educativo para favorecer as condições idéias ao entendimento da geografia como ciência que pesquisa o espaço construído pelos homens nos diferentes momentos da história.
Ensinar e pesquisa requer do educador uma visão que ultrapasse a da prática pedagógica como simples transmissão de conhecimento e que ele tenha a consciência de que ele com investigação sobre o conhecimento já adquiridos pelos educandos ,que ele além de dominar os conteúdo, o professor, pode e deve procurar metodologias que leve a um aprendizado construtivo e crítico para realização das propostas do ensino-aprendizado.
“Assim, além de dominar conteúdos, é importante que o professor desenvolva a capacidade de utilizá-los como instrumentos para desvendar e compreender a realidade do mundo, dando sentido sentido e significado á aprendizagem. Á medida que os conteúdos deixam de ser fins em si mesmos e passam a ser meios para a interação com a realidade, fornecem ao aluno os instrumentos para que possa construir uma visão articulada, organizada e crítica do mundo.”
(PONTUSCHKA, 2007, P.97)
A Geografia não deve ser ensinada, na atualidade, de forma isolada, e sim dentro de uma visão interdisciplinar. A busca do saber interdisciplinar tem decorrido da necessidade de fazer uma leitura partilhada das condições e explicar – ou até construir – um sentido para a existência humana no tempo e no espaço. Hoje em dia evoluímos cada vez mais para os estudos integrados, baseados no estruturalismo e na teoria geral dos sistemas, valorizando-se, portanto a prática da interdisciplinaridade, como afirmar CARLO, 2001, p. 11.
A interdisciplinar e base de discussão para pesquisadores e educadores, admitem complexidade do mundo pós industrial e o progresso de globalização que afeta o mundo inteiro, estão consciente que os saberes não podem ser divididos ou separados, exigindo uma maior integração.
Além das se faz saber que a interdisciplinaridade por si só, não resolve todos os problemas, exigindo uma pesquisa mais reflexiva e de uma interelação entre pessoas, grupos e profissionais envoltos em projetos que pretende ser interdisciplinar. A interdisciplinaridade pode criar novos saberes e favorecer uma aproximação maior a realidade social mediante leituras diversificadas do espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade para o Brasil e para o mundo. Pontuschka, 2007, p. 145.
Interdisciplinaridade
Por fim á busca da interdisciplinaridade, exige uma tomada de posição por parte do professor de geografia em relação as demais disciplinas, o que concede uma idéia mais clara das noções e conceitos básicos sobre o espaço geográfico. A escola deve trabalha com a interação utilizando temas e metodologias buscando um raciocínio sobre o espaço geográfico em interação com português, história, filosofia etc. O que possibilitara um melhor entendimento da própria disciplina.
O professor de Geografia como profissional tem que dar conta de entender e interpretar a realidade, fazendo a análise do espaço enquanto um resultado do trabalho do homem. Reconhecer que os problemas do território são questões sociais que precisam ser compreendidas.
A grande interatividade dos fenômenos sociais e naturais do mundo atual transpõe o âmbito de análise e interpretação das áreas de conhecimento, necessitando mais dos especialistas e educadores, processos interdisciplinares de investigação e produção do conhecimento.
O ensino da Geografia precisa mostra a realidade no contexto da era globalizada, levando em conta não só a relação econômica como já aconteceu no passado, mas se trabalhar desde lugar como construção histórica resultante da evolução “técnicas e da política”, pela qual passa o mundo. O ensino não pode determinar um conhecimento geográfico que se mostre estático e acabado, tendo em vista que o espaço geográfico está em constante processo de transformações.
Autonomia e Planejamento Docente
Necessitam os professores de um pouco de autonomia para planejar e aplicar seu conhecimento e sua técnica no ensino-aprendizagem.
O ensino da Geografia está inserido no sistema educacional que, por sua vez, precisa ser trabalhado como um sistema complexo, trazendo uma historicidade particular e fazendo parte de uma cultura escolar cristalizada e enraizada.
É essencial a presença dos educadores de geografia na discussão da concepção presente no currículo. O importante papel de estimular, organizar e sistematizar o debate cabe aos educadores da área que diante das atuais necessidades que se encontra a o ensino-aprendizagem, irão buscar estratégias de intervenção na definição das políticas públicas. Cabe a eles informar a existência de diversas maneiras de pensar, fazer e ensinar Geografia. É preciso ouvir os professores, deixando que eles participem dos debates, e dêem suas contribuições para uma melhor educação.
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