CONSELHO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE
CBP ( I.N.N.G.)
A PSICANÁLISE NÃO É PROPRIEDADE PARTICULAR DE NINGUEM
A psicanálise não é, como muita gente pensa, privilégio da medicina. Freud tem repetido várias vezes, que um médico pode ser tão, ignorante em psicanálise, quanto um leigo em matéria de medicina. Isto quer, dizer que não é preciso ser médico nem psicólogo para conhecer e até mesmo praticar à psicanálise. Esta só depende de cultura, de ilustração e, sobretudo, dê um grande poder intuitivo. Mas, como a psicanálise não é ainda ciência oficial, além de ser por demais combatida, sem ser devidamente conhecida, é tida e havida como um processo altamente perigoso nas mãos de quem a pratica, sem estar devidamente preparado para exercê-la. Há, evidentemente, uma verdade nesta asserção, mas é necessário não esquecer que o perigo atinge igualmente os médicos e psicólogos, quando dela fazem uso, sem conhecimento de causa. A psicanálise não é propriamente um ramo da medicina muito menos da psicologia. É, pois, “ciência de "psicanalistas" e por estes deve ser empregada. Psicanálise é assim, ao mesmo tempo, um método e uma filosofia. No primeiro caso, procura libertar recalques. No segundo, investiga a origem das coisas, na sua fonte essencial. Contudo, a doutrina de Freud, ainda tão mal compreendida no Brasil, não goza da liberdade profissional da, sua aplicação, a não ser por médicos e psicólogos, em virtude de não haver institutos ou cursos livres, destinados (ao seu ensinamento, reconhecidos pelas autoridades governamentais). Até lá, havemos de lutar pela sua divulgação, como o temos feito até aqui.
Este livro, propondo-se a ensinar a prática da análise, não pode deixar de se ressentir de inúmeras "soluções de continuidade", pois não é possível estabelecer regras fixas, ou didáticas, num processo que abrange um determinismo, só conhecido em cada caso. Contudo, com a exposição das bases essenciais, para a aplicação do método terapêutico e com a apresentação dos motivos que levam os indivíduos à neurose, pensamos haver iluminado o caminho, capaz de levar ao fim a que nos propomos. Não se pode ensinar ninguém a ser pintor, escultor, ou ator se não existirem, no indivíduo, qualidades inatas de verdadeiro artista. Grafamos aqui como que música para ser interpretada. Mas a música, na pauta, é morta. Torna-se, depois, bela nas mãos de um "virtuose", ou detestável naqueles que não tem pendores para interpretá-la. Tudo depende de quem a estuda, com paciência e gosto. Assim a prática analítica. Ela pede muita penetração e uma grande habilidade para tocar, sem ferir, a trama dos sentimentos humanos. Requer "tato", "persistência", visão interior. É nosso intento completar este volume com outro, no qual reservaremos a apresentação de algumas "histórias ilustrativas", ao qual daremos o nome de "Confidencias psicanalíticas", para maior clareza é da rota « ser conquistada, embora o presente trabalho não dependa deste ultimo. Será "Confidencias Psicanalíticas" mais um roteiro para os que se iniciam na difícil arte das interpretações anímicas. Tudo isto, certamente, dependerá da boa acolhida deste livro. Esperemos.